O ex-secretário da Receita Federal Marcos Cintra enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação afirmando que prestou depoimento à Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (23) e esclareceu que foi “vítima de uma publicação incompleta, que o induziu ao erro”.
No início de novembro, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a PF ouvisse Cintra sobre o questionamento feito no Twitter pelo o ex-secretário da Receita Federal a respeito da apuração das eleições de 2022.
A decisão de Moraes se deu no âmbito do inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas. Na ocasião, o ministro, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proibiu Cintra de publicar, promover, replicar e compartilhar ataques e notícias falsas sobre o processo eleitoral brasileiro, sob pena de multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento.
Em depoimento, no qual a CNN teve acesso, Cintra disse que obteve a informação em mídia digital de que algumas urnas registraram 100% dos votos para o candidato Luiz Inácio Lula da Silva e zero para o candidato Jair Bolsonaro e que, diante disso, entrou em links que direcionavam para o site do TSE. De acordo com Cintra, por falta de conhecimento, não teve como procurar tais informações no site do TSE.
O ex-secretário da Receita Federal solicitou ainda ao STF que sua rede social seja desbloqueada.
De acordo com o depoimento prestado à PF, ao ser questionado se tem conhecimento técnico dos mecanismos de segurança utilizados no processo eleitoral (urnas eletrônicas), respondeu negativamente e disse que apenas tem conhecimento dos fatos que saem na mídia.
Cintra também respondeu negativamente quando foi perguntado se possui elementos concretos que indicariam a existência de fraude no sistema eletrônico de votação.
Em manifestação enviada ao STF, a defesa afirmou que Cintra jamais atentaria contra o TSE, nunca atacaria as instituições e o Estado Democrático de Direito.
Cintra disse que a publicação no Twitter contra o sistema eleitoral foi uma “sincera dúvida”, que demandou explicações ao TSE para resguardar o próprio sistema eleitoral e que respeita profundamente os ministros do STF e do TSE, jamais tendo tido a intenção de ofender a quem quer que seja e que a publicação foi mal interpretada.
“Na questionada publicação, feita ainda sob as naturais emoções que envolveram o disputadíssimo pleito eleitoral, afirmei: Acredito na legitimidade das instituições”.
Ele disse ainda que já fez críticas ao atual presidente Jair Bolsonaro e que é oposição. Além disso, se defendeu dizendo que é professor, pessoa de “ilibada reputação” e que prestou, “por toda a vida, serviços à Democracia brasileira. assumindo cargos públicos com “impecável lisura.”
Fonte: CNN Brasil