O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta sexta-feira (16), que a Venezuela vive em um “regime muito desagradável”, mas não o classifica como uma ditadura.
“Eu acho que a Venezuela vive um regime muito desagradável. Eu não acho que é uma ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas ditaduras pelo mundo”, declarou o petista em entrevista à Rádio Gaúcha, em Porto Alegre (RS).
O petista voltou a discordar da nota de seu partido em que reconhecia a vitória do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido de Venezuela, esquerda) na eleição no país, considerada fraudulenta pela oposição.
“Eu não concordo com a nota, eu não penso igual a nota. Mas eu não sou da direção do PT. O problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela”, declarou o petista, em entrevista à Rádio Gaúcha, em Porto Alegre (RS).
O PT reconheceu, na noite de 29 de julho, a vitória de Maduro. “É importante que o presidente, Nicolás Maduro, agora reeleito, continue o diálogo com a oposição, no sentido de superar os graves problemas da Venezuela, em grande medida danos por sanções ilegais”, diz a nota do partido do presidente Lula.
O presidente tornou a insistir na apresentação das atas para reconhecer o resultado das eleições. “A oposição tem que mostrar as atas para mostrar o resultado. Eles dizem que tiveram 60% dos votos, então mostrem. Maduro diz que teve 61%, então mostre. Eu só posso reconhecer se foi democrático se eles botarem a prova que houve uma eleição e que fulano teve tantos votos”, declarou.
O presidente afirmou também que seu assessor Celso Amorim quase foi impedido de acompanhar as eleições na Venezuela pelo governo de Maduro. Segundo ele, o Brasil afirmou que divulgaria o movimento para a imprensa e, então, Amorim foi liberado.
Lula ponderou, entretanto, que países “chamados democráticos”, como os que fazem parte da União Europeia e os Estados Unidos, não agiram corretamente com a Venezuela.
“Eles elegeram um tal de Guaidó para ser presidente da Venezuela. Só para você ter ideia da dimensão do absurdo, a reserva de ouro que Venezuela tinha na Inglaterra de 31 toneladas de ouro foi dada sob a guarda desse Gauidó. Ele não era presidente da República. Então, eu acho que houve uma precipitação na punição e no julgamento das coisas”, declarou.
Juan Guaidó tornou-se mundialmente conhecido quando, em 2019, então presidente da Assembleia Nacional, se autoproclamou presidente interino na Venezuela, contestando a legitimidade do governo de Maduro. Na época, os EUA e a UE reconheceram Guaidó como líder do país.
No entanto, ele não conseguiu ter controle efetivo da Venezuela e, em 2023, foi a Miami (EUA), de onde cumpre exílio e apoia o atual líder opositor de Maduro, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita).
Fonte: Poder360