Entrevista Especial
Por Cláudia Lemos
A entrevistada da semana é a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, que está em seu primeiro mandato no Executivo. Caminhando para nove meses de gestão, Emília faz uma avaliação bastante positiva do balanço desses meses. Quem conhece a prefeita sabe que ela é uma mulher que vive no modo acelerado e não está diferente no comando municipal. Sem perder tempo e sem dar ouvido às críticas da oposição, ela já começou realizando grandes mudanças. Enquanto organizava a gestão e tomava ciência da real situação da Prefeitura, ela resolveu a questão da coleta de lixo – que chegou a ser suspensa por conta de uma dívida da gestão anterior e o fim do contrato -, implementou grandes transformações no serviço de transporte público, segurança pública e na área da saúde, criou as secretarias da Mulher e da Pessoa com Deficiência, entre outros. Emília diz que a inovação é a palavra-chave que guia sua gestão em Aracaju. “Acreditamos que uma cidade moderna e eficiente se constrói com a busca constante por soluções que facilitem a vida do cidadão e melhorem os serviços públicos”. Sobre o relacionamento com vice-prefeito Ricardo Marques, ela diz que ambos seguirão firmes no proposito de trabalhar e fazer o bem por Aracaju. “Tudo o que surgir fora disso é mera especulação”, sentencia. Nesta entrevista Emília também fala de sua relação com a Câmara de Vereadores, com os governos Federal e Estadual, fala sobre a compra dos ônibus elétricos, a licitação do transporte público, a modernização da Guarda Municipal com o reforço do monitoramento, inclusive eletrônico, entre outros temas. Confira a seguir:
Correio de Sergipe – Que balanço a senhora faz destes oito meses de gestão?
Prefeita Emília Corrêa- Administrar uma capital com tantos problemas e desafios não é uma tarefa fácil, mas foi para isso que a população de Aracaju me elegeu, confiando em nosso nome e na nossa capacidade de gestão. Portanto, vejo o balanço como positivo, pois avançamos em muitas áreas e, naquelas mais críticas, estamos planejando ações de médio e longo prazo, especialmente com políticas humanizadas e mais próximas das pessoas. Sei também que há um grande interesse de alguns para que este projeto não dê certo, mesmo que isso penalize a população, mas a cada obstáculo que eles colocam, sinto-me mais fortalecida para vencer todos eles e trabalhar com mais dedicação e coragem em benefício de cada aracajuano e aracajuana.
CS – A senhora já vê Aracaju com a cara desta nova gestão?
Emília – Sim. A partir do momento em que abrimos mais espaços para as mulheres, para as pessoas com deficiência, com a reativação da participação popular e com a gestão chegando aos bairros por meio do ‘Tamo Junto’, tudo isso mostra uma cidade mais acolhedora, a partir de uma gestão com esse novo olhar.
CS – A senhora já iniciou a sua gestão em modo acelerado, implementando mudanças em áreas sensíveis como limpeza urbana, transporte coletivo e Saúde. O que podemos esperar nos próximos meses?
Emília – Muita coisa boa. Sabemos que, no setor público, nem sempre o querer é poder fazer de imediato. Enfrentamos muitas burocracias, mas com planejamento, entregaremos em breve novas realizações que farão a diferença na nossa capital. Transporte e saúde continuam sendo prioridade, e as primeiras ações revelam nossa preocupação com essas duas áreas, que ainda passarão por melhorias consideráveis. Mas isso sem deixar de lado a infraestrutura urbana, a educação, a juventude, a geração de empregos e todos os desafios para que Aracaju esteja preparada para o futuro.
CS – A senhora implementou uma reforma administrativa, que envolveu a criação de pastas para mulheres, pessoas com deficiência, cultura e a transformação da articulação política. Qual a importância destas mudanças?
Emília – As secretarias da mulher e da pessoa com deficiência mostram, na prática, que somos uma gestão acolhedora e atenta às necessidades não só de Aracaju, mas do Brasil como um todo. Precisamos de mais espaços e poder de decisão para as mulheres na gestão pública, e isso só acontece quando criamos esses espaços, como é o caso da secretaria.
CS – Entre os pontos mais sensíveis que a senhora tem lidado, certamente está a licitação do transporte público. A senhora, por meio do Consórcio do Transporte Metropolitano da Grande Aracaju, decidiu pela suspensão da licitação encabeçada pela gestão anterior e agora é esperado que seja feita uma nova licitação. Como está essa questão?
Emília – O estudo para o novo edital está bem adiantado. Desde o início da nossa gestão, e até mesmo enquanto vereadora, deixei claro meu posicionamento a respeito da licitação promovida no ano passado, com sérios prejuízos para os usuários. Continuarei cautelosa e responsável com todo o processo para que, ao final, tenhamos um contrato justo, com uma tarifa também justa e um transporte eficiente para a população. É isso que queremos.
CS Sobre a compra de ônibus elétricos, o que a senhora levou em consideração para optar pelo veículo elétrico?
Emília – Sustentabilidade ambiental, modernização e conforto para o cidadão. Mas antes de decidir pela compra, trouxemos modelos de ônibus elétrico para circular em Aracaju, e a população aprovou. A partir dessa aprovação, tomamos a decisão pela compra desses veículos com recursos próprios. É verdade que estamos com o processo suspenso por determinação do TCE, mas estamos tratando tudo com o devido respeito e buscando a solução mais rápida possível.
CS – Resumidamente, quais ações têm sido executadas na pasta da Saúde para uma melhor oferta de atendimento à população?
Emília – Vale lembrar que recebemos uma rede municipal sucateada e que exclui cerca de 220 mil aracajuanos da atenção primária. Estamos construindo três unidades básicas de saúde e outras cinco serão anunciadas em breve. Ampliamos os exames laboratoriais de 200 mil para 400 mil por mês. Nossa vacinação ultrapassou a média nacional e está 20% maior que no mesmo período do ano passado. Com a nova Unidade Pediátrica no Hospital Fernando Franco, incluindo o treinamento da equipe e a presença de fisioterapia pediátrica, resultamos na redução de óbito infantil durante a sazonalidade, algo inédito nos últimos anos. Através de emendas parlamentares, retomamos exames e cirurgias no Hospital Santa Isabel. Lançamos recentemente programas estratégicos, como o ‘Novo Olhar’, incluindo o cadastramento de clínicas particulares e a estrutura da ‘Cidade da Oftalmologia’ instalada no Parque Shopping. O ‘SIM – Saúde Integrada da Mulher’, lançado em parceria com o IGC, no Hospital Nestor Piva. Enfim, são diversas ações já realizadas e outras que serão apresentadas em breve que, aos poucos, mudarão o estado de abandono em que a saúde se encontrava.
CS – Falando em Educação, uma das grandes reclamações era a oferta de vagas em creche. Já foi possível realizar algo para melhorar a qualidade do ensino e, em especial, suprir o déficit de vagas em creches?
Emília – A criação de novas vagas na Educação Infantil, especialmente nas creches, é uma prioridade da atual gestão. Desde o início do ano, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria da Educação, trabalha para garantir não apenas novas obras como também a ampliação de vagas em escolas já existentes. Aracaju será contemplada com duas creches em parceria com o Governo Federal e Estadual pelo Programa Ameei que está sendo implementado em regime de colaboração com os municípios sergipanos. Com recursos próprios para obras e ampliações, haverá também um aumento significativo na quantidade de vagas para a Educação Infantil podendo chegar à oferta total de quase 2.500 vagas. O objetivo é realizar o atendimento nos mais diversos bairros, da zona norte ao centro da cidade.
CS – Recentemente foi colocado em prática um projeto voltado à área da segurança pública, com reforço do monitoramento eletrônico, em auxílio ao trabalho que vem sendo executado pela Guarda Municipal. A senhora pode resumir o alcance e objetivo da gestão na área da segurança?
Emília – Nossa gestão entende que a segurança pública é um pilar fundamental para o desenvolvimento e a qualidade de vida em Aracaju. A segurança não se resume apenas a uma questão de polícia; ela é um direito básico que permite ao cidadão viver, trabalhar e circular pela cidade com tranquilidade. O projeto de monitoramento eletrônico, que lançamos recentemente, representa um passo importante nesse sentido. Ele não é uma ação isolada, mas sim uma ferramenta estratégica que integra e fortalece o trabalho diário da nossa Guarda Municipal. O objetivo principal é ampliar a nossa capacidade de prevenção e resposta rápida a incidentes. Nosso objetivo é construir uma cidade onde a segurança seja uma realidade para todos, combinando tecnologia, inteligência e ação direta.
CS – Junto ao monitoramento eletrônico, os ônibus modernos e a oferta dos patinetes e bicicletas elétricas, que receberam muita aceitação, que outras novidades a gestão da prefeita Emília Corrêa pretende trazer para Aracaju?
Emília – A inovação é a palavra-chave que guia nossa gestão em Aracaju. Acreditamos que uma cidade moderna e eficiente se constrói com a busca constante por soluções que facilitem a vida do cidadão e melhorem os serviços públicos. Os projetos de monitoramento eletrônico na segurança, a modernização da frota de ônibus e a introdução dos patinetes e bicicletas elétricas são apenas o começo. Eles refletem nosso compromisso em usar a tecnologia e ideias inovadoras para transformar a cidade. A inovação continuará sendo a base de nossas ações, e já estamos planejando e estudando novas iniciativas para diversas áreas.”
CS – Vamos falar sobre o relacionamento com o legislativo municipal. A senhora tem recebido muitas críticas da oposição, o que é bastante natural. Até dezembro passado a senhora mesma era da bancada da oposição na CMA. Como a senhora tem recebido críticas, a exemplo dos últimos posicionamentos do vereador Elber Batalha. Como está o diálogo com o parlamento municipal?
Emília- O diálogo com o Legislativo Municipal é fundamental para o sucesso de nossa gestão, e eu o encaro com a seriedade que ele exige. Meu relacionamento com o parlamento municipal se baseia no respeito mútuo à independência dos poderes. O Executivo tem suas responsabilidades, e o Legislativo, as suas. Minha prioridade é manter um canal de comunicação aberto e transparente com todos os vereadores, independentemente de sua posição política. Afinal, as grandes transformações que Aracaju precisa só serão possíveis com o trabalho conjunto e a colaboração entre a Prefeitura e a Câmara.
CS – Como tem sido o diálogo entre a sua gestão e as esferas estadual e federal?
Emília – De forma republicana e respeitosa. Assim que assumi, fiz questão de viajar a Brasília e minha primeira reunião foi com o ministro sergipano Márcio Macêdo, que já foi recebido na prefeitura em outra ocasião. Independentemente de questões políticas ou ideológicas, coloco os interesses de Aracaju em primeiro lugar. Da mesma forma com o governador Fábio Mitidieri. Os assuntos que envolvem a capital sempre serão mais importantes que qualquer divergência política. Continuarei aberta ao diálogo e às parcerias que sejam benéficas à nossa capital.
CS – Desde o começo da gestão surgiram muitos boatos sobre um possível atrito entre a senhora e o vice-prefeito Ricardo Marques. São só boatos ou a relação entre vocês “estremeceu”?
Emília – Essa tem sido uma pauta recorrente da imprensa. Eu e Ricardo fomos colegas na Câmara e isso nos aproximou de forma que ele foi escolhido para ser meu vice-prefeito, sendo que hoje também acumula a função de secretário de Comunicação. Temos o mesmo objetivo comum, que é trabalhar para fazer o bem por nossa cidade. Continuaremos firmes com esse propósito e tudo o que surgir fora disso é mera especulação.
CS – A senhora quer deixar uma mensagem para os aracajuanos?
Emília – Para os aracajuanos e as aracajuanas, minha mensagem é de profundo compromisso e esperança. Sei que os desafios que enfrentamos, em áreas como saúde, transporte e infraestrutura, são grandes. Mas quero que a população saiba que estou aqui para trabalhar incansavelmente. A cada dia, na Prefeitura, nossa equipe se dedica com responsabilidade e seriedade à coisa pública. Não estamos aqui para prometer milagres, mas para construir, passo a passo, a cidade que todos nós sonhamos e merecemos. Cada decisão, cada projeto e cada investimento são feitos com um único objetivo em mente: melhorar a vida das pessoas. É um trabalho contínuo, que exige paciência, diálogo e muita dedicação. Mas a esperança que nos move é a certeza de que, juntos, podemos superar qualquer obstáculo. Confio na força do povo de Aracaju e no potencial imenso da nossa cidade. O futuro que queremos é construído com trabalho e transparência, e é isso que minha gestão continuará a entregar. Muito obrigada.”
