O governo de Jair Bolsonaro (PL) incinerou, desde 2019, diversos medicamentos utilizados no tratamento de doenças raras e de alto custo, como vacinas e remédios para pessoas com câncer e HIV.
A informação foi divulgada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo e revela que, excluindo as vacinas contra a covid-19, ao todo foram descartados medicamentos avaliados em R$ 214, 2 milhões , desde 2019.
A lista inclui remédios para diversas doenças, como hepatite C e outras, além de testes e medicamentos destinados a pessoas com HIV.
Entre os medicamentos para doenças raras, foram descartadas ainda 949 unidades do Translarna , produto usado para pacientes com distrofia muscular de Duchenne, que causa degeneração muscular progressiva.
Os dados sobre estoques da Saúde estavam sob sigilo desde 2018 e foram liberados apenas após recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU).
Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde não confirmam que todos os produtos foram descartados devido à expiração do prazo de validade. Em alguns casos, os medicamentos podem ter sido reprovados em testes de controle de qualidade ou ter se tornado inutilizáveis devido a armazenamento inadequado.
Segundo fontes do governo, a maior parte dos produtos foi descartada após o vencimento da validade. Além disso, outros produtos com data de validade vencida podem ainda estar no estoque aguardando descarte.
Além dos medicamentos para doenças raras e de alto custo, o governo federal também incinerou medicamentos destinados a várias formas de mucopolissacaridose , uma condição que pode causar restrições nas articulações, problemas respiratórios e cardíacos, hérnias e outras dificuldades, além de aumentar o risco de morte prematura. O valor total desses produtos descartados foi de cerca de R$ 2,9 milhões .
O Ministério da Saúde respondeu à reportagem da Folha por meio de nota e afirmou que, o desperdício de vacinas, medicamentos e insumos é resultado do descaso do governo anterior. Segundo a pasta, o governo Bolsonaro não compartilhou informações sobre os estoques armazenados antes de sua posse.
O ex-ministro da gestão Bolsonaro, Marcelo Queiroga , afirmou que não possui esses dados, que ficam sob responsabilidade das áreas técnicas.
Luiz Henrique Mandetta , que comandou a pasta na gestão Bolsonaro, de janeiro de 2019 a abril de 2020, disse que durante sua gestão foram feitos esforços para melhorar a gestão dos estoques, transferindo os produtos de armazéns no Rio de Janeiro para uma central em Guarulhos, na Grande São Paulo.
O Ministério da Saúde declarou estar buscando adequar esses estoques e negociar com estados e municípios soluções para evitar novos desperdícios.
Fonte: IG