ARACAJU/SE, 5 de novembro de 2024 , 21:18:43

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Gilvaní Santos, do PSTU, abre série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Aracaju: “Nestas eleições há a necessidade de apresentar uma alternativa socialista”

Da redação, Joangelo Custódio

O Portal AJN1 e o jornal Correio de Sergipe iniciam as entrevistas com os candidatos a prefeito de Aracaju nas eleições de primeiro turno que acontecem no próximo dia 15 de novembro. A estreia é com a postulante do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Gilvaní Alves dos Santos, que tem como vice Waltemir Augusto. Gilvaní tem 54 anos, é natural de Baianópolis/BA, formada em História pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e atua como técnica ambiental. Ela é uma das três mulheres, entre os 11 postulantes, a disputar a chefia do Executivo Municipal deste ano.

Na entrevista, a candidata disse que fará um governo socialista; criticou as ações da Prefeitura de Aracaju no combate à covid-19, entretanto, defendeu a união entre os Poderes para vencer a pandemia; pretende instituir Conselhos Populares para contribuir com as tomadas de decisões; quer construir um Plano de Habitação Popular, visando superar o déficit habitacional da cidade. Confira a entrevista na íntegra: 

AJN1 – Em 2018, a senhora participou das eleições para o Governo do Estado como a única candidata mulher, mas não conseguiu êxito, ficando em último lugar com 4.803 votos. Este ano a senhora não é a única mulher. Dois anos depois, por que se propôs a disputar a Prefeitura de Aracaju?

Gilvaní Santos – Porque a situação da classe trabalhadora e do povo da periferia só piorou, tendo esses governantes à frente. É só ver os dados: a maior taxa de letalidade por Covid-19 foi exatamente na periferia, onde os serviços públicos são mais precários; 50% da população tem algum tipo de insegurança alimentar; o desemprego permanece crescente pelo quarto mês seguido; o Ideb de Aracaju, nas séries inicias, é o pior do Brasil; aumento da violência a mulheres, negros e LGBTs e por aí vai.

Ou seja, a situação dos mais pobres, bem como dos pequenos comerciantes de Aracaju, só piorou nos últimos anos e a crise econômica que se abate sobre o país vai agravar mais ainda a situação da maioria da população. Por isso, nestas eleições há a necessidade de apresentar uma Alternativa Socialista para Aracaju, em que a prioridade seja olhar para aqueles que produzem a riqueza do país e da cidade, mas que são sempre desprezados pelos prefeitos. Nossas medidas buscam exatamente apresentar as saídas necessárias para atender o interesse dos trabalhadores e do povo.

“…a maior taxa de letalidade por Covid-19 foi exatamente na periferia, onde os serviços públicos são mais precários”

AJN1 – O que a diferencia dos demais candidatos?

GS – A pandemia do coronavírus demonstrou a necessidade da União, estados e municípios terem serviços públicos de qualidade para proteger a vida da população. Mesmo Bolsonaro sendo um genocida, foi o SUS e os profissionais da saúde que estão evitando que essa catástrofe seja maior.

Apesar desta realidade demonstrada pela pandemia, a disposição da maioria dos demais candidatos é manter serviços públicos mínimos, entregando parte destes à iniciativa privada para que retirem milhões dos cofres públicos. Enquanto isso, os trabalhadores e o povo pobre sofrem.

Portanto, nosso governo socialista romperá com essa lógica de Edvaldo e dos demais, a partir do investimento massivo na educação, saúde, moradia, serviço social, entre outros. Retomaremos os serviços de transporte e coleta de lixo, que voltarão a ser executados por uma empresa pública municipal e economizarão milhões dos cofres municipais.

Tudo isso será combinado à construção dos Conselhos Populares, que serão espaços de poder destinados à população para que possam discutir e decidir sobre o destino dos recursos da cidade. Será a primeira vez que Aracaju dará vez e voz à maioria da população. Será o povo no poder!

“A pandemia do coronavírus demonstrou a necessidade da União”

AJN1 – A senhora tem um plano de Governo? Qual a prioridade do seu governo, caso venha a ser eleita?

GS – O município retomará todos os serviços públicos, executando-os diretamente com investimento massivo e com a construção dos Conselhos Populares para decidir e controlar o que fazer. O funcionamento deste tripé possibilita a execução de cada uma das 16 medidas emergenciais apresentadas em nosso programa de governo para Aracaju.

Teremos recursos com a economia gerada com as empresas municipais de coleta de lixo, de transporte e de construção civil. Economizaremos milhões com o fim da isenção de impostos às grandes empresas e faremos cobrança de dívidas dos grandes devedores. Incentivaremos o pequeno comerciante. Com juros zero, para que ele também impulsione a economia. Esses fatores associados nos darão a possibilidade de executar um grande plano de obras públicas que visa a construção de escolas, creches, Unidades Básicas de Saúde e casas populares, de modo que atenda a necessidade da população e faça a economia girar.

AJN1 – O que a senhora propõe para resolver os problemas de mobilidade urbana?

GS – O serviço de transporte público de Aracaju, prestado pelas concessionárias privadas, é de péssima qualidade: ônibus velhos, desconfortáveis, além de um número limitado de linhas e do valor da passagem. R$ 4,00 é um roubo! Esse preço absurdo torna Aracaju a terceira capital do Nordeste com tarifa mais cara, ficando atrás apenas de Salvador (R$ 4,20) e João Pessoa (R$ 4,15). Sem contar que o custo não corresponde à amplitude geográfica da cidade, sendo a menor de todas as capitais da região.  Isso é causado pela lógica privada do serviço, que beneficia os lucros das grandes concessionárias e dos políticos e conta com a conivência dos prefeitos.

O pagamento da tarifa por esse serviço de má qualidade já compromete 17% da renda dos/as aracajuanos/as. Só um transporte e empresa estatal, sob controle dos rodoviários e população usuária, poderá reduzir imediatamente o preço da tarifa e melhorar a qualidade do serviço, caminhando rumo à Tarifa Zero nos transportes públicos de Aracaju.

Respeitaremos os trabalhadores e acabaremos com a dupla função do motorista, com garantia da função do cobrador nos ônibus. Além de ônibus de qualidade, com mais linhas e horários disponíveis para a população; gratuidade para estudantes, idosos a partir de 60 anos e desempregados; e a criação do Conselho Popular para os transportes, que deve discutir e deliberar sobre o controle da qualidade e da tarifa do ônibus. Para manter o controle popular, ele será composto pelos/as rodoviários/as e pela população usuária, juventude e idosos.

“O serviço de transporte público de Aracaju, prestado pelas concessionárias privadas, é de péssima qualidade”

AJN1 – Na questão da saúde pública, quais os seus planos para assegurar o acesso decente do cidadão a hospitais e postos de saúde?

GS – Não há outra forma se não for fortalecendo e investindo no SUS, para que a população possa ter acesso a um serviço público de qualidade. No entanto, a lógica dos governos é transformar esse serviço em mercadoria. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que gastos privados no Brasil representavam 54% dos custos com saúde no país, em 2015. Portanto, o dinheiro público fica em torno de 46%. Esse índice brasileiro é ridículo se comparado a outros países com o mesmo modelo de saúde universal.

É perceptível que isso visa beneficiar os grandes empresários, ricos e poderosos, enquanto a maioria da população fica sem o serviço público e não tem dinheiro para plano de saúde.

Nós romperemos com esse formato, de modo que toda a saúde pública seja responsabilidade do município. Vamos encapar todos os hospitais da cidade, fortalecer o SUS e ampliar a rede pública. Simultaneamente, construiremos Unidades Básicas de Saúde (UBS) em toda a periferia, com horário ampliado de atendimento e profissionais da saúde reconhecidos em seus direitos.

Com investimento maciço em saúde pública municipal, os trabalhadores, os mais pobres e a classe média poderão ter um serviço de qualidade, vendo o retorno do seu dinheiro pago em impostos.

AJN1 – Como fazer de Aracaju um destino turístico de referência para o país?

GS – É preciso transformar a cultura, a gastronomia e o artesanato local como principais atrativos da nossa cidade. Esses setores podem ser motores de transformação e, somado com forte investimento para os pequenos negócios, construiremos uma rede que gere emprego e renda para a nossa cidade.

AJN1 – No tocante à habitação popular, a senhora tem algum projeto?

GS – Aracaju tem um déficit mínimo de 25 mil moradias e quem mais sofre são os mais pobres, que passam por situações extremamente humilhantes. Para resolver esse problema, será preciso combinar medidas imediatas e investimentos na construção de moradias populares até zerar o déficit habitacional.

Partiremos para formar o Conselho Popular da Moradia, que construirá o Plano de Habitação Popular, visando superar o déficit habitacional da cidade.

Começaremos pela regularização de todas as ocupações urbanas, com garantia de condições dignas; construção de uma empresa municipal de construção civil, que será responsável pela construção de casas e demais equipamentos públicos, reduzindo os custos para a prefeitura; buscaremos parcerias para aproveitar o acúmulo acadêmico e baixar custos; instituiremos o IPTU progressivo para garantir a justiça social, em que os ricos deverão pagar mais e os mais pobres e a classe média pagam de acordo com suas condições ou receberão isenção.

“Partiremos para formar o Conselho Popular da Moradia, que construirá o Plano de Habitação Popular, visando superar o déficit habitacional da cidade”

AJN1 – Há tempos não há reajuste salarial dos servidores públicos. Sendo eleita, a senhora pretende resgatar esses direitos perdidos?

GS – As medidas que serão implementadas pelo governo socialista de Aracaju visam beneficiar os trabalhadores e mais pobres, mas precisará do empenho e o apoio dos servidores públicos. Por isso, todos os trabalhadores serão respeitados e terão seus direitos garantidos.

Nossas propostas caminham no sentido de fortalecer os serviços públicos, por isso não aplicaremos a nefasta Reforma Administrativa de Bolsonaro, que visa diminuir os serviços públicos e retirar direitos dos servidores. Adotaremos uma política de valorização desses trabalhadores, a partir da implementação de seus direitos.

AJN1 – Representando um partido de esquerda, como será, caso vença as eleições, a relação da Prefeitura com os governos federal, de extrema direita, e estadual, que se insinua como centro-direita?

GS – Temos direito à opinião política favorável ou contrária e não aceitaremos retaliações. A relação estabelecida será com o povo de Aracaju e todos os recursos e convênios que buscaremos serão para favorecer aqueles que sempre foram esquecidos pelos governantes. Caso um deles se negue, com alegação política, significa que estarão atacando quem mais precisa. Certamente, a pressão popular exercida pelos Conselhos Populares serão uma força capaz de exigir compromisso dos demais governantes.

AJN1 – Qual a mensagem que a senhora passa aos aracajuanos a menos de um mês das eleições?

GS – Estamos passando por um duro momento em que os pobres e trabalhadores seguem tendo direitos e serviços retirados. Não vemos perspectiva de mudança com a maioria dos candidatos.

As eleições oferecem um momento de conhecer as propostas dos candidatos e eu convido você a conhecer as minhas. Apresentamos 16 medidas para Aracaju que visam resolver, de fato, os problemas dos trabalhadores e povo pobre, mas essa é uma transformação coletiva. A implementação dessas medidas se enfrentará com os interesses dos poderosos e ricos que sempre ganharam dos cofres públicos.  Acreditamos que nosso programa, junto com o apoio popular, abre espaço para que os explorados e oprimidos de nossa cidade, pela primeira vez, sejam ouvidos e decidam seus rumos para que suas demandas sejam atendidas. O orçamento participativo foi uma experiência importante que mostrou que o povo pode decidir, mas era limitada porque discutia somente 10% do orçamento. Queremos fazer mais e não dá para esperar que esses governantes atendam nossos interesses. É hora de a população decidir diretamente seus rumos, para isso os conselhos populares serão um espaço de poder no governo socialista de Aracaju. Será a vez do Povo no Poder!

Acesse nosso site  www.gilvani16.com.br para conferir nosso plano de governo e as 16 medidas emergenciais e acompanhe nossas atividades por meio das redes sociais: www.facebook.com/gilvanipstu e @gilvanipstu16, no Instagram.

“Estamos passando por um duro momento em que os pobres e trabalhadores seguem tendo direitos e serviços retirados.”

 

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