ARACAJU/SE, 23 de outubro de 2024 , 8:21:10

logoajn1

Governo Lula remove embaixador de Israel; entidade judaica lamenta decisão

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) removeu oficialmente o embaixador brasileiro em Israel e o transferiu para Genebra, na Suíça. Frederico Meyer foi nomeado representante especial do Brasil na Conferência Especial do Desarmamento, órgão na Organização das Nações Unidas (ONU) sediado em Genebra. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (29).

Meyer havia retornado a Israel na sexta-feira (24), depois de quase três meses fora do país. Em fevereiro, o embaixador foi chamado pelo chanceler israelense, Israel Katz, ao Museu do Holocausto para ouvir queixas públicas sobre uma fala de Lula em que o presidente comparou as ações de Israel contra Gaza às de Adolf Hitler contra os judeus.

Na ocasião, em Adis Abeba, capital da Etiópia, Lula disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”.

“Eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente, e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente, que não veem que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados, é uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças. É preciso parar de ser pequeno quando a gente precisa ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus. Então, não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, sabe, você deixar de ter ajuda humanitária. Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai retribuir a vida de mais de 30 mil pessoas que já morreram? Setenta mil estão feridos. Quem vai devolver a vida das crianças que morreram – sem saber por que estavam morrendo? Isso é pouco para mexer com o senso humanitário dos dirigentes políticos do planeta?”, disse.

No local, Meyer também ouviu que o presidente brasileiro era uma persona non grata no país. O governo brasileiro entendeu como “inaceitável” o comportamento de Katz.

Embaixada de Israel será chefiada pelo diplomata Fábio Farias

Segundo o jornal O Globo, em princípio, a embaixada em Tel-Aviv passa a ser chefiada pelo ministro-conselheiro e encarregado de negócios, Fábio Farias. Ele é diplomata, mas de nível inferior ao de um embaixador. Dessa forma, o governo brasileiro quer passar uma mensagem de que rebaixou suas relações com Israel.

Na semana passada, Celso Amorim, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, já havia dito numa entrevista que Meyer seria removido.

Confederação Israelita do Brasil lamenta

A retirada do embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, nesta quarta-feira (29), foi lamentada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib). A entidade citou o momento de dificuldades pelas quais Israel passa, depois do ataque terrorista do Hamas, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e 235 reféns. “A Conib lamenta a retirada do embaixador brasileiro em Israel em momento tão importante e o impacto dessa medida nas relações bilaterais”, declarou a instituição, em nota.

Meyer foi transferido para o cargo de representante do Brasil na Conferência do Desarmamento, em Genebra, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).

No site do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, os serviços consulares da embaixada em Tel-Aviv estão suspensos até o fim de junho, mas em função, segundo o órgão, de mudança de endereço.

Também foi citada pela Conib a relação histórica de amizade entre os dois países, arranhada neste momento pelas pesadas críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a comparar, em fevereiro, as ações de Israel em Gaza às dos nazistas contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

“Os dois países têm uma rica história de cooperação e afeto, iniciada desde a aprovação da partilha da Palestina pela ONU, em 1947, em votação na Assembleia-Geral da organização conduzida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Desde então, as relações prosperaram, e os laços entre os países se fortaleceram em benefício mútuo de seus povos”, lembra.

Fonte: Revista Oeste

Você pode querer ler também