Em corpo a corpo com colegas, o candidato à presidência da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) tem pregado uma ideia de continuidade e quer repetir o blocão organizado por Arthur Lira (PP-AL) quando este se reelegeu ao comando da Casa.
Em fevereiro do ano passado, Lira conseguiu reunir o apoio de 20 partidos para ser reconduzido e obteve o recorde de 464 votos.
Estiveram com ele desde o Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, passando por siglas do Centrão.
Embora o blocão seja um cenário desejável, até o momento, as candidaturas postas de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA) podem prejudicar essa composição.
Aos colegas, Motta tem indicado que só conseguirá manter os acordos de Lira feitos com partidos aliados no ano passado se o blocão se mantiver junto.
Portanto, o blocão com a eventual manutenção dos compromissos feitos no passado para os comandos de comissões e do orçamento é considerado uma maneira de tentar estimular uma convergência mais rápida em torno de Motta.
A ideia é justamente tentar convencer parlamentares do União Brasil e do PSD a desistirem dos correligionários e apoiarem Motta. “Quem chega primeiro, bebe água limpa”, lembra um interlocutor do paraibano.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), tida como a mais importante da Casa, por exemplo, foi presidida por um deputado do PT em 2023 e, neste ano, é comandada por uma deputada do PL, após negociações para reeleger Lira à presidência.
Em princípio, agora, MDB e União Brasil teriam a preferência para liderar o colegiado nos próximos dois anos.
Nesta semana, Motta tem conversado com deputados federais de forma individual, já que o Congresso está mais esvaziado. A partir da próxima segunda-feira (28), pretende se reunir com as bancadas, embora já tenha jantado com petistas.
A perspectiva é que haja mais parlamentares em Brasília após o segundo turno das eleições municipais, marcado para este domingo (27).
O líder do Republicanos espera que um anúncio oficial do apoio de Lira seja feito nos próximos dias. O atual presidente da Câmara sinalizou que deve se manifestar sobre seu sucessor depois do segundo turno.
No esforço de articulação, Motta disse que garantirá a governabilidade a integrantes do PT, se eleito.
Já a oposição demanda o compromisso de pautar o projeto que anistia pessoas que participaram dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. O deputado teria sinalizado, no entanto, que não considera a questão da anistia uma pauta de campanha.
A tendência é que ele negocie mais vagas na Mesa Diretora, o comando de comissões e a definição de relatorias do que se comprometa com pautas que possam fechar portas de diálogos com outras bancadas.
Fonte: CNN Brasil