Coordenadora das Pesquisas por Amostra de Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy afirmou que ainda é prematura qualquer avaliação sobre o impacto das enchentes do Rio Grande do Sul nos indicadores do mercado de trabalho. Ainda assim, diz que o impacto não é uniforme no estado, já que algumas áreas foram mais atingidas que outras.
“Ainda é prematuro fazer qualquer análise sobre o impacto. A gente sabe que alguns setores foram mais atingidos, como Canoas e Lajeado, por exemplo. A gente não sabe quanto, mas já espera que o percentual seja menor de coleta. Essa quantificação só virá quando fechar a coleta mesmo”, disse.
O resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nessa quarta-feira (29), se refere ao trimestre encerrado em abril – que inclui os meses de fevereiro, março e abril –, sem efeito da tragédia no Rio Grande do Sul. A expectativa é que na próxima divulgação – do trimestre encerrado em maio – isso já apareça.
Dos 211.344 domicílios brasileiros que fazem parte da amostra da Pnad Contínua, o Rio Grande do Sul responde por 5,9%, ou 12.432 residências. Só que esses domicílios estão espalhadas por todo o estado.
“A gente tem impactos não uniformes do resultado. Na parte noroeste do estado, não teve impactos tão fortes, quanto na Lagoa dos Patos, por exemplo. Em alguns locais, a coleta dos dados está sendo feita presencialmente, que é o nosso método tradicional. Em caso de situações de danos a estradas e pontes, em que não há condições de a equipe chegar, são feitas as tentativas de contato por telefone, obviamente respeitando a disponibilidade dos moradores, que sofreram perdas muito impactantes”, afirmou.
Um dos pontos apresentados pelos técnicos do IBGE para a população, lembrou ela, é que a coleta dos dados é importante para retratar o impacto das chuvas no mercado de trabalho local.
Beringuy destacou ainda que situações de dificuldades de coleta de dados por fenômenos climáticos não são novas, mas a magnitude dessa é diferente. “Nossa recomendação é que as pesquisas sejam feitas presencialmente. Mas fenômenos como esse com impossibilidade de acesso já ocorreram. Quando tem as cheias no Amazonas e no Pará, a gente não consegue chegar. No ano passado, no Maranhão, houve coleta telefônica. Não é um episódio novo. O que foge da rotina é o tamanho do fenômeno em si. A gente ainda não tem essa ordem de grandeza”, disse. É preciso avaliar ainda, segundo ela, as diferenças em relação ao período da pandemia.
Fonte: Valor Econômico
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil