ARACAJU/SE, 1 de novembro de 2024 , 2:39:52

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Janones, o candidato inesperado

Os nem-nem, que não querem nem Bolsonaro e nem Lula, estão começando a apalpar um candidato para chamar de seu. É o que revela a última pesquisa PoderData sobre a sucessão presidencial.

André Janones, 37 anos, deputado mineiro de 1º mandato pelo Avante, chegou à Câmara a bordo de 178 mil votos depois de uma campanha de R$ 60 mil feita pelas redes sociais. Sem fazer campanha, ele está empatado com o governador João Doria e 1 ponto atrás de Ciro Gomes.

Magro, 1,70m , fala simples e fácil de entender, Janones conquistou algo raro na política destes nossos tempos de fake news: credibilidade. Faz suas lives explicando com linguagem simples, direta e retumbante tudo sobre o auxílio emergencial e coisas que mexem com o dia a dia do cidadão. No Facebook são 7,9 milhões de seguidores, 128 mil no Twitter e 2 milhões no Instagram.

Janones tem linha direta com o Brasil profundo do celular pré-pago e pacote do Facebook ilimitado. Por isso, tanta audiência nesta rede social. Sua conversa é um papo reto com o brasileiro invisível nas metrópoles, mas que faz a diferença no interior. Nada a ver com candidatos folclóricos como Cabo Daciolo ou Enéas. Muito menos se parece com Marina Silva, política com bom trânsito na elite paulista, queridinha das ONGs internacionais e dos ecologistas.

Num dos seus vídeos sobre reajuste do salário mínimo, feito em setembro e com 5 milhões de visualizações, Janones afirma com todas as letras que a imprensa está mais preocupada em entreter o cidadão do que em informar. Num país onde o jornalismo de opinião prevalece sobre o jornalismo da informação, a falta de credibilidade é uma amarga realidade.

Para milhões de brasileiros sofridos com a queda na qualidade de vida, desemprego e dependentes da ajuda do governo por causa da pandemia, Janones conseguiu ser alguém em que se pode confiar. Este fenômeno é notável num país acostumado a desacreditar dos políticos em geral e dos congressistas em particular. Ele conversa com o eleitor num ritmo e numa linguagem jornalística capaz de prender a atenção e ao mesmo tempo fazer as pessoas pensarem. Faz isso por puro instinto. Não ataca nem Lula e nem Bolsonaro. Fala de e para um Brasil que não sai na grande mídia.

A coisa chegou a tal ponto, que numa live do presidente Bolsonaro no fim de 2021, na qual ele tratou do auxílio, teve gente postando nos comentários coisas do tipo: “está tudo muito bom, tudo muito bem, mas realmente eu preferia ouvir a confirmação do Janones, que ainda não falou no assunto”.

Hoje temos 3 nomes na pesquisa do PoderData capazes de dar seu recado com eficiência para o homem simples, o brasileiro comum: Lula, Bolsonaro e Janones, que, por sinal, nunca foi lançado candidato a presidente. Por isso não é estranho vê-lo empatado com João Doria e bafejando o cangote de Ciro Gomes.

No fim de 2021, o Ipec, nascido de uma costela do finado Ibope, e o PoderData já registravam a presença, digamos, incômoda e indigesta, deste ex-cobrador de ônibus, filho de empregada doméstica, nascido e criado em Ituiutaba, cidade bem na ponta do nariz do mapa de Minas, que virou advogado graças a uma bolsa de estudos numa faculdade particular. Antes de assinar a ficha do Avante e ganhar a eleição para deputado, passou pelo PT e pelo PSC. No PoderData, ele já registrava 2%.

Em 2017, quando Bolsonaro começou a pontuar nas pesquisas, todos os analistas políticos conhecidos do grande público eram unânimes em vaticinar sua derrota na eleição, sem sequer chegar ao 2º turno. Foram incapazes de entender Bolsonaro como um candidato com canal direto com o eleitor via redes sociais, numa intensidade jamais experimentada.

Hoje, vendo a pesquisa do PoderData, enxergo em Janones o mesmo potencial que enxerguei no Bolsonaro de 2017. Não estou dizendo que ele vencerá, mas tem potencial para mexer com o quadro eleitoral e os nem-nem já farejaram isso. Este tipo de candidatura, se ganha pernas, ninguém segura.

Fonte: Poder360

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