O secretário da Segurança Pública, João Eloy de Menezes, esteve reunido no final da manhã desta quinta-feira (26), com a vereadora eleita por Aracaju, Linda Brasil, candidata com a maior quantidade de votos no último pleito eleitoral. O encontro foi para tratar de ameaças que Linda Brasil tem recebido através de redes sociais, o que ensejou a instauração de um inquérito policial junto à Delegacia que investiga crimes homofóbicos, racismo e intolerância religiosa.
O secretário se mostrou preocupado com as ameaças e disse que todas as medidas que o caso exige foram determinadas. “Não podemos viver em um país onde uma pessoa que vota e é votada, é legitimamente eleita e, por conta de sua grande vitória, simplesmente passa a ser atacada covardemente pelas redes sociais, por grupos que não aceitam tamanho feito. Determinei ao DAGV [Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis] que seja rigoroso com os envolvidos e responsáveis pelos crimes”, reforçou João Eloy.
A reunião foi acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal de Aracaju, Nitinho Vitale, por assessores de Linda Brasil, e pelas delegadas Rosana Freitas, coordenadora das Delegacias da Capital; e Mariana Diniz, diretora do DAGV. Diniz explicou que várias pessoas já foram ouvidas, alguns agressores, inclusive, já identificados. “Todos serão intimados para que prestem esclarecimentos na Delegacia”, adiantou Mariana.
Linda Brasil explicou que está assustada com o teor das ameaças e reforçou que não são apenas crimes contra a honra, mas ameaças mais graves que colocam em risco sua integridade física. O advogado de Linda Brasil também acompanha as investigações e auxilia as equipes policiais com informações importantes. “O Brasil lidera o ranking mundial de países que mais matam pessoas trans e travestis no mundo. A cada 48h, uma mulher trans ou travesti é assassinada” relatou ela ao secretário, durante o encontro.
A delegada que conduz o caso, Meire Mansuet, adiantou que as ofensas proferidas contra Linda Brasil têm caráter de racismo transfóbico, termo que se refere à decisão do Supremo Tribunal Federal, que entende que deve ser aplicada a lei do racismo para atos de homofobia e transfobia, enquanto não houver edição de lei por parte do Congresso. Os ministros reconheceram no ano passado que há omissão e mora do Legislativo em editar lei que criminalize atos homotransfóbicos.
As informações são da Agência Brasil.