O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes, 59 anos, recusou o convite do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para chefiar o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que será recriado no próximo governo do petista.
Josué havia sido convidado por Lula na manhã de 4ª feira (14.dez.2022), quando os 2 se reuniram no hotel em que o futuro chefe do Executivo está hospedado em Brasília. Na ocasião, o empresário pediu tempo para pensar.
Dono da Coteminas, uma das maiores empresas têxteis do Brasil, Josué é filho de José Alencar (1931-2011), vice de Lula nos 2 primeiros mandatos à frente do Planalto (2003-2010). O ex-senador é frequentemente elogiado pelo presidente eleito em seus discursos.
O petista buscava alguém do setor industrial para comandar o ministério em seu 3º mandato. A recriação da pasta foi citada ainda na campanha pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
Com a decisão de Josué Gomes, petistas devem buscar outro nome para chefiar o ministério.
O empresário enfrenta uma crise na Fiesp. Na 5ª feira (15.dez.2022), ele anunciou a convocação de uma assembleia extraordinária dos associados para 16 de janeiro.
A decisão reage a um edital que convocava uma assembleia para a próxima 4ª feira (21.dez) para discutir a conduta do presidente da federação. O documento havia sido assinado por 86 dos 106 sindicatos com poder de voto na Fiesp.
A insatisfação é parte de desdobramentos de um conflito nos últimos meses entre os dirigentes da indústria e a gestão de Josué, iniciada em 2021.
Em 21 de outubro, representantes de 78 sindicatos apresentaram um pedido de convocação de assembleia para avaliar a continuidade do empresário na presidência da federação. O pedido foi rejeitado por Josué em reunião da diretoria. Ele alegou que faltavam justificativas para a convocação no documento protocolado.
O encontro teve tom conflituoso, incluindo uma queixa formal de integrantes do Conselho Superior Feminino contra falas de Synésio Batista, presidente da Sindibrinquedos, que apoia Josué. As integrantes do conselho alegam que Synésio teria sido misógino em declarações dadas durante a reunião.
Entre as reclamações protocoladas no domingo (11.dez), os sindicatos apresentavam 12 itens com justificativas detalhadas para a convocação da assembleia, como a nomeação de assessores do presidente com acesso a informações e poder de decisão. Os dirigentes alegam que essas funções deveriam estar a cargo de diretores ou funcionários do corpo técnico da Fiesp.
Os sindicatos também cobram explicações sobre assinaturas de Josué a manifestos em defesa da democracia divulgados durante o mês de julho. A carta “Em defesa da Democracia e da Justiça” (íntegra – 3 MB), organizado pela própria Fiesp, só teve a adesão de 14% dos filiados à federação.
Houve a impressão entre os dirigentes que as assinaturas representava um apoio velado à campanha presidencial de Lula.
FONTE: Poder360