A história da luta pelo fim das carroças em Aracaju é marcada pela persistência. Desde 2017, a então vereadora e hoje deputada estadual Kitty Lima (Cidadania/SE) vem travando batalhas dentro e fora do parlamento para pôr fim a uma prática que simboliza não apenas o sofrimento animal, mas também a precarização do trabalho de centenas de famílias.
Em agosto de 2018, Kitty levou ao plenário da Câmara Municipal de Aracaju o Projeto de Lei nº 106/2017, que previa o fim gradativo das carroças na capital. O texto foi aprovado em primeira votação, após um debate intenso que trouxe à tona a necessidade de conciliar *justiça social, inclusão produtiva e proteção animal*.
Mas a esperança durou pouco. Em setembro do mesmo ano, na segunda votação, o projeto foi rejeitado pela maioria dos vereadores ligados à base do então prefeito. A derrota não foi apenas parlamentar. Ela veio acompanhada de uma mobilização de carroceiros organizada por políticos contrários ao projeto, baseada em *fake news e no medo de perda de sustento*. Apesar da pressão, Kitty se manteve firme, e entre os votos favoráveis estava a então vereadora *Emília Corrêa*, hoje prefeita de Aracaju.
Resistência e continuidade da luta
O revés de 2018 não encerrou a luta. No mesmo ano, Kitty foi eleita deputada estadual e passou a defender a pauta em uma esfera ainda maior. Do parlamento à gestão pública, a causa contra a exploração animal em carroças e pela inclusão digna das famílias carroceiras permaneceu em sua agenda como *prioridade inegociável*.
Hoje, já em 2025, a realidade é outra. Kitty segue como uma das vozes mais firmes nessa discussão, e a Prefeitura de Aracaju está diante de uma oportunidade histórica de transformar em política pública aquilo que foi rejeitado por conveniência política no passado.
O papel da Prefeitura e o compromisso que falta
Em encontro recente com a prefeita Emília Corrêa, Kitty voltou a cobrar coerência: quem votou a favor do fim das carroças em 2018 agora tem a responsabilidade de colocar em prática aquilo que defendeu. O diálogo foi aberto, mas não houve compromisso firmado.
Enquanto isso, a Diretoria de Proteção Animal do Governo do Estado está estruturando um projeto de “chipagem de equinos e muares”, passo importante para coibir maus-tratos e organizar políticas públicas de longo prazo.
Na esfera municipal, a EMSURB já iniciou o cadastro dos carroceiros. Segundo a própria pasta, mais de 100 trabalhadores já foram registrados, e o número deve aumentar com a intensificação da busca ativa. Esse levantamento é essencial: só a partir dele será possível planejar um programa de transição sustentável, com *capacitação profissional, veículos adequados e cálculo real do custo dessa mudança*.
Paralelos nacionais: Recife e o PL federal
A cobrança ganha ainda mais força quando se observa o cenário nacional. Em agosto de 2025, a *Câmara do Recife aprovou um projeto de lei que garante indenização aos carroceiros*, reconhecendo que a transição precisa ser acompanhada de justiça social e apoio econômico para as famílias impactadas, justamente como preconizava o projeto então rejeitado em 2018.
No plano federal, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou, em 2024, um *projeto de lei que criminaliza o uso de veículos com tração animal em vias urbanas*. A proposta, que ainda tramita, prevê sanções a quem descumprir a proibição, reforçando a tendência nacional de substituição desse modelo ultrapassado.
Esses exemplos mostram que *Aracaju está atrasada* frente a cidades e instituições que já compreenderam a urgência da pauta e criaram mecanismos concretos para a transição.
Hora de agir
Após quase uma década de resistência, Kitty reafirma que não basta mais discutir o tema em notas ou reuniões. *A prefeita Emília, que já defendeu o fim das carroças como vereadora, precisa agora provar que a sua coerência se traduz em ação.
“O que foi rejeitado por conveniência política em 2018 não pode ser esquecido em 2025. A população espera coragem e compromisso para que essa mudança finalmente aconteça em Aracaju.”
A luta que começou no plenário da Câmara Municipal hoje volta à pauta com força. E a cobrança é clara: *Aracaju precisa virar a página das carroças. É hora de garantir justiça social às famílias e dignidade aos animais.
Release da assessoria da parlamentar