O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (20) que o general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), decidiu sair do governo “por conta própria”.
Quando se dirigia para um evento no Planalto, o mandatário foi questionado por dois jornalistas se havia ficado chateado com a demissão do ministro, seu amigo de longa data.
“Não. Ele saiu por conta própria”, afirmou ao Valor e ao O Tempo.
A fala de Lula acontece um dia após a demissão do ministro, desgastado com a divulgação de imagens de dentro do Palácio do Planalto durante a invasão de 8 de janeiro.
Imagens do circuito interno de segurança, divulgadas pela CNN Brasil, mostram que os vândalos receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques.
O próprio general Gonçalves Dias, chamado de GDias pela equipe do governo, circula pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar de baixo.
O então chefe do GSI estava previsto para prestar esclarecimentos na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, mas acabou cancelando a sua participação após a divulgação das imagens. GDias apresentou um atestado médico para justificar sua ausência.
Horas depois, ele foi ao Palácio do Planalto para se reunir com Lula.
Antes disso, no entanto, o mandatário convocou uma reunião de emergência com ministros mais próximos para discutir a situação do chefe do GSI. Participaram o vice Geraldo Alckmin, os ministros Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Nessa reunião, saiu o entendimento de que GDias deveria pedir demissão. Nenhum dos presentes se posicionou ou argumentou contra a saída do ministro do GSI. A ação foi consumada na sequência na reunião de Lula com o general.
Em entrevista à GloboNews, o general se defendeu das acusações de leniência sua e do órgão que comandava durante os atos golpistas de 8 de janeiro.
O general afirma ser um “absurdo para a sua imagem” associá-lo ao agente do GSI que oferece água aos manifestantes e que colocou seu cargo à disposição, embora esteja “muito triste”, para que a investigação seja feita.
Gonçalves Dias também se defendeu das críticas por aparecer nas imagens indicando a saída para os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Afirmou que essa ação fazia parte da estratégia, de buscar cercá-los no segundo andar do palácio, para que todos fossem presos.
“A nossa técnica aqui dentro depois, depois da invasão, foi retirar as pessoas do quarto piso, retirar do terceiro, colocá-los no segundo e, no segundo, efetuar a prisão. Prendemos mais de 250 pessoas aqui dentro, que invadiram, que depredaram”, afirmou.
“Ninguém fala, mas nós preservamos o terceiro piso praticamente todinho, o coração do Planalto que é a sala do presidente. Ela foi preservada, toda a ala do gabinete pessoal foi preservada e o quarto piso foi preservado por completo desses invasores”, completou.
Fonte: MSN/FOLHA DE SÃO PAULO