O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia neste domingo (22), seu primeiro giro internacional, com uma visita à Argentina e ao Uruguai, onde pretende resgatar o protagonismo regional do Brasil, após o governo de Jair Bolsonaro.
Enquanto estabiliza os problemas domésticos, o líder esquerdista, 77, parte para seu primeiro compromisso no exterior em seu terceiro mandato como presidente.
Lula começará a viagem na Argentina, como é tradição entre os presidentes brasileiros, onde participará da sétima reunião de cúpula da Celac e se reunirá amanhã na Casa Rosada com seu par Alberto Fernández, de quem também é amigo.
“Há um propósito muito claro das equipes dos dois países para avançar em termos de integração elétrica e gasífera”, disse ontem o embaixador Michel Arslanian, secretário das Américas do Itamaraty.
Fernández mantém uma relação cordial com o presidente brasileiro, a quem visitou em 2019 na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula estava preso, acusado de corrupção. Naquela época, Fernández era candidato à presidência da Argentina.
Os dois presidentes se encontraram em Brasília no dia 2 de janeiro, um dia após a posse de Lula.
Diálogo
Lula deve ter uma reunião bilateral em Buenos Aires com o líder cubano, Miguel Díaz Canel, na terça-feira, segundo fontes do Planalto. O Itamaraty não confirmou o encontro. O presidente brasileiro também deve se reunir com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em Buenos Aires.
Estaria na pauta, ainda, um encontro com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que gera expectativa, depois que Brasília enviou uma comissão diplomática a Caracas nesta semana para “normalizar as relações entre os dois países”.
O Brasil busca voltar à região “com um espírito de diálogo”, ressaltou Michel Arslanian, referindo-se aos desafios de alinhar políticas regionais em temas como o meio ambiente.
Embora fontes do Planalto confirmem que o encontro irá acontecer na terça-feira, o Itamaraty informou que a reunião, solicitada por Maduro, pode ser afetada pela agenda da cúpula da Celac.
A prioridade de Lula será “retomar os laços com a América Latina, região essencial para o Brasil desde sempre, mas que foi relegada a segundo plano” por Bolsonaro, avalia o professor de política externa brasileira na PUC-Rio, João Daniel Almeida. Lula quer “mostrar que o Brasil está de volta e enfatizar a cooperação econômica na região”.
“Há um claro simbolismo nisso da prioridade que tem para nós a integração latino-americana e sul-americana”, disse Celso Amorim, assessor especial do presidente e chanceler de Lula em seus dois primeiros governos (2003-2010).
Lula concluirá seu giro na próxima quarta-feira, em Montevidéu, onde terá um encontro com seu par uruguaio, Luis Lacalle Pou. O presidente brasileiro também deve visitar o amigo e ex-presidente José Mujica.
Fonte: Exame