Se o primeiro turno das eleições presidenciais fosse hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 40% dos votos, e o presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria em segundo lugar, com 29%. Ciro Gomes (PDT) e Sergio Moro (Podemos) teriam 9% cada. Os números são da pergunta estimulada, com os nomes apresentados previamente, da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA.
A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 23 de março. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-04244/2022. A pesquisa EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.
Confira o relatório completo aqui.
Em relação à última pesquisa, feita há um mês, Lula perdeu 2 pontos percentuais e Bolsonaro ganhou a mesma quantidade. Ambas mudanças são dentro da margem de erro. Com isso, a diferença entre os dois caiu de 15% para 11%, o que pode mostrar uma tendência de acomodação de votos, como explica Maurício Moura, fundador do IDEIA.
“É importante ficarmos atentos a melhora de indicadores do presidente Jair Bolsonaro. Alguns, obviamente, estão relacionados ao aumento da popularidade, de aprovação do governo. Porém, há outras evoluções positivas, de intenção de voto, principalmente estimulada, que estão mais alinhadas com uma maior acomodação dos antipetistas na candidatura do Bolsonaro, que não enxergam nas outras alternativas um potencial de vencer o PT no segundo turno”, diz.
Os dados refletem as intenções de voto em um primeiro turno no país como um todo, mas ao olhar para renda e região é possível ver onde estão os apoios ao presidente Bolsonaro e ao ex-presidente Lula.
O petista só perderia para o atual presidente em uma faixa de renda. Entre aqueles que recebem de 3 a 6 salários mínimos, Bolsonaro tem 40% das intenções de voto, contra 32% de Lula. Na parcela mais pobre do eleitorado, que ganha até um salário mínimo, é onde está a maior diferença entre os dois, neste caso em favor do ex-presidente: 46% X 19%.
Por região, Bolsonaro venceria Lula no Centro-Oeste (38% a 33%). O petista tem vantagem em relação ao atual ocupante do Palácio do Planalto em todas as outras regiões, sendo a maior distância no Nordeste, região que concentra o segundo maior colégio eleitoral do país, só atrás do Sudeste. Somados, os nove estados nordestinos dão a Lula 52% das intenções de voto, e 22% a Bolsonaro.
Ainda olhando as parcelas populacionais, entre os evangélicos, grande força do presidente Bolsonaro, ele melhorou seus indicadores. Há um mês, 35% destes eleitores votariam no atual presidente, agora são 54%. “É uma reacomodação de bolsonaristas, ou de pessoas mais favoráveis ao presidente nesse momento”, avalia Moura.
Em uma pergunta espontânea, em que os candidatos não são apresentados previamente aos entrevistados, Lula e Bolsonaro somam quase 60% das intenções de voto em um eventual primeiro turno.
“É algo muito substancial que mostra não só o grau de polarização, como a pouca janela que as campanhas vão ter para convencer potenciais eleitores”, afirma Maurício Moura.
Segundo turno mantém números
A pesquisa EXAME/IDEIA também testou cenários de segundo turno. Os números se mantiveram próximos aos da última pesquisa (de 24 de fevereiro), dentro da margem de erro. Lula ganhou 1 ponto percentual na disputa com Bolsonaro, e o atual presidente ganhou 2 pontos. Com esta alteração, o embate entre os dois está 50% X 37% das intenções de voto, em favor do petista.
Analisando os que declaram votar branco ou nulo, houve uma redução de 3% nesse grupo, em comparação com a última pesquisa, o que indica uma definição maior do eleitor conforme o dia da votação se aproxima e o cenário eleitoral fica mais claro.
A sondagem ainda testou possíveis disputas de segundo turno de Lula contra Sergio Moro, Ciro Gomes, e João Doria (PSDB). O ex-presidente venceria todos os cenários. Nos testes feitos com Bolsonaro, também contra os mesmos concorrentes, o atual presidente perderia para Ciro, e venceria Doria. Na simulação enfrentando Moro, ele aparece em primeiro lugar, mas dentro da margem de erro, o que estatisticamente é um empate técnico.
Terceira via não decola
Logo que lançou sua pré-candidatura, no fim do ano passado, Sergio Moro ganhou a simpatia do eleitorado e chegou a ultrapassar Ciro Gomes nas pesquisas seguintes, figurando com 11% das intenções de voto. Com o passar do tempo, o seu nome perdeu fôlego e agora ele está empatado com o pedetista, em uma simulação de primeiro turno.
Mas a situação não é só ruim para o ex-juiz e ex-ministro do governo Bolsonaro, toda a terceira via, somada, não chega a 24% das intenções de voto. Para Maurício Moura, o cenário fica cada vez mais claro que a disputa pelo Palácio do Planalto ficará entre Lula e Bolsonaro.
Fonte: Exame.com