Aliados de Jair Bolsonaro (PL) tentam manter uma mobilização de apoio ao ex-presidente em protestos convocados para este domingo (3/8). A intenção é levar militantes às ruas em várias cidades do país com discursos favoráveis a Bolsonaro e contrários, principalmente, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também devem ser disparadas nas manifestações, que não terão, em nenhum local, a presença de Bolsonaro. O ex-presidente cumpre medidas cautelares determinadas por Moraes em 18 de julho. Uma delas é a proibição de sair de casa aos finais de semana e feriados.
As restrições, inclusive, movimentaram aliados nas últimas semanas em estratégias de maior defesa a Bolsonaro. Ele também não pode sair de casa entre 19h e 6h em dias de semana, usar redes sociais, se aproximar de embaixadas e consulados e manter contato com outros investigados pelo STF. Além disso, passou a utilizar tornozeleira eletrônica.
Outro fator que impõe a mobilização, na avaliação de interlocutores, é a situação que envolve o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nos bastidores, há o entendimento de que o nome de Bolsonaro relacionado ao tarifaço de 50% sobre o Brasil, em sanção que atinge a população de forma econômica, afetou em algum grau a popularidade do ex-presidente.
A anistia aos réus e condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 deve ser somada à pauta. O perdão a quem se envolveu da invasão a depredação das sedes dos Três Poderes segue entre as prioridades da oposição, mas não tem indicativo de força para avançar no Congresso Nacional.
Atos serão em capitais e outras cidades do país
Com o mote “Reaja Brasil”, há atos marcados ao longo do dia em várias capitais, como Brasília (DF), Rio de Janeiro RJ), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Maceió (AL), Fortaleza (CE), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Natal (RN), Belém (PA), Aracaju (SE) e Campo Grande (MS). A maior expectativa é em São Paulo (SP), na Avenida Paulista. As convocações também são para as cidades de Vila Velha (ES) e Joinville (SC).
Um dos nomes presentes na mobilização em São Paulo será o do pastor Silas Malafaia, que organiza atos em favor de Bolsonaro. Aliados do ex-presidente no Congresso também devem comparecer, como o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), que participará em Natal. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) deve participar durante a manhã em Belo Horizonte e, na parte da tarde, em São Paulo.
“Ninguém aguenta mais, é hora de dar o grito de liberdade e vai ser neste domingo, dia 3, em Copacabana. De forma pacífica, a gente tem muito o que falar. Não dá mais para ficar em casa. O Brasil é um país que tem perseguição política, censura prévia e vem desrespeitando o devido processo legal e a harmonia e o equilíbrio entre Poderes”, anunciou o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), sobre o ato no Rio de Janeiro.
“No dia 3 de agosto, os gaúchos vão às ruas em defesa da liberdade”, escreveu o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), que acompanhará o protesto em Porto Alegre. “Vamos reagir contra a censura, a perseguição e o autoritarismo”, completou.
Michelle no Pará e Flávio no Rio de Janeiro
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estará no ato em Belém. A ausência dela do protesto marcado na Avenida Paulista foi alvo de críticas internas no PL, mas a justificativa foi a agenda prévia no estado do Norte. Na sexta-feira (1º/8) e neste sábado (2/8), ela cumpriu compromissos como presidente do PL Mulher na cidade de Marabá.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL), um dos filhos do ex-presidente, participará do ato no Rio de Janeiro, estado em que ocupa uma cadeira no Congresso. A mobilização será em Copacabana. “Domingo é dia de Brasil nas ruas! Pela nossa liberdade, pela democracia”, anunciou.
Ausência de Tarcísio
Um dos governadores mais próximos de Bolsonaro não deve comparecer à concentração em São Paulo, que tem expectativa de maior público. Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que inclusive é um dos nomes cotados para ser candidato ao cargo de presidente em 2026 pela inelegibilidade de Bolsonaro, passará por um procedimento médico no dia dos atos.
O governador será submetido a uma radioablação por ultrassonografia de tireoide, procedimento que trata nódulos benignos. Tarcísio deve ter alta hospitalar no mesmo dia, mas não terá liberação médica para participar de uma manifestação. Na segunda-feira (4/8), ele cumprirá agendas internas em seu gabinete.
Nas últimas semanas, Tarcísio foi alvo de divergências com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do ex-presidente, pelas tarifas de Trump impostas ao Brasil. O governador recebeu críticas do deputado, que articula sanções nos EUA desde março, por indicar que tentaria negociar as taxas para reduzir o impacto sobre produtores de São Paulo em vez de defender a anistia. Foi Jair Bolsonaro quem declarou, em público, que pacificou a relação entre os dois.
Manifestação em Aracaju
Aracaju se prepara para manifestação popular marcada para este domingo, 3 de agosto, a partir das 14h, nos Arcos da Orla da Atalaia, principal cartão-postal da capital sergipana. O ato integra o movimento nacional Reaja Brasil, que ocorrerá simultaneamente em diversas cidades do país. Em Aracaju, a mobilização conta com apoio de algumas autoridades políticas, como o vereador Lúcio Flávio (PL), o deputado federal Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) e Capitão Samuel.
Fonte: O TEMPO