A AJN1 dá continuidade às entrevistas com os pré-candidatos ao governo do Estado. O segundo entrevistado é Mendonça Prado. No mês passado, o DEM lançou a pré-candidatura de Mendonça ao governo do Estado para as eleições deste ano. Advogado e ex-deputado federal por Sergipe, essa é a primeira vez que ele coloca seu nome para concorrer ao cargo de governador.
Porém, a missão de liderar um Estado que detém índices vexatórios na Segurança Pública e que tem a Saúde agonizando em hospitais sem estrutura para atender a demanda da população parece não assustá-lo, que diz que vem estudando dados de todos os setores da administração pública estadual ao longo da vida.
Nascido em Aracaju, Mendonça Prado é categórico ao afirmar que conhece a realidade do povo sergipano e que é preciso pulso firme para adotar medidas corajosas e até impopulares para a reorganização administrativa e o estabelecimento de uma gestão pública eficiente.
Nesse bate-papo Mendonça Prado garante que faz política com total independência, ao mesmo tempo que explica que o Democratas marchará ao lado do Partido Verde e do PRTB nestas eleições por conta, principalmente, da luta em defesa do meio ambiente e fortalecimento do rio São Francisco. Criticou o que classifica de “desorganização” deixada pela gestão de Jackson Barreto, herdada por Belivaldo Chagas, e apontou urgência para investimento na saúde, segurança e educação.
AJN1 – Esta é a primeira vez que o senhor põe seu nome como pré-candidato ao governo do Estado. O que o motivou e o que o qualifica a ser Governador de Sergipe?
Mendonça Preado – Ao longo da minha vida pública venho estudando os dados do meu estado e acompanhando as ações governamentais. Conheço a realidade do povo sergipano, suas agruras e as potencialidades que podemos empreender para alcançar o desenvolvimento socioeconômico. O que me motiva em primeiro lugar é o amor que tenho pela minha terra. Também tenho convicção que Sergipe necessita de um governante sério, com pulso firme para adotar medidas corajosas e até impopulares, visando a reorganização administrativa e o estabelecimento de uma gestão pública eficiente. Só assim teremos serviços de qualidade e uma melhor perspectiva de futuro para os nossos conterrâneos.
AJN1 – Recentemente, o senhor deixou o Partido Popular Socialista (PPS) e assumiu a liderança da sua antiga casa partidária, o Democratas (DEM-SE). A decisão de retornar para o DEM foi estratégica para a sua candidatura?
MP – Na verdade eu nunca me desfilei do Democratas. Recebi o honroso convite do PPS e iniciei um processo de mudança que não se concretizou. O PPS é uma sigla simpática e conduzida por homens públicos respeitáveis, a exemplo do senador Cristóvão Buarque. Se lá estivesse estaria em um partido bem-conceituado. Entretanto, o destino me conduziu a presidência estadual do Democratas com a concordância da nossa querida senadora Maria do Carmo, principal liderança da agremiação partidária. Não foi uma estratégia pensada para candidatura. Tudo aconteceu espontaneamente e me deixou extremamente feliz porque a minha história foi escrita neste partido. A minha identidade política está no Democratas.
AJN1 – Nos últimos 4 anos, o senhor transitou pelo terreno governista; esteve no palanque de Jackson Barreto em 2014. Pela lealdade, chegou a ser secretário de Estado da Segurança Pública em fevereiro de 2015, sendo exonerado um ano depois, em virtude dos altos índices de criminalidade e pela relação de animosidade que existia entre o senhor e o então comandante geral da Polícia Militar, coronel Maurício Iunes. O senhor também foi presidente da Empresa Municipal de Serviço Urbanos (Emsurb) na atual gestão de Edvaldo Nogueira, mas pediu demissão do cargo após sérios problemas com a Operação Babel, que investiga supostas irregularidades nos contratos da coleta de lixo e limpeza urbana de Aracaju. Todas as saídas desses cargos foram embaraçosas. Até que ponto esses desgastes podem influenciar em sua campanha?
MP – Em nada. Faço política com total independência e nunca tive nenhum atrelamento partidário com os gestores atuais do estado e do município. O meu apoio à Jackson foi circunstancial porque eu não quis votar em Eduardo Amorim. Votei em JB para o governo e Maria do Carmo para o senado. Com relação a minha saída da segurança, ela se deu porque determinei o cumprimento das regras de hierarquia e disciplina, assim como a não interferência em questões eminentemente técnicas. Quanto a EMSURB o que houve foi uma interpretação equivocada de uma determinada autoridade, sobre a diferença que existe entre contrato emergencial e processo licitatório. Não houve nenhum erro dos gestores. Portanto, não vejo nenhum desgaste nessas situações. O que existe são interesses políticos dissimulados que fazem adversários políticos proferirem discursos maliciosos. Isso é normalíssimo. Estou pronto para qualquer debate.
AJN1 – O DEM vai marchar sozinho nessas eleições? Há possibilidade de aliança com o agrupamento do senador Eduardo Amorim (PSDB) por exemplo?
MP – O Democratas marchará com o Partido Verde e o PRTB. Nossa aliança é programática e o que nos une é a luta em defesa do meio ambiente e o fortalecimento do rio São Francisco, especialmente. Temos mais de um milhão de habitantes em nosso estado que consomem água daquele rio e, por essa razão, precisamos nos preparar tecnicamente e politicamente para trabalharmos em prol da revitalização do Velho Chico que está agonizando. Se ele morrer, morreremos de sede. A nossa aliança defende a vida dos sergipanos.
AJN1 – Qual a avaliação que o senhor faz da gestão de Jackson Barreto, a qual o senhor fez parte, herdada por Belivaldo Chagas?
MP – O governo que o antecedeu deixou o estado totalmente desorganizado. Precisamos de um governador que tenha pulso, capacidade de gestão e que seja extremamente rigoroso para corrigir as distorções administrativas que remanesceram. É por isso que sou pré-candidato, porque sei o que precisamos fazer para tirar Sergipe do caos.
AJN1 – 5 – Qual pasta do Governo precisa mais de investimento?
MP – As que desenvolvem atividades essenciais como saúde, segurança e educação.
AJN1 – O desordenado crescimento do déficit da Previdência tem sido o grande gargalo para as finanças do governo do Estado. Ele praticamente dobrou entre os anos de 2013 e 2017, pulando de R$ 546 milhões para mais de R$ 1 bilhão. O rombo é tão astronômico que as medidas anunciadas pelo Governo em janeiro deste ano para conter os gastos e aumentar a arrecadação não fazem nem cócegas perante a situação de calamidade em que se encontra as finanças, levantando, inclusive, cortina de apreensão entre os servidores e uma saraivada de discussões e nos corredores do Palácio dos Despachos. O ex-governador Jackson Barreto, inclusive, devido à queda nos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e de outras receitas, que compromete o pagamento de despesas administrativas e folha dos servidores, já havia dito que se sente envergonhado em não realizar o pagamento da folha dos servidores em dia devido a esses percalços. Caso venha a ser eleito, o que fazer para deixar as finanças em ordem?
MP – Choque de gestão. Redução drástica do Estado com a extinção de secretarias e fusão de órgãos. Diminuição do custo da máquina. Austeridade fiscal. O déficit da previdência aconteceu porque todos os governantes sem exceção fizeram uso do dinheiro destinado exclusivamente à aposentados e pensionistas em outras finalidades. É preciso repor os recursos para equilibrar a conta. Só de ICMS devido pelos cem maiores devedores o Estado tem 8, 5 bilhões para receber. Devemos cobrar de quem deve e impedir a sonegação e a elisão fiscal no estado.
AJN1 – O DEM já tem um candidato à presidência? Mendonça Prado simpatiza com quem?
MP – Discutiremos com os integrantes da nossa coligação assim que realizarmos a nossa convenção partidária.
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