O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou, com exclusividade à RECORD nessa terça-feira (24), que o governo federal não pretende elevar os gastos públicos neste momento. Ao JR Entrevista, Haddad destacou que o debate a respeito de um eventual aumento das despesas “está congelado”, ao defender “parcimônia” e “cautela” para conter a inflação.
“Aumento de gasto público é quando tem necessidade de fazer, em que se faz necessário. Estamos num momento que vamos congelar o debate sobre aumento de gastos até encontrar o caminho da sustentabilidade dos gastos. Neste momento, nenhum aumento de gasto é bem-vindo, a não ser os imprescindíveis”, afirmou à apresentadora Tainá Farfan.
“É hora de dar o exemplo e falar: ‘Olha, menos — na situação do Brasil —, menos é mais’. Se formos parcimoniosos, prudentes nas despesas, teremos mais crescimento. Hoje, temos que ser muito cautelosos. O Brasil tem chance de entrar num ciclo virtuoso”, acrescentou Haddad.
Taxa de juros
O ministro demonstrou preocupação com a Selic, a taxa básica de juros do país. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em decisão unânime, elevou o índice em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano — o maior valor em quase 20 anos.
“Estou preocupado, evidentemente. É uma taxa de juros muito restritiva, muito acima da inflação projetada. Está muito restritiva. Obviamente que as pessoas se preocupam”, observou, sem deixar de defender o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado por Luiz Inácio Lula da Silva.
“Essa alta, sendo muito honesto, quem é do ramo sabe, foi contratada na última reunião da qual participou Roberto Campos [Neto, ex-presidente do Banco Central], em dezembro [de 2024]. É como se tivesse estabelecido uma contratação futura da taxa. Não da para dar cavalo de pau em política monetária, vai perder credibilidade. Tem que ter muita cautela”, continuou.
“E outra: estávamos com problema de inflação, sobretudo de alimentos, que está sendo corrigido agora. Mas estamos num começo de um mandato [de Galípolo], que carrega a memória do anterior [Campos Neto]. Ainda precisamos dar um pouco de tempo ao tempo”, ponderou Haddad.
Crédito imobiliário
O ministro comentou, ainda, uma oferta de crédito imobiliário que deve ser apresentada pelo governo federal em breve. A iniciativa está em fase de debates, segundo Haddad.
“O que está faltando acontecer é o crédito imobiliário para a classe média, que ainda é pequeno na comparação internacional — na casa de 10% do PIB. Tem país, como o Chile, que é 30%. Temos uma avenida para percorrer e estamos nesse movimento. Tivemos uma longa reunião com o presidente Lula para explorar novos instrumentos de crédito imobiliário com garantia, para que o juro seja baixo e possamos alavancar essa indústria, fundamental para o país”, destacou.
Haddad debateu o assunto com Lula, Galípolo e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, no Palácio do Planalto, nessa terça-feira (24).
“É uma ideia muito interessante e está em desenvolvimento neste momento. Vem sendo gestada há muitos meses. Ainda tem a reta final de ajustes, com o Banco Central, o Ministério das Cidades, a Caixa Econômica Federal. Estamos dando os últimos retoques”, completou.
Fonte: R7