ARACAJU/SE, 28 de novembro de 2024 , 21:00:19

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Ministro das Comunicações devolve diárias de viagem em que foi a leilão de cavalos

 

Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, disse que devolveu o dinheiro das diárias recebidas do governo para cobrir despesas de uma viagem a São Paulo. Dos quatro dias em que esteve no estado, o ministro gastou três deles em negócios relacionados aos seus cavalos de raça.

Em nota emitida nesta quinta-feira (2), o ministro alegou que sua agenda de trabalho teve apenas dois dias. Não explicou, contudo, por que informou ao governo que o deslocamento era de quatro dias — de 26 a 30 de janeiro.

Juscelino não declarou se irá devolver as despesas com o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que o trouxe de volta a Brasília quando não estava em serviço. Isso contraria as regras sobre o uso das aeronaves.

O ministro foi a dois leilões, a uma festa em homenagem aos cavalos e inaugurou uma praça dedicada a um animal de seu sócio. Esses compromissos não constam na agenda oficial. Na inauguração da praça, por exemplo, as autoridades locais o anunciaram como membro da equipe do presidente da República.

Juscelino afirmou que voltou a Brasília em voo compartilhado e solicitado pelo Ministério do Trabalho. Portanto, não haveria “cometimento de qualquer [sic] ilegalidade por parte do ministro das Comunicações como alguns veículos de comunicação têm propagado”.

Na nota, o ministro admite que usufruiu “do seu direito de praticar atividades de foro particular em São Paulo”. Além disso, afirmou que é “inaceitável aventar qualquer prática ilegal, tampouco imoral da autoridade pública ao desfrutar do seu período de folga para participar de qualquer compromisso”.

Benefício a empresa suspeita

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, beneficiou a Engefort, uma empreiteira do Maranhão (MA) suspeita de envolvimento em irregularidades milionárias com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), informou o site Metrópoles, na quarta-feira (1˚).

Juscelino estaria pressionando a Codevasf a liberar milhões de reais em emendas federais que ele mesmo destinou ao MA, especificamente para a Engefort.

O ministro chegou a ir pessoalmente à superintendência da estatal, no MA, para defender uma concorrência suspeita na qual a Engefort foi escolhida para obter um contrato de R$ 54 milhões em obras, dos quais R$ 30 milhões têm origem em emendas enviadas por ele próprio, quando era deputado federal. A Controladoria-Geral da União encontrou irregularidades no processo, e a área técnica da Codevasf no Maranhão resiste a revalidar o pregão, temendo problemas futuros.

A reunião de Juscelino com o superintendente da companhia no Maranhão não foi registrada em sua agenda oficial. O encontro ocorreu no horário do almoço, às vésperas do Carnaval, e foi acompanhada por pelo menos dois funcionários da Codevasf, levantando rumores de gravações.

A Engefort é acusada de irregularidades em obras gerenciadas pela empresa. Em outubro do ano passado, uma auditoria do Tribunal de Contas da União revelou indícios de que um cartel de empresas, entre elas a Engefort, estaria atuando para fraudar licitações da Codevasf. A estatal encerrou contratos que somavam cerca de R$ 200 milhões com a empreiteira depois de as suspeitas virem à tona.

A empresa já recebeu pelo menos R$ 25 milhões em verbas públicas com origem de emendas parlamentares de Juscelino. Parentes do ministro das Comunicações têm ligações com a empreiteira.

Em 2020, o pai do ministro e ex-deputado estadual Juscelino Rezende chegou a participar de uma reunião da Engefort com dirigentes da Codevasf no Maranhão.

Até o momento, o ministro não se manifestou sobre o assunto.

Fonte: Revista Oeste

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