Em busca de parcela do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o presidenciável do Podemos, Sergio Moro, comprometeu-se a manter como está a legislação envolvendo o aborto e a promover “a defesa da preservação da vida humana em todas as suas manifestações conforme a lei em vigor”. No Brasil, a interrupção voluntária da gestação é tipificada como crime com previsão de pena de um a três anos para a mãe que causar o aborto ou consentir que outra pessoa o realize. As exceções ocorrem quando a gravidez representa risco de morte para a gestante, se for resultado de estupro ou quando houver anencefalia do feto atestada por exame médico.
Em documento denominado “Carta de Princípios para os Cristãos” divulgado ontem, Moro se compromete a valorizar “a autonomia da instituição familiar” e a respeitar “as preferências afetivas e sexuais de cada indivíduo”.
Elaborada em parceria com o Núcleo de Coordenação Evangélica da campanha do ex-juiz da Lava-Jato, o documento apresenta 14 pontos elencados como “verdadeiros compromissos com os quais sempre pautaremos a nossa conduta junto à comunidade cristã do Brasil”.
“Eu estudei em escola privada e católica em toda a minha vida escolar, praticamente todo o meu período escolar. No final dele fui estudar um tempo em escola pública”, afirmou Moro ontem, durante discurso de lançamento da “Carta de Princípios Cristãos” realizado em Fortaleza. O ex-juiz tem feito um périplo por cidades do Nordeste iniciado ainda no fim do ano passado.
“Tive toda essa formação católica-cristã que a gente carrega com a gente por toda a vida”, afirmou Moro, durante o lançamento – que foi transmitido pelas redes sociais do candidato e do diretório do Podemos do Ceará.
“A campanha também é uma jornada espiritual e a gente vai vendo os sinais por todos os lugares pelos quais a gente passa”, disse. “O que seria da gente se não tivéssemos hospitais cristãos, entidades cristãs? A gente não pode deixar de valorizar a importância da religião e das instituições religiosas na vida desse país”, afirmou o presidenciável do Podemos.
Na carta, Moro também se compromete com pautas sensíveis ao eleitorado cristão: o combate “com rigor” ao tráfico de drogas, “inclusive sua relação com a violência e o crime organizado, buscando proteger famílias, crianças e adolescentes da influência destruidora das drogas”.
O documento menciona também uma potencialização do “combate ao crime violento na forma da lei, com metas ambiciosas para a redução dos homicídios e feminicídios no país”.
A pré-campanha presidencial de Moro ampliou esforços para conquistar o eleitor do Nordeste e diminuir a rejeição ao ex-juiz da Lava-Jato, que permanece acima dos 50% de acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto.
Em viagem a cidades do Ceará iniciada no domingo, Moro esteve em pontos turísticos em Juazeiro do Norte sendo ciceroneado pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE). O ex-tutor da Lava-Jato de Curitiba visitou a estátua do padre Cícero na Colina do Horto e cumprimentou apoiadores e correligionários locais. A agenda do ex-juiz foi registrada em vídeo e transformada em uma peça de campanha divulgada ontem nas redes sociais.
Contando com um jingle cantado por um repentista, Moro é chamado de “tesouro do Nordeste” no vídeo, enquanto aparece sorrindo e almoçando comida típica em um restaurante da região.
Levantamento da plataforma Torabit apontou aumento da percepção negativa de Moro na redes sociais, que chegou a 40,4% no mês de janeiro.
Moro teve média de 4.290 menções diárias relativas às eleições presidenciais deste ano, totalizando 133.002 em janeiro, conforme o monitoramento.
Luiz Inácio Lula da Silva teve 40,9% de menções positivas; Bolsonaro teve 32,4% e o presidenciável Ciro Gomes (PDT) teve 29,1%.
Fonte: Valor Econômico