O economista Affonso Celso Pastore morreu nesta quarta-feira (21), em São Paulo, aos 84 anos. Ele havia sido internado para uma cirurgia no sábado, passou o fim de semana na UTI, mas não resistiu. O enterro será no Morumbi às 13h.
Graduado e com doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), Pastore foi presidente do Banco Central entre 1983 e 1985, durante o governo do ex-presidente João Figueiredo, o último da ditadura militar.
Em seu mandato, Pastore participou de negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a dívida externa brasileira e enfrentou um período de elevada inflação.
Ao tomar posse no BC, rejeitou medidas de choque e afirmou a disposição de seguir as diretrizes dos compromissos firmados com o Fundo, segundo o Cpdoc/FGV. Defendia uma nova ordem econômica mundial, na qual a renegociação da dívida contasse com a colaboração dos países ricos e do sistema financeiro internacional.
Advogava em favor de medidas de controle do processo inflacionário e considerava a redução do déficit público ponto fundamental para a solução dos problemas da economia nacional.
Logo após sair do BC, o economista foi crítico das medidas econômicas heterodoxas implementadas durante o governo do presidente José Sarney, por não combaterem o déficit público.
Condenou o Plano Cruzado, apresentado pelo então ministro da Fazenda, Dílson Funaro, em fevereiro de 1986. De acordo com o Cpdoc/FGV, discordava da caracterização da inflação como estritamente inercial e não acreditava na possibilidade de o governo sustentar o congelamento de preços.
Considerou a moratória, decretada em 1987, “uma demonstração de incapacidade de negociar a dívida externa e rejeitou a justificativa de que um acordo com o FMI implicaria recessão para a economia brasileira”, diz o centro da FGV em documento.
Na gestão pública federal, também integrou a equipe de Antonio Delfim Netto no Ministério da Fazenda.
Fora do governo, Pastore lecionou na USP e na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Também fundou, em 1993, a consultoria A. C. Pastore & Associados, especializada em análises da economia brasileira e internacional.
Pastore voltou à cena política em 2021 para assessorar o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, então pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos. Ele fazia parte de um grupo de conselheiros do então candidato. Em março do ano seguinte, no entanto, Moro desistiu da disputa.
O economista também foi autor de vários de livros. Um deles foi “Erros do Passado, Soluções para o Futuro”, em que analisa os erros de política econômica cometidos a partir dos anos 1960.
Ele nasceu na cidade de São Paulo no dia 19 de junho de 1939 e era filho de Francisco Pastore e de Aparecida Pastore. Casou-se com Maria Cristina Pinott, com quem teve três filhos.
Fonte: O Globo