ARACAJU/SE, 25 de fevereiro de 2025 , 11:06:29

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Morte de Getúlio Vargas completa 67 anos nesta terça, 24

* No início de agosto de 1954, o chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, por iniciativa própria ou a mando de algum político getulista, contratou capangas para assassinarem o principal líder da oposição, o deputado e jornalista Carlos Lacerda, um dos maiores responsáveis pelas críticas que eram feitas ao presidente. Com isso, pretendeu-se silenciar o opositor, mas o resultado foi o pior possível para o governo que, segundo a imprensa, passou a se ver mergulhado em um “mar de lama”.

No atentado, saiu morto um oficial da Aeronáutica que trabalhava também como segurança do jornalista. A partir daí o governo expunha sua fragilidade: o crime cometido não tinha justificativas e, além do mais, ficou provado que fora arquitetado dentro do Palácio do Governo. Desgastado diante da opinião pública, Vargas escapa de uma nova deposição apelando para o suicídio.

O tiro que desfechou no coração, no dia 24 de agosto de 1954, veio acompanhado de uma carta-testamento que se transformaria num dos mais conhecidos documentos históricos brasileiros. Nela, Vargas fazia uma declaração nacionalista e de amor ao povo.

“O suicídio de Getúlio Vargas foi um ato político. Suicidando-se, ele evitou que golpistas, representando interesses reacionários e antinacionais, chegassem ao poder. Com esse ato extremo, Getúlio deu uma sobrevida de dez anos à democracia brasileira, até que o golpe civil-militar de 1964 instaurasse, entre nós, uma ditadura que durou 21 anos”, explica Nilton Cesar Nicola, doutor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH USP.

A Era Vargas, período em que o político governou continuamente durante 15 anos, foi dividida em três partes: o Governo Provisório, período que perdurou de 1930 até 1934 com uma nova constituição colocando Vargas no poder novamente; o Governo Constitucional, que durou até 1937; e o Estado novo, instaurado por uma ditadura que durou até 1945, justificado por uma suposta “ameaça comunista”.

Em 1951, Vargas voltou ao poder por voto popular tendo seu mandato interrompido com sua morte.

Segundo Nilton, “Getúlio Vargas foi a figura dominante na política do Brasil por 24 anos. Candidato derrotado da Aliança Liberal à presidência da República, liderou a Revolução de 1930, que o levou ao poder. Em 1937, desencadeou o golpe que o fez ditador, instituindo o Estado Novo, que durou até 1945. Pode-se dizer que  os ‘Getúlios’ de 1930 e o de 1937, de perfis autoritários, são semelhantes. E que o de 1950, eleito democraticamente e com um projeto de governo progressista, é diferente dos ‘Getúlios’ anteriores”.

1ª página da carta-testamento
Anos mais tarde foi descoberta, nos arquivos pessoais de Getúlio guardados pela família, uma segunda versão dessa carta, escrita a mão por Vargas, cujo tom era parecido.

1ª página da versão manuscrita da carta


 

* Trecho retirado do livro:
Maria Celina D’Araujo, A Era Vargas. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1997. 103p. il. (Coleção polêmica)

Fontes: FGV e FFLCH/USP

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