Apontado como potencial candidato à presidência da República em 2022, Ciro Gomes (PDT) disse que não se interessa pelo que possíveis aliados “fizeram no verão passado” e que tem dois objetivos para o próximo ano: derrotar Jair Bolsonaro e apresentar um Projeto Nacional de Desenvolvimento.
A manifestação de Ciro Gomes pelo Twitter ocorre depois que o ex-governador do Ceará assinou um manifesto em defesa da democracia ao lado de outros cinco potenciais candidatos à presidência: o apresentador Luciano Huck (sem partido), o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), os governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS) e o ex-presidente do partido Novo, João Amoedo.
Ciro Gomes não se referiu especificamente à carta, mas o seu discurso complementa seu posicionamento de alinhamento de discurso com políticos do campo da direita que buscam um caminho que evite a polarização vista nas eleições de 2018 entre o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o PT, que pode ter a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva em substituição a Fernando Haddad.
“Amigos e amigas, a tarefa agora é proteger vidas e as liberdades democráticas”, disse Ciro Gomes, antes de falar que não se interessa pelo que fizeram no verão passado”
Na sequência, ele explicou as suas prioridades para 2022:
Reconciliarmos o povo brasileiro ao redor de um generoso Projeto Nacional de Desenvolvimento que nos tire do ambiente de terra arrasada – socioeconômica e de saúde pública – em que fomos atolados pelo ódio, pela falta de projeto e conversa mole travestida de esquerda.
— Ciro Gomes (@cirogomes) April 2, 2021
Corrupção e “causa do ódio”
Sem fazer referências diretas aos governos petistas, Ciro Gomes ainda disse que a “corrupção foi instrumento central do modelo de poder que nos governou nas últimas duas décadas”. Para ele, esta é a ‘causa do ódio que o povo votou em 2018″.
Por fim, Ciro Gomes disse que “voltar ao passado não é a porta de nosso futuro” e que lutará “ao redor destas convicções sem medo de cara feia!”.
Voltar ao passado, definitivamente, não é a porta de nosso futuro. É ao redor destas convicções que lutarei sem medo de cara feia!
— Ciro Gomes (@cirogomes) April 2, 2021
O pedetista se posiciona em um momento em que Lula volta a figurar entre os potenciais candidatos após voltar a ser elegível. Ciro Gomes é alvo de críticas do ex-presidente por não ter feito campanha por Haddad no segundo turno das eleições de 2018. A viagem do terceiro colocado do pleito para Paris até hoje é lembrada por petistas.
Ontem, Lula usou essa referência ao criticar os autores do manifesto por não terem se alinhado a Haddad. “Todos eles tiveram a chance em 2018 de deixar a democracia garantida votando no Haddad. Essa gente preferiu votar no Bolsonaro”, disse em entrevista para a BandNews. “Ciro só foi para Paris, não votou.”
Veja a íntegra a manifestação de Ciro Gomes:
“Amigos e amigas, a tarefa agora é proteger vidas e as liberdades democráticas (toda pressão do mundo por vacina, socorro emergencial de R$ 600,00 até que 80% de nosso povo esteja vacinado e olho na escalada golpista do genocida Bolsonaro).
Quem puder, quiser, junte-se a nós nesta luta. Não me interessa o que fizeram no verão passado.
Para o ano que vem, 2022, as tarefas são duas: Derrotar Bolsonaro e sua agenda genocida, antinacional, entreguista, corrupta, e antipovo e, mais importante:
Reconciliarmos o povo brasileiro ao redor de um generoso Projeto Nacional de Desenvolvimento que nos tire do ambiente de terra arrasada – socioeconômica e de saúde pública – em que fomos atolados pelo ódio, pela falta de projeto e conversa mole travestida de esquerda.
Bolsonaro não aconteceu por acaso. Entender por que um povo tão generoso como o nosso deu vitória tão superlativa a este marginal, significa entender que há DEZ ANOS o Brasil não cresce.
Entender que nosso sistema de impostos é o mais injusto do planeta terra. Entender que apenas 5 brasileiros têm fortuna equivalente às posses de 100 milhões de irmãos nossos mais pobres.
Entender que isto foi uma traição histórica ao compromisso progressista no qual nosso povo apostou 6 eleições seguidas. Entender que a corrupção foi instrumento central do modelo de poder que nos governou nas últimas duas décadas. Esta é a causa do ódio que o povo votou em 2018.
Voltar ao passado, definitivamente, não é a porta de nosso futuro. É ao redor destas convicções que lutarei sem medo de cara feia!”