Apesar de representarem a maioria da população brasileira (56%), segundo o Censo 2022, pretos e pardos são minoria entre os candidatos às eleições municipais deste ano. Os postulantes que se autodeclaram negros são apenas 35,6%, ou 5,2 mil pessoas, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), o que indica uma subrepresentação. Os candidatos brancos, por sua vez, são 63,6% do total, embora a parcela da população branca no país seja de 43%. E somente em 1,3% das cidades do país têm algum candidato amarelo ou indígena.
O estudo feito pela CNM apresenta a declaração de raça dos candidatos, suas características e a comparação com os estratos populacionais de raça, além do detalhamento desse cenário por estado. Santa Catarina, por exemplo, é onde há maior subrepresentação da população negra: lá, apesar de 23% dos catarinenses se declararem pretos ou pardos, apenas 4% dos candidatos a prefeituras se declararam negros.
Outra grande disparidade é vista no Ceará, em que 71% dos moradores são negros, mas só 45% dos candidatos se declaram dessa maneira. E o cenário se repete em todos os estados do país. Em São Paulo, por exemplo, 48% do eleitorado é negro, mas os candidatos pretos ou pardos são 15%. No Rio de Janeiro, esse eleitorado é maioria, 61%, mas apenas 26% dos candidatos se declaram negros.
Historicamente, é possível notar um avanço ainda tímido. Se comparada com o cenário em 2022, a proporção de candidatos negros aumentou de 32,8% para 35,9% — ou seja, 3,1 pontos percentuais. O cenário, contudo, ainda é visto como “um obstáculo para a diversidade e a pluralidade na política”, segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
O estudo também identificou que os candidatos negros são mais jovens, enquanto os declarados brancos são mais escolarizados e possuem proporcionalmente mais candidatos à reeleição. Avaliando as ocupações, os candidatos brancos possuem maior representação entre empresários, advogados e agricultores, enquanto os candidatos negros são mais frequentes entre os vereadores, servidores municipais e professores.
Fonte: VEJA