Caiu 19% a quantidade de candidatos inscritos para concorrer nas eleições municipais de outubro deste ano em comparação com a eleição municipal de 2020, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O 1º turno ocorre no dia 6 de outubro.
Havia 453.302 candidaturas confirmadas no site do tribunal até as 19h30 dessa quinta-feira (15), data limite para o pedido dos registros. Em 2020, o país registrou número recorde de 557.678 candidatos para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador na última eleição municipal. A marca ocorreu em pleno ano de pandemia de covid-19.
Os registros on-line terminaram às 8h, enquanto a entrega presencial dos documentos nos juízos eleitorais se encerrou às 19h.
As entregas presenciais demandam mais tempo até ser aprovadas e computadas no sistema on-line. Com isso, o número ainda pode mudar, mas a expectativa, segundo apurado pelo G1, é de que não será o bastante para mudar o cenário de queda entre 2020 e 2024.
É a primeira queda no total de candidatos municipais desde 2008, quando 381.327 registros foram feitos no TSE. Houve crescimento contante nas três eleições municipais seguintes: em 2012, 2016 e 2020.
O número deste ano representa queda de quase 20% no total de candidatos comparado à eleição anterior, conforme a última atualização do TSE. O número absoluto é de quase 100 mil candidaturas a menos.
Neste ano, até o momento são 15.366 registros para prefeito, queda de 21% em relação às 19.379 candidaturas em 2020. A queda é de 22% para candidaturas a vice-prefeito: 15.446 contra 19.814.
Já para a disputa para vereadores, há um total de 422.490 registros aprovados para 2024, 19% menos quando comparado aos 518.485 concorrentes na eleição passada.
Ao todo, o país tem 5.569 prefeituras em disputa nas cinco regiões e média de quase três candidatos para prefeito e vice. Já as vagas para vereador são 58.464, com média de sete candidatos para cada cadeira nas Câmaras Municipais.
Possibilidades para a queda
Para a doutora em ciência política Vera Chaia, professora de Política da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, existem algumas hipóteses para a queda, como descrença na política, custo das campanhas eleitorais, coligações limitando candidaturas, entre outros.
“É preciso ver a relação entre os partidos políticos com as regiões e candidatos. Isso porque quem escolhe os candidatos são os partidos e preferem aqueles que possuem maior capital político, que tragam rendimentos políticos para os partidos”, analisa a especialista.
O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Jairo Nicolau considera dentro da normalidade a queda nas candidaturas por conta da dificuldade de os partidos conseguirem eleger os candidatos em cidades menores.
“Estamos em um processo de compactação. Depois da pulverização plena do quadro partidário, estamos agora em um outro desenho de concentração, para um de compactação”, analisa.
A análise leva em consideração o quociente eleitoral, que é a conta feita para definir o número de votos necessário para eleger um candidato. O cálculo pega o total de votos e divide pelo total de vagas para determinado cargo.
Segundo Nicolau, diminuiu a margem de erro para os partidos escolherem candidatos. “Se eu lanço um candidato a prefeito, por exemplo, numa cidade média; se não tem dinheiro, se ele não é competitivo, você está perdendo tempo. Vários partidos passaram a fazer essa conta porque o cenário agora é de restrição”, aponta.
Fonte: G1