A Ordem dos Advogados do Brasil, ministros do Supremo e políticos de vários partidos criticaram a postura do presidente Bolsonaro ao incitar a população em atos antidemocráticos.
O presidente do senado, Rodrigo Pacheco, do Democratas, sem citar as manifestações, usou uma rede social para afirmar que “ao tempo em que se celebra o Dia da Independência, expressão forte da liberdade nacional, não deixemos de compreender a nossa mais evidente dependência de algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado Democrático de Direito.”
O presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, passou o dia em Maceió, de onde acompanhou os discursos de Bolsonaro. E decidiu voltar para Brasília ainda nesta terça-feira (7) para se reunir com líderes e autoridades. Quer saber como eles avaliaram as declarações de Bolsonaro.
Presidente do MDB, o deputado Baleia Rossi disse que são inaceitáveis os ataques a qualquer um dos poderes constituídos. “Não podemos fechar os olhos para quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios contra tais ataques.”
Também numa rede social, Roberto Freire, presidente do Cidadania, afirmou que não há acordo possível com golpista. Que Bolsonaro atacou o STF e urnas eletrônicas.
Presidente do PSDB, o deputado Bruno Araújo convocou uma reunião extraordinária para, diante das gravíssimas declarações do presidente da República nesta terça (7), discutir a posição do partido sobre abertura de impeachment e eventuais medidas legais.
Mesmo tom do governador de São Paulo, João Doria, do PSDB, que defendeu o impeachment de Bolsonaro: “Ele claramente afronta a Constituição. Ele desafia a democracia e empareda a Suprema Corte brasileira”.
Para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do PSDB, “inflação, desemprego, apagão de energia, desmatamento da Amazônia, pandemia… Esses deveriam ser os inimigos do presidente do Brasil, e não outros brasileiros. Mas Bolsonaro se engana: nossas cores e nosso país não têm dono. Iremos defender os brasileiros e a democracia que ele ataca.”
O governador do Ceará, Camilo Santana, do PT, afirmou que “essas ameaças de tom golpista tentam demonstrar força, mas, ao contrário, só revelam a fraqueza e o desequilíbrio de quem as faz. Mostram desprezo às leis e à Constituição. Tentam provocar o caos para tirar o foco dos reais problemas do país e da total incapacidade de resolvê-los.”
Flávio Dino, do PSD, governador do Maranhão, disse que “a última vez que um presidente da República resolveu ‘enquadrar’ e colocar nos ‘eixos’ ministros do Supremo foi em 16 de janeiro de 1969, sob a ditadura do AI-5, com a cassação de Hermes Lima, Victor Nunes Leal e Evandro Lins e Silva.”
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues, da Rede, publicou: “Superaremos esse tempo, página infeliz da nossa história! O verdadeiro patriota se compadece de seus compatriotas. Se compadece quando seu compatriota sente fome, adoece. O povo brasileiro é diversidade, e não desunião. Apesar deles, amanhã há de ser outro dia!”
A senadora Simone Tebet, do MDB, disse que “resposta ao grito de hoje do presidente, recheado de insinuações, ameaças e ações constantes contra a ordem democrática e as liberdades públicas: Congresso Nacional está vigilante e tem instrumento constitucional para conter qualquer tentativa de retrocesso.”
O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira, afirmou que a “lei define os crimes de responsabilidade do presidente. E que, ao não cumprir decisões judiciais, a pena é perda do cargo (impechment) e dos direitos políticos por até cinco anos.”
O senador Humberto Costa, do PT, disse que Bolsonaro está isolado. Segundo ele, “quem pensa que Bolsonaro deu demonstração de força se engana totalmente. Está isolado da população, da comunidade internacional, das elites econômicas, dos meios de comunicação, das classes médias. Não vai dar o golpe que pretende, pois terá resistência.”
O ministro Alexande de Moraes, do Supremo, foi um dos principais alvos das críticas do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores. Ele publicou uma mensagem em uma rede social, sem citar o ato. “Nesse Sete de Setembro, comemoramos nossa Independência, que garantiu nossa liberdade e que somente se fortalece com absoluto respeito à democracia.”
O ministro Luis Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e que tem sido criticado por Bolsonaro, também se manifestou. Mas cedo, antes do ato em Brasília. “Eleições livres, limpas e seguras. O amor ao Brasil e a democracia nos une, sem volta ao passado.”
Os ministros do Supremo Tribunal Federal se reuniram por uma hora para discutir os atos desta terça. Em nota, o STF informou que na quarta-feira (8), na abertura da sessão, o presidente Luiz Lux vai se pronunciar sobre os atos em nome do Tribunal.
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, do PL, comentou a convocação da reunião do Conselho. “É bom que convoque, porque se ele convocar qualquer proposta de viés autoritário, fora dos marcos da Constituição, será derrubada pela composição do Conselho da República. Vamos lá, presidente, convoque o Conselho da República e espere e respeite a decisão que ele tomará.”
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, “chegou o momento histórico de os presidentes da Câmara e do Senado tomarem posição. A sociedade espera atitude firme de defesa da democracia ameaçada.”
Fonte: G1