ARACAJU/SE, 23 de abril de 2025 , 16:23:39

Pedro Lucas rejeita convite para assumir Ministério das Comunicações

 

O líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), decidiu, nessa terça-feira (22), recusar o convite para se tornar ministro das Comunicações. A decisão de não entrar no governo aconteceu por um pedido da cúpula do partido, que queria evitar uma disputa pela liderança na Casa. Ainda não está definido quem assumirá o Ministério das Comunicações. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), irão debater o assunto.

“Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa (…) A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil”, disse Fernandes, em nota, também pedindo “desculpas” a Lula.

O Palácio do Planalto, por meio da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, havia anunciado que o líder partidário iria para o ministério e que deveria assumir o cargo no fim deste mês. Mesmo assim, uma força-tarefa, que incluiu o presidente do União, Antonio Rueda, fez com que o parlamentar recuasse.

A troca na pasta das Comunicações acontece após Juscelino Filho sair do cargo por ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeitas de desvios em emendas parlamentares. Ele nega irregularidades.

O nome do líder partidário para o cargo foi sugerido pelo presidente do Senado durante um almoço com Gleisi e Rueda. O encontro aconteceu no dia 8 de abril, mesmo dia em que Juscelino saiu do governo, e, naquele momento, Rueda aceitou a sugestão de Pedro Lucas para o cargo.

Colegas de legenda de Alcolumbre dizem que o interesse dele em ter Pedro Lucas como ministro era abrir uma vaga na liderança do partido na Câmara e colocar o ex-ministro da pasta Juscelino Filho na função. A operação, no entanto, não contou com o endosso da maioria dos deputados do União, e nomes como Moses Rodrigues (CE), Damião Feliciano (PB) e Mendonça Filho (PE) se movimentaram para liderar o partido.

Diante da guerra interna pela liderança, Rueda se movimentou para convencer Pedro Lucas a não aceitar o convite.

Davi Alcolumbre é o responsável por intermediar a relação entre o União e o governo. É dele a palavra final para a indicação de todos os ministros que cabem à legenda.

Por conta disso, o senador vem acumulando divergências com outros integrantes da cúpula do União Brasil a respeito da participação do partido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos rumos que a legenda deve tomar na eleição de 2026. Tanto Rueda como o primeiro-vice do União, ACM Neto, defendem uma postura mais distante do governo.

Pedro Lucas optou por submergir nessa terça-feira. Ele não foi ao Congresso e nem participou da reunião da bancada do União Brasil na Câmara, que foi conduzida pelo deputado Rodrigo de Castro (MG) e durou cerca de 30 minutos para debater as pautas desta semana.

O líder partidário passou a manhã e a tarde com o presidente do União Brasil e com Davi Alcolumbre para discutir os cenários diante da recusa do ministério. Chegou-se a conclusão que seria insustentável aceitar o convite para compor o governo diante do cenário de disputa interna na bancada.

Havia uma pressão para que o parlamentar não aceitasse o cargo desde quando o ministério ficou vago, com a saída de Juscelino, no dia 8 de abril. A ala oposicionista da legenda avaliava que a escolha de alguém que é líder do partido para um cargo no primeiro escalão do governo seria vincular excessivamente o partido ao governo.

Além de ele ser líder, o deputado é um dos parlamentares mais próximos de Rueda, o que deixaria o partido ainda mais vinculado ao governo, algo que parte da cúpula nacional quer evitar. Integrantes do União já trabalhavam há cerca de duas semanas para evitar que o nome de Pedro Lucas fosse levado ao governo.

Apesar disso, segundo integrantes do partido, o presidente do Senado insistiu em apresentar o nome do deputado ao Poder Executivo. Alcolumbre e Pedro Lucas se reuniram com Lula no Palácio da Alvorada e lá foi selado o acordo para que ele substituísse Juscelino na pasta.

Tão logo a ministra da Secretaria de Relações Institucionais anunciou no dia 10 de abril que Pedro Lucas seria ministro, a ala oposicionista da sigla procurou Rueda e ele foi convencido a trabalhar para que o parlamentar recusasse o convite.

Por conta da conversa com o presidente do União, Pedro Lucas, que na véspera tinha falado que aceitaria o governo, deu um passo atrás e divulgou um texto em que anunciou que irá conversar com a bancada de deputados antes de decidir.

O próprio processo de definição que definiu Pedro Lucas como líder, que aconteceu em fevereiro, foi conturbado e citado como razão para ele não aceitar. Quando Elmar Nascimento foi convencido a sair da liderança do União em dezembro do ano passado, o partido entrou em uma guerra interna entre aqueles que resistiam a dar a Rueda influência sobre a bancada e aqueles que queriam um acordo com o presidente do União.

Prevaleceu a escolha ligada a Rueda e Pedro Lucas foi escolhido ministro, mas, caso ele saísse do cargo para virar ministro, a mesma disputa iria se repetir, com a possibilidade até de um deputado oposicionista se tornar líder.

Fonte: O GLOBO

 

 

 

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