A liberação hospitalar do ex-presidente Jair Bolsonaro passa por avaliação diária criteriosa da equipe médica e segue parâmetros técnicos voltados à segurança no pós-operatório. Para os profissionais responsáveis, o fator central envolve a capacidade de autocuidado, conceito utilizado na prática clínica para definir autonomia mínima durante a recuperação.
“O que nos interessa neste momento é a segurança do paciente”, afirma o cirurgião Cláudio Birolini. “A capacidade de realizar atividades básicas sem apoio constante é determinante para considerar a saída do hospital”.
Segundo os médicos, autocuidado significa realizar tarefas essenciais sem auxílio permanente, como tomar banho, vestir-se, alimentar-se e movimentar-se com segurança.
“Enquanto essas ações exigirem ajuda contínua, não podemos liberar o paciente. Isso vale para qualquer pessoa em recuperação, independentemente de sua trajetória política ou social”, explica o cardiologista Brasil Caiado.
A alimentação adequada também pesa na decisão. Para a equipe, aceitar uma dieta regular indica bom funcionamento do organismo e resposta positiva ao tratamento clínico.
“A alimentação é um reflexo importante da evolução clínica. Quando ela ocorre sem queixas, sinaliza que o sistema gastrointestinal está reagindo bem”, diz o cardiologista Leandro Echenique.
Outro fator determinante envolve a mobilidade. Caminhar curtas distâncias, levantar-se sem dor extrema e mudar de posição com equilíbrio reduzem riscos como trombose venosa e perda de massa muscular.
“A fisioterapia motora faz parte da rotina por esse motivo. Mobilidade preservada é um dos critérios que procuramos para pensar em alta”, complementa Birolini.
Os médicos ressaltam ainda que existe diferença entre alta hospitalar e liberação judicial. A alta resulta exclusivamente de critérios clínicos aplicados pela equipe de saúde e significa saída do hospital com orientações médicas específicas.
A liberação judicial, por sua vez, depende de decisão do Judiciário e indica onde a pessoa deverá cumprir determinada determinação legal.
“Minha responsabilidade limita-se ao leito e à recuperação do paciente. O que a Justiça decidir sobre o local de cumprimento de pena não faz parte da nossa atuação clínica”, afirma Echenique.
Mesmo que Bolsonaro atenda aos critérios de autonomia e evolução, eventual retorno à Superintendência da Polícia Federal — onde cumpre pena — ou outro local de custódia requer nova avaliação por parte do Judiciário.
Por isso, especialistas das áreas médica e jurídica conduzem suas análises em esferas distintas, ainda que o quadro de saúde possa influenciar o debate.
Até o momento, conforme a própria equipe relatou, o ex-presidente ainda depende de ajuda para atividades básicas, motivo pelo qual permanece sob observação no hospital.
Fonte: R7





