ARACAJU/SE, 30 de outubro de 2024 , 0:29:37

logoajn1

Presidenciáveis apresentam propostas para economia

 

Com a defesa do corte de gastos, aumento de investimentos e geração de empregos, os candidatos à Presidência da República participaram nesta segunda-feira (6) do evento O Futuro do Brasil na Visão dos Presidenciáveis 2018. O encontro foi promovido pela Coalizão pela Construção, que reúne 26 entidades representativas da indústria da construção, e teve como objetivo ouvir as propostas dos presidenciáveis para o setor.

Álvaro Dias (Pode), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB) estiveram presentes na parte da tarde, e além de uma apresentação inicial, responderam a perguntas de integrantes do grupo de empresários e do mediador dos debates. Mais cedo, foi a vez dos proponentes ao Palácio do Planalto Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB).

A organização do evento informou que foram chamados os candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos, além do candidato do MDB, Henrique Meirelles, pela representatividade do partido. O candidato Jair Bolsonaro (PSL) alegou problemas de agenda e não compareceu. O PT não foi convidado, pois o candidato Luiz Inácio Lula da Silva está preso em Curitiba.

Marina Silva prevê mais recursos para infraestrutura

A candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede) participa do debate "Futuro do Brasil", realizado pela Coalizão pela Construção, formada por 26 das mais importantes entidades representativas da indústria da construção.
Marina Silva quer investir em energia renovável e saneamento básico – (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

A empresários da construção civil, a candidata da Rede destacou que, para a retomada do setor, sua agenda econômica prevê a ampliação dos recursos para a infraestrutura. Ela citou o aperfeiçoamento do programa Minha Casa, Minha Vida para sanar o déficit de moradias. “Urge combater os guetos de pobreza com moradias sustentáveis, em bairros com infraestrutura”, afirmou.

“Universalizar o saneamento básico é uma das principais metas de nosso programa de governo. É uma medida essencial para a qualidade de vida da sociedade, para o meio ambiente e as atividades econômicas que dependem de água limpa como agricultura e turismo”, acrescentou.

Marina destacou que, se eleita, vai investir em energia renovável, obras de drenagem, mobilidade urbana e geração de energia para movimentar a economia. Ela ressaltou que o licenciamento ambiental deve ser aperfeiçoado para trazer agilidade para as obras sem perder de vista a qualidade dos projetos.

Para destravar a economia, a candidata defendeu a diversificação e maior competitividade no setor de crédito, como, por exemplo, a entrada das Fintechs (empresas de tecnologia no setor financeiro). Marina lembrou da importância do cadastro positivo que tramita no Congresso Nacional. O texto-base foi aprovado na Câmara, mas faltam ser votados dez destaques ao projeto

Em diversos momentos de seu discurso, Marina destacou a importância do combate à corrupção para atrair investimentos e afirmou que a Operação Lava Jato não será “sabotada”, caso seja eleita.

Alckmin defende retomada de obras paradas

O candidato à Presidência da Republica, Geraldo Alckmin (PSDB) participa do debate "Futuro do Brasil", realizado pela Coalizão pela Construção, formada por 26 das mais importantes entidades representativas da indústria da construção.
Alckmin pretende aumentar o número de instituições bancárias e a competitividade no setor – (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Alckmin afirmou que, em um eventual governo do PSDB, vai trabalhar para concluir as obras paralisadas no país. ‘Tem muita obra parada, como a [ferrovia] Transnordestina. Vamos terminar o mais rápido possível. Estamos estudando a maneira de fazê-lo: ter uma empresa nova para essa obra ser concluída e o setor privado participa dessa empresa nova e conclui a obra. Tem vários modelos que estamos estudando”, disse em entrevista após discursar no evento.

O tucano destacou que o valor arrecadado pelo governo federal, de cerca de R$ 3 bilhões, das empresas de saneamento com a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Pasep, será devolvido em investimentos em água e esgoto, caso seja eleito. “Teremos todo o empenho na infraestrutura e logística no país”.

Para aumentar a oferta de crédito do país, Alckmin disse que seu programa pretende aumentar o número de instituições bancárias e a competitividade no setor. Também destacou que não há definição sobre uma possível privatização de bancos públicos. “Setor bancário e Petrobras na prospecção de águas profundas, vamos manter estatal”, acrescentou.

O tucano ressaltou, entretanto, que pretende quebrar “na prática” o monopólio do refino, que “hoje 99% está na mão da Petrobras”, para aumentar a competição na área e os investimentos no país.

Alckmin ainda defendeu a revisão do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal, para que todo os recursos do FGTS sejam destinados para projetos de moradia, mobilidade e infraestrutura.

Álvaro Dias defende redução de juros para atrair investimentos

Para o candidato do Podemos, Álvaro Dias, o Brasil precisa recuperar a credibilidade, melhorar o ambiente de negócios e reduzir taxas de juros para que se torne mais atrativo para investimentos.

Álvaro Dias criticou escândalos de corrupção e disse que quanto pior é a imagem de um país nesse quesito, menos investidores apostam nele.

O candidato à Presidência da Republica, Álvaro Dias (Podemos) participa do debate "Futuro do Brasil", realizado pela Coalizão pela Construção, formada por 26 das mais importantes entidades representativas da indústria da construção.
Álvaro Dias (Podemos) defende redução de juros e da carga tributária – (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

“O ajuste fiscal tem que ser acompanhado do crescimento econômico. Acho que o presidente deve, e eu farei isso, conversar com a sociedade e dizer: ‘Vamos garantir uma regulação competente e segurança jurídica. Retirem os recursos da conta bancária e invistam, enquanto nós vamos arrumar a casa'”, disse, criticando também a “burocracia vergonhosa que nos impede de crescer”.

Além de reduzir a carga tributária, o candidato defendeu um modelo para os impostos que priorize a “distribuição de renda e a justiça social”, tributando mais a renda do que o consumo. “A redução das taxas de juros é possível sim, e elas serão reduzidas”. O senador prometeu instituir um conselho consultivo do setor da construção que dialogue “diretamente” com o presidente.

Sobre o programa Minha Casa, Minha Vida, Álvaro Dias elogiou a ideia do programa, mas defendeu que seja melhor administrado. Segundo ele, as obras devem ter mais qualidade técnica, prevendo melhorias próximas aos conjuntos habitacionais, como postos de saúde e escolas.

Ciro pretende criar 2 milhões de empregos no primeiro ano

O candidato Ciro Gomes (PDT) defendeu como prioridade de sua eventual administração o corte de despesas e renúncias fiscais, a cobrança de impostos sobre lucros e heranças e a criação de um “projeto nacional de desenvolvimento”.

O candidato à Presidência da Republica, Ciro Gomes (PDT) participa do debate "Futuro do Brasil", realizado pela Coalizão pela Construção, formada por 26 das mais importantes entidades representativas da indústria da construção.
Ciro Gomes quer cobrança de imposto sobre lucros e metas para o país para os próximos 30 anos – (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Em resposta às demandas dos presentes no evento, o candidato disse que o “único setor com capacidade imediata de produzir empregos” é o da construção.

Ciro Gomes criticou diversas vezes a concentração do sistema bancário do país e defendeu que o próximo presidente faça com que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil saiam do “cartel” e sejam forçados a competir. “No Brasil, de forma absolutamente irresponsável, permitimos que nos últimos 15 anos, 85% das transações financeiras do nosso país se concentrem em cinco bancos, dois dos quais estatais”, disse.

Citando Espanha e Itália como modelos, o candidato pedetista disse que pretende elaborar metas para o Brasil para os próximos 30 anos. O objetivo seria se equiparar a nações com melhores indicadores socioeconômicos, como renda per capita e mortalidade materno-infantil.

“Eu quero apresentar explicitamente uma meta de criar dois milhões de empregos no primeiro ano. O Brasil precisa se reindustrializar. O mais rápido de todos setores é a construção civil. Você tem hoje uma montanha de dinheiro de exigibilidade do FGTS que estão estocados na especulação financeira por incapacidade na formulação de projetos e excessiva burocracia da União”, disse.

Meirelles pretender manter concessões à iniciativa privada

Com foco em pilares econômicos e de geração de empregos, Henrique Meirelles, candidato pelo MDB, fez um discurso em defesa de reformas “fundamentais”, como a da Previdência que, segundo ele, auxiliarão o Brasil a reduzir despesas públicas primárias.

“A primeira é diminuir o tamanho do Estado”, disse, citando também a tributária e a manutenção de outras reformas feitas no governo Michel Temer, como a trabalhista e o teto de gastos.

O candidato à Presidência da Republica, Henrique Meirelles (MDB) participa do debate "Futuro do Brasil", realizado pela Coalizão pela Construção, formada por 26 das mais importantes entidades representativas da indústria da construção.
Se eleito, Henrique Meirelles (MDB) pretende fazer reformas, como a da Previdência, e finalizar obras paradas – (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Dentre as propostas citadas pelo candidato estão a finalização de obras paralisadas, cujo investimento necessário seria, de acordo com ele, de R$ 80 bilhões. “Os recursos vêm de diversas fontes. Em primeiro lugar, a reforma da Previdência. Vamos ter diminuição das despesas obrigatórias. Isso vai gerar recursos maiores para investimento”, afirmou.

Meirelles prometeu também manter programas de concessão à iniciativa privada no setor de infraestrutura, privatizar estatais da área “que hoje têm fraco desempenho”.

Além do processo de refino e transporte de combustível, a bandeira da privatização também foi lembrada por ele ao citar a Eletrobras.

Em entrevista coletiva, Meirelles foi questionado sobre o aborto. Na resposta, o candidato disse que “em circunstâncias adequadas” o aborto é “parte dos direitos da mulher”, porém defendeu que a “primeira coisa é respeitar” a lei e decisões de tribunais. Atualmente, o aborto é permitido somente nos casos de estupro, de gestação de fetos anencéfalos ou se a gestante esteja correndo risco de morrer.

Coalizão pela Construção

Segundo a Coalizão pela Construção, o setor tem papel central para a geração de emprego formal e renda e responde por mais de 50% do investimento no Brasil. No entanto, dizem as entidades, por causa da crise econômica que combina forte retração no crédito para empresas e redução significativa da renda das famílias, a construção civil tem enfrentado fortes perdas nos últimos anos, sendo o único setor da indústria que não acompanhou os recentes sinais de reação da economia.

A agenda estratégica da indústria da construção, em documento enviado aos presidenciáveis, propõe medidas para reverter a retração do setor. O ponto principal dessa pauta é a retomada do investimento, com foco na infraestrutura, na habitação e no mercado imobiliário, e na geração de empregos.

Fonte: Agência Brasil

Você pode querer ler também