A Promotoria retirou, hoje (28), todas as acusações de corrupção e fraude contra Neymar e os demais réus no julgamento realizado em Barcelona, na Espanha, por supostas irregularidades em torno da transferência do jogador para o Barça em 2013.
O procurador anunciou a “retirada das acusações contra todos os réus e por todos os fatos” pelos quais foram processados. A Promotoria havia pedido inicialmente dois anos de prisão e uma multa de 10 milhões de euros contra o jogador brasileiro.
Após a decisão de hoje, o julgamento será retomado na próxima segunda-feira (31), quando as partes apresentarão os seus relatórios finais, segundo o jornal Mundo Deportivo. Os réus terão direito à última palavra antes de ser lida a sentença.
Os pais de Neymar, os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu e o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues Filho também foram processados, assim como três pessoas jurídicas: FC Barcelona, Santos FC e a empresa fundada pelos pais do jogador para administrar sua carreira.
Todos eram acusados pelo fundo de investimentos DIS, que possuía parte dos direitos econômicos de Neymar quando ele era uma jovem promessa, pela suposta ocultação do valor real de sua transferência para o Barça em 2013.
O Barcelona anunciou em um primeiro momento que a contratação de Neymar custou 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 milhões para o Santos), mas a Justiça espanhola calculou que a operação custou ao menos 83 milhões de euros.
Para o DIS, que pertencia ao grupo brasileiro de supermercados Sonda, o Barça, Neymar e mais tarde o Santos se aliaram para ocultar o valor real da operação por meio de outros contratos dos quais ficou de fora.
A empresa, que adquiriu 40% dos direitos econômicos do jogador em 2009, recebeu 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos oficialmente ao clube brasileiro.
Por considerar-se duplamente prejudicado, tanto por não ter recebido sua parte da transferência real quanto pelo contrato de exclusividade assinado por Neymar e o Barça —que impediu outros clubes de disputar a contratação do atacante—, o fundo DIS pediu a restituição dos 35 milhões de euros que calcula ter perdido. O grupo pediu ainda cinco anos de prisão para o jogador, Rosell e Bartomeu, além de multas milionárias.
Os advogados do brasileiro sempre negaram qualquer irregularidade e afirmaram que a Espanha não tem competência legal para o caso.
Neymar diz que assinava os documentos que seu pai pedia
O julgamento em Barcelona começou na segunda-feira da semana passada (17) com a presença de Neymar. No primeiro dia, o jogador não deu nenhuma declaração. A defesa do atleta conseguiu autorização para que ele e seus pais deixassem o tribunal por algumas horas durante a audiência inicial.
O motivo? O jogador estava cansado depois de disputar uma partida no domingo anterior, quando fez o gol da vitória do PSG contra o Olympique de Marselha pelo Campeonato Francês.
Neymar voltou ao tribunal no dia seguinte para prestar depoimento. Ele disse que assinava os documentos que seu pai apresentava.
“Meu pai sempre cuidou das negociações de contrato. Eu assino o que ele pede”, afirmou Neymar ao ser questionado pela Promotoria.
O jogador também foi questionado se recebeu ofertas de outros clubes que não sejam o Barcelona. Ele falou por cerca de cinco minutos. “Eu sabia dos rumores de outros clubes, mas meu sonho era assinar com o Barça e em 2013 decidi ir para o Barça e deixar o Santos”, disse.
“Tive opções de muitos clubes, mas meu sonho sempre foi jogar no Barça, desde criança queria jogar lá e sempre sigo meu coração”, acrescentou Neymar. “Lembro que tinha o Real Madrid e não me lembro de outros [clubes]. No último momento, foi Real ou Barça, mas o meu coração me fez ir para o Barça.”
Previsto a princípio para uma data posterior, o depoimento do camisa 10 da seleção brasileira na Audiência de Barcelona foi antecipado a pedido de seus advogados, que alegaram que o atacante tinha dois jogos do PSG nos dias seguintes. Após prestar depoimento, o atleta não foi obrigado a acompanhar presencialmente o restante do julgamento e retornou para a França.
Este processo conhecido como “Neymar 2” é o capítulo mais recente da saga judicial provocada pela transferência do atacante para o Barcelona em 2013, que incluiu uma multa de 5,5 milhões de euros por irregularidades fiscais para o clube catalão, além de várias ações judiciais iniciadas após a saída abrupta do jogador para o PSG em 2017.
O clube e o camisa 10 da seleção brasileira chegaram a um acordo “amistoso” no ano passado para encerrar todos os procedimentos judiciais pendentes.
Fonte: Uol