ARACAJU/SE, 5 de novembro de 2024 , 20:55:51

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“Quero ser prefeito para resgatar a história de benefícios que as gestões do PT trouxeram para a nossa cidade”

Da redação, Joangelo Custodio

O portal AJN1 e o jornal Correio de Sergipe dão sequência à série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Aracaju, que se enfrentarão no primeiro turno das eleições que ocorre no próximo dia 15 de novembro. O postulante Márcio Costa Macêdo, de 50 anos, filiado ao PT, é o sabatinado da vez. Márcio é formado em Ciências Biológicas pela UFS e nasceu em Esplanada, território baiano. É ex-deputado Federal por Sergipe (2011 a 2014). Com muita influência entre as lideranças do PT nacional, além de sua proximidade com o ex-presidente Lula, Márcio explica os motivos pelos quais pretende ser prefeito da capital sergipana, chamando para si a responsabilidade para “resgatar a história de ações e benefícios que as gestões do PT trouxeram para a cidade”. Leia a seguir: 

AJN1 e Correio de Sergipe – Por que pretende ser prefeito de Aracaju? O que o credencia?

Minha trajetória de vida pública e os caminhos que percorri, nos últimos anos, certificam nossa decisão. Além disso, Aracaju precisa de alguém competente e que tenha compromisso real com o nosso povo. E é por isso que quero e vou ser prefeito. Porque tenho em mente o desejo de resgatar a história de ações e benefícios que as gestões do PT trouxeram para a nossa cidade e estado. E, para além das questões que circundam a esfera política, serei prefeito porque amo minha cidade e vejo que temos condições de recuperar a saúde e educação de qualidade. Temos condições de devolver a nossa gente o mais necessário: atenção e responsabilidade. E, entre os aspectos dessa atenção, está a implementação de programas como o Bolsa Família Aracaju e o Bolsa Trabalho Aracaju, para ajudar nossa gente e, também, para aqueles que foram assolados pelo desemprego. Que aumentou, ainda mais, com a pandemia da covid-19.

Márcio Macêdo – Quais os principais eixos do seu Plano de Governo? 

Nosso plano foca no desenvolvimento da cidade atrelado às questões sociais, ambientais e da sustentabilidade. Ele é dividido em três eixos programáticos. O primeiro debate as políticas públicas, a Cidade Inclusiva, com projetos ligados à saúde, educação, assistência social, cultura, segurança, mulheres, igualdade racial, juventude e população LGBTQIA+. O segundo traz ações direcionadas a perspectiva de Cidade Planejada e Participativa, alinhadas ao direito à cidade, centralidade do planejamento urbano, territorialização da cidade, criação e efetivação do novo plano diretor, uso e ocupação do solo, habitação, mobilidade urbana, infraestrutura urbana, participação popular e controle social. O terceiro versa sobre Cidade Sustentável e Empreendedora, com foco no meio ambiente e sustentabilidade, serviços urbanos, zeladoria, economia urbana, desenvolvimento, trabalho, renda e turismo.

AJN1 e CS – Até janeiro do ano passado, Aracaju tinha a tarifa do transporte público mais cara do Nordeste. Como será a política de reajuste do governo petista e como será a relação da Prefeitura com o Setransp?

MM – A licitação do transporte coletivo é uma necessidade urgente. Aracaju tem uma tarifa muito alta e um péssimo serviço. O povo não pode continuar passando por isso. Em nosso programa, vamos ampliar e tornar acessível a rede de transporte público com instalação de pontos de ônibus adequados, iluminados e sinalizados, promovendo a integração com outros modais. Vamos promover o redimensionamento das rotas e frequência do transporte público coletivo e, além de reduzir a taxa absurda que é cobrada aqui, iremos criar o Bilhete Único. E, ainda, atuar na gestão integrada dos serviços de transporte metropolitano, implantando o Consórcio de Transporte Público Coletivo Intermunicipal, previsto na Lei n° 266/2015, ignorado pela atual gestão municipal. Com isso, vamos dar condições para que a população possa se locomover pela cidade, com transporte de qualidade e tarifa justa.

AJN1 e CS – É notória a “briga” política entre o PT e o presidente da República Jair Bolsonaro. Se o senhor for eleito, como será a relação da sua gestão com o Governo Federal? Teme represálias?

MM – Com o devido respeito ao Pacto Federativo, entendo das relações e defendo o diálogo, por isso sei que, embora discorde completamente da maneira autoritária, desumana e nefasta que o atual presidente tem conduzido o Brasil, acredito na manutenção da diplomacia nas tratativas, quando ocorrerem. Não temerei possíveis represálias, caso surjam, pois tenho uma missão em mente: cuidar de nossa gente. Então, isso não é algo que me preocupa no momento.

AJN1 e CS – Caso obtenha êxito na eleição, qual será o seu projeto de geração de empregos, no momento pós-pico da pandemia?

MM – Vamos criar o Bolsa Trabalho Aracaju, gerando postos de trabalho, com contratação por seis meses, para desempregados sem acesso ao seguro-desemprego, priorizando os que estão em situação de maior vulnerabilidade econômica e social, sendo distribuídos em atividades de interesse público. Inicialmente, o programa vai atender 1.000 pessoas que receberão bolsa-auxílio mensal de R$ 300,00 e seguro de acidentes pessoais, prestando os serviços de interesse local, além de cursos de capacitação. A meta é alcançar dez mil pessoas até 2024. Também vamos transformar a Fundat em uma agência de fomento ao empreendedorismo e à inovação, promovendo a economia criativa em diversas áreas da cidade. E, ainda, incentivar a organização de Arranjos Produtivos Locais nas comunidades, priorizando os micro e pequenos negócios no fornecimento de produtos e serviços.

AJN1 e CS  – A humanidade nunca mais vai esquecer a pandemia da covid-19, por ela ter ceifado milhares de vidas, estremecido o psicológico das pessoas, por ela ter mudado as relações de trabalho e exigido confinamentos, além de provocar uma desaceleração da economia global. No atual cenário, seja econômico ou social, como deverá ser a conduta dos futuros gestores municipais depois do sofrimento – e por que não dizer aprendizado – com uma doença de rápida proliferação?

MM – Aracaju precisa de ações responsáveis e que tragam respostas reais e positivas para a nossa gente. Por isso, em nosso programa, já incluímos como prioridade a vacinação de toda a população. Precisamos cuidar de nossa gente e agir com humanidade, utilizando dos recursos existentes para amparar o nosso povo. Temos ciência de que o momento em que vivemos é extremamente delicado, então, dentro desse aspecto, vamos ampliar o número de equipes de Saúde da Família e construir dez novas unidades de saúde. Também vamos criar o Bolsa Família Aracaju, amparando aqueles que vivem em situação de extrema pobreza. Para além da atenção à saúde, também vamos investir no fomento da economia, com a criação do Bolsa Trabalho Aracaju, gerando emprego e renda para a população. Vamos transformar a Fundat e criar os Arranjos Produtivos Locais nas comunidades mais carentes da cidade, com ações com combatam o desalento e desamparo. Tendo como foco a participação popular nos debates que iremos promover.

AJN1 e CS  – No seu programa eleitoral, o senhor promete vacinar toda a população contra a covid-19. Neste caso, não seria obrigação de qualquer gestor ter essa iniciativa? 

MM – Sim, é uma obrigação. Contudo, diversas outras questões também entram nas obrigações dos gestores, mas que não têm sido colocadas em prática. Por exemplo, Aracaju recebeu mais de RS 150 milhões para ações de enfrentamento à covid-19 e o que foi feito? Nossos estudantes têm direito a educação de qualidade, mas Aracaju foi reprovada no IDEB. As pessoas precisam de atendimento médico digno, mas têm aguardado meses em filas sem nenhum amparo. Os professores precisam ter a equiparação do piso salarial, e não estão tendo há quatro anos. Então, é importante ressaltar que, embora existam incontáveis obrigações a serem cumpridas, atualmente, a maioria não é colocada em prática. Mas isso vai mudar, porque a população sabe do compromisso e responsabilidade do Partido dos Trabalhadores com a nossa gente.

AJN1 e CS  – Na primeira gestão do saudoso governador Marcelo Déda, o senhor foi secretário de Estado do Meio Ambiente, função, aliás, compatível com a sua formação de biólogo. Na questão ambiental, quais os principais eixos do seu programa de governo para tornar a capital mais sustentável e mais arborizada, já que Aracaju tem um grande déficit de área verde, conforme consta no Inventário Florestal do Estado publicado em 2018?

MM – Sou biólogo e tenho a questão ambiental como uma das principais pautas de minha vida.  Por isso, em nosso programa de governo vamos atuar efetivamente na preservação e conservação de nossos corpos hídricos e manguezais, garantindo a manutenção da biodiversividade e as relações ecossistêmicas. Também vamos definir a taxa de permeabilidade do solo compatível com a característica ambiental do território, e, ainda, realizar ações de incentivo à arquitetura verde e bioarquitetura, com a utilização de materiais de baixo impacto ao meio ambiente, técnicas para captação e reaproveitamento da água da chuva e adoção de energias renováveis. Desta maneira, através do diálogo e de ações concretas envolvendo todas as esferas da sociedade, vamos promover a sustentabilidade ambiental de nossa capital.

AJN1 e CS  – O PT esteve nas últimas décadas de mãos dadas com o atual prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), ex-PCdoB. Com o PT, Edvaldo foi vice de Déda por duas vezes (2000 e 2006), além de assumir a Prefeitura quando Déda ganhou para Governo do Estado em 2006. O atual prefeito, inclusive, foi eleito em 2016 tendo como vice a petista Eliane Aquino, hoje vice do governador Belivaldo Chagas (PSD). O que aconteceu para o rompimento dessa aliança, até então vencedora? Quem foi egoísta: Edvaldo, por supostamente passar uma borracha azul na história e não permitir lançar uma candidatura petista, ou o PT, por não abrir mão de um nome titular na chapa majoritária em meio ao desgaste de imagem nos últimos anos? 

MM – Essa questão é bem simples: nós nunca mudamos de lado. Edvaldo, sim. Não existe egoísmo. Existe compromisso com aquilo que acreditamos. Veja bem, o PT foi decisivo nas eleições que Edvaldo ganhou para prefeitura de Aracaju, porém ele decidiu se distanciar do projeto original de Déda. Continuamos do mesmo lado de sempre, porque honramos nosso legado e aqueles que nos precederam. Edvaldo, não. Ele se perdeu no caminho e tomou outro trilho. Com isso, aprofundou o desmonte do projeto de saúde, iniciado no governo anterior ao dele e acabou com a participação popular. Ele pensa somente em si e nos interesses da elite. Esqueceu da população. Então, não há egoísmo de nossa parte, mas, sim, compromisso e lealdade com quem realmente importa: o povo.

AJN1 e CS  – O senhor acha que a Lei Eleitoral deveria ser modificada para proibir a reeleição? Qual a sua opinião sobre essa questão? 

MM – Acredito que essa questão precisa se tornar um amplo debate de reforma política em nosso país. Penso que a Lei Eleitoral deveria ser modificada para que, assim, a reeleição deixe de existir, porque considero que, dessa forma, seja mais saudável para a democracia. 

AJN1 e CS  – Qual a mensagem que o senhor deixa aos aracajuanos a menos de 15 dias das eleições?

 MM – Aracajuanos e aracajuanas, cada um de vocês sabem que está na hora da mudança e querem a mudança. Temos uma trajetória ética e séria, com passagens pela Secretaria Municipal de Orçamento Participativo, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, e na superintendência do Ibama, que reforçam nossa caminhada. Chegou a hora de mudar. Mas é preciso ter mudança com coerência histórica, com verdade e com responsabilidade. E isso, vocês sabem, nós temos. Aracaju precisa de uma gestão comprometida com o povo. De alguém competente, apaixonado pela cidade e que tenha compromisso real com vocês. Quero ser prefeito de cada um, justamente, para resgatar toda a história de ações e benefícios que as gestões do PT trouxeram para a nossa cidade e estado. Vocês sabem que, no fim das contas, quem defende o nosso povo é o PT e, por isso, conto com o apoio de cada para, juntos, trazermos de volta o desenvolvimento e a esperança para Aracaju.

 

 

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