O Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed-SE) realizou nessa terça-feira, 25, o último debate com os postulantes ao governo do Estado que estão no segundo turno das eleições 2022. Por ordem de sorteio, o candidato sabatinado pela categoria foi Rogério Carvalho, do PT. Na semana passada, o Sindicato recebeu Fábio Mitidieri (PSD).
Durante todo o período eleitoral, o Sindimed, zelando pela democracia, fez questão de sabatinar todos os candidatos ao governo do Estado e ao Senado, totalizando 15 debates, no intuito de conceder, rigorosamente, igual espaço para que os postulantes divulguem suas ideias, principalmente ligadas à área da saúde, além de pautas pela melhoria das condições de trabalho do profissional médico e demais profissionais de saúde. Sempre despido de bandeira político-partidária.
Além das presenças dos integrantes que compõem a diretoria do Sindimed, o evento contou com as participações do presidente da Sociedade Médica de Sergipe (Somese), Dr. Hesmoney Ramos de Santa Rosa; da Dra. Simone Tereza Cristina Wiltshire Menezes Lisboa; do Dr. Antônio Samaroni; do Dr. José Menezes, dentre outros.
Durante a sabatina, mediada pelo presidente do Sindimed, Dr. Helton Monteiro, o candidato Rogério, que também é médico, respondeu sobre como será a relação do seu possível governo com o Sindicato, principalmente no tocante a concursos públicos, carreira e piso nacional da categoria. Ele também discorreu sobre o programa ‘Mais Médicos’, que atualmente se chama ‘Médicos pelo Brasil’, e prometeu criar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), ainda como senador, para regulamentar a carreira médica.
“Quero deixar claro que, sobre o ‘Mais Médicos’, eu defendi a carreira médica. Coloquei na Lei e fui vetado, à época, pela então presidente (Dilma Rousseff). Sou relator de três PEC’s, que tratam de carreira, mas não consigo ter interlocução com o CFM (Conselho Federal de Medicina). Busquei essa interlocução e, agora, deixo o retorno para vocês. Daqui a dois meses, posso apresentar um relatório ao presidente do Senado e conseguir votar a PEC da Carreira Médica, desde que haja uma efetiva mobilização dos médicos”, prometeu, ao reafirmar que, no seu possível governo, a relação com o Sindicato será de diálogo permanente.
Modernização da Saúde
O postulante petista fez questão de pontuar que, conforme seu Plano de Governo, pretende modernizar o sistema de saúde do Estado, com hospitais agregados a Centros de Diagnósticos e Terapêuticos, em conjunto com as Unidades de Saúde da Família, modelo adotado pelo governo da Espanha, país referência em saúde pública.
“Eu defendo este modelo. Precisamos encontrar um modelo de contratação que seja mais moderno. São tantas tecnologias para dar um diagnóstico de cardiologia, por exemplo. Então, não dá mais para contratar serviços por unidade. A gente tem que contratar o resultado, que envolve unidades tecnológicas e profissionais”, discorreu, sublinhando que é a favor de concurso público e carreira médica.
“Existem determinadas áreas em que os profissionais devem ser contratados por concurso, mas a medicina é diferente de outras profissões, porque ela tem várias formas de inserção profissional. Tem médico que você precisa contratar a disponibilidade, por serviço e a inserção tecnológica dele por determinado momento, ou seja, há várias formas de inserção no processo de trabalho. Não podemos conceber um hospital sem médico diarista, não dá para conceber plantonista sem concurso. Já a terapia intensiva, depende do diálogo entre governo e os profissionais. É uma complexidade enorme que precisamos debater”, complementou.
Distorções salariais e FHS
O candidato também foi perguntado sobre as distorções salariais dos profissionais estatutários do Estado: os que não aderiram e os que aderiram às Fundações Hospitalares de Saúde (FHS). O petista também foi indagado se existe a possibilidade de resgatar o Hospital da Polícia Militar (HPM), e qual a chance de transformá-lo em Hospital do Servidor Público.
“Primeiro, a gente pode criar um Projeto de Lei, dando prazo para os médicos poderem ingressar na carreira por meio de um plano especial, e a remuneração muda automaticamente. A gente pode fazer isso tranquilamente. Já as Fundações, elas foram tão descaracterizadas que é preciso estudar qual melhor maneira elas vão funcionar. A Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) é uma cópia das Fundações e funciona muito bem. E a relação é de contrato de gestão. Tudo que tem nas Fundações Hospitalares tem na Ebserh. Ninguém questiona a Ebserh. Hoje, as Fundações perderam autonomia administrativa e operacional, porque não têm contrato de gestão. Nós não vamos extinguir as Fundações, nem vamos demitir seus funcionários”, asseverou.
Com relação ao HPM, Rogério disse que será preciso avaliar se é viável reformar ou construir, além de ouvir a categoria militar. “Precisamos ver os custos, porque reformar ficou mais caro do que construir hospitais novos. Eu não estou afirmando que vou transformá-lo em hospital do servidor, até porque ele pode ter várias utilidades. Precisamos pensar como dar uma utilidade àquele equipamento. Além disso, os milhares precisam ser ouvidos”, argumentou.
Fundação Saúde Parreiras Horta
A Fundação Saúde Parreiras Horta (FSPH), mantida pelo Governo e responsável pelo Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose), Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e do Serviço de Verificação de Óbitos, também foi lembrada no debate, não somente pela sua importância histórica, mas por apresentar, atualmente, condições precárias de funcionamentos físico e humano.
“Eu não tenho informação de como está a Fundação Parreiras Horta hoje. Por lá passaram pessoas que não conhecem o objeto, não conhecem o Hemose, o SVO e o Lacen. Na Fundação Parreiras Horta passaram dirigentes que não tinham comprometimento das três fundações que compunham a FSPH. Então, elas têm condições de serem recuperadas, remontadas e reorganizadas. Já a Fundação Hospitalar é a mais grave, porque houve um retrocesso tão grande. Então, todas elas precisam de estudo. Vou chamar Ministério Público, entidades representativas e fazer um debate, de forma tranquila, para mostrar a real situação”, defendeu.