A Polícia Federal (PF) cumpriu, nessa terça-feira (8), mandado de busca e apreensão na Câmara dos Deputados em uma investigação que apura a atuação de organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos de licitação no Ceará. O principal alvo é o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), suspeito de envolvimento no desvio de emendas e manipulação das eleições de pelo menos 50 municípios cearenses.
Foram realizadas buscas no gabinete do parlamentar, na residência oficial em Brasília e na casa dele no Ceará. Em nota, o deputado Júnior Mano afirmou não ter “qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos”.
Segundo a PF, o político é investigado por manipulação do processo eleitoral por meio da compra de votos e desvio de verbas públicas, esquema que seria supostamente liderado por seu apadrinhado Bebeto do Choró — atualmente foragido da Justiça. O inquérito policial teve início a partir de denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos), em setembro de 2024.
Júnior Mano foi filiado ao PSB após ser expulso do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O senador Cid Gomes lançou, em fevereiro, o deputado como candidato ao Senado em 2026.
Em nota, o líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PE), afirmou que o partido espera que “todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa”.
Quem é Júnior Mano
Antônio Luiz Rodrigues Mano Júnior, o Júnior Mano, é natural de Nova Russas, no Ceará, e tem 40 anos. Ingressou na política em 2016 como vice-prefeito do município e, em 2018, foi eleito deputado federal pelo Ceará.
Em 2022, foi reeleito com 216.531 votos. Ele foi o segundo deputado federal mais votado na época, atrás apenas de André Fernandes (PL), que teve 229 mil votos. Ele se elegeu pelo Partido Liberal (PL).
Em 2024, porém, Mano foi expulso do partido após ter participado da campanha de Evandro Leitão (PT) à prefeitura de Fortaleza. O petista concorria contra André Fernandes, que, assim como Júnior Mano, também era filiado ao PL. Após a saída do partido de Jair Bolsonaro, o deputado registrou a sua filiação formal no Partido Socialista Brasileiro (PSB), em fevereiro deste ano.
Em nota, a liderança da sigla na Câmara dos Deputados informou que “tomou conhecimento da operação da Polícia Federal que investiga a atuação do deputado Júnior Mano. Esperamos que todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa”.
Durante a atual legislatura, o deputado afastou-se temporariamente do cargo entre setembro de 2024 e janeiro de 2025, sendo um dia por motivos de saúde e 120 dias para tratar de interesses particulares.
O que diz a defesa do deputado
“O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.
Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.
O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública.
Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta”.
Fonte: Estadão