Um relatório divulgado pelo Banco Santander estima que a produção agropecuária sergipana deva crescer 7% em 2024, o segundo maior percentual dentre os estados nordestinos. O indicador representa quase três vezes a média de crescimento esperada para a região.
O levantamento feito pela instituição financeira também prevê que a economia sergipana cresça 2,3% em 2024, mesmo percentual estimado para o Nordeste, e 1,9% em 2025, índice superior ao previsto para a região, que é de 1,7%. Um dos fatores que deverão contribuir para o crescimento da produção agropecuária local, de acordo com o banco, é a expansão da fronteira agrícola, sobretudo no setor de grãos.
O crescimento na produção é também resultado do aumento dos investimentos feitos pelo Governo do Estado em atividades agropecuárias, por meio de assistência técnica, programas de irrigação, doação de sementes e concessão de créditos rurais. Somente em relação aos recursos destinados à distribuição de sementes de milho e arroz, o Tesouro Estadual investiu mais de R$ 5,2 milhões este ano, um crescimento de 120% em relação ao ano passado.
“Adicionalmente, o governo implementou outros incentivos, como a redução para 2% da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a comercialização de milho em operações internas e interestaduais, fortalecendo ainda mais o setor”, explica a secretária de Estado da Fazenda, Sarah Tarsila.
O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, diz que um dos efeitos desse crescimento é a grande procura dos produtores e empresários de outros estados para investir em Sergipe. “Temos recebido, por exemplo, vários produtores de citros procurando área para produção; a pecuária leiteira e a produção de arroz têm sido de interesse das agroindústrias, sem contar os setores de insumos, máquinas e equipamentos que estão bastante aquecidos”, exemplifica.
Oferta de crédito
Em relação ao crédito, por meio do Banco do Estado de Sergipe (Banese), foram liberados R$ 219 milhões em crédito para o homem do campo durante o Plano Safra 2023-2024, o maior volume de recursos da história do banco para o setor. Nos últimos dois anos, houve um aumento de 120% no valor investido no comparativo com o ano agrícola 2021-2022.
Já em relação ao Plano Safra anterior, que destinou R$ 190 milhões para o agro, o aumento foi de 15%. Investimentos que possibilitam a ampliação das áreas de cultivo, aquisição de máquinas e equipamentos, bem como melhoria do rebanho sergipano e aplicação dos recursos em pastagens e infraestrutura das áreas produtivas.
Outro ponto importante é o apoio dado aos agricultores dos perímetros irrigados. A tecnologia gerenciada pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse) beneficia 1.826 lotes irrigados em seis municípios, o que viabiliza a produção em áreas antes consideradas improdutivas por conta da seca.
Como resultado desses investimentos, Sergipe deve registrar, em 2024, crescimento na produção de diversos produtos. A da laranja, por exemplo, deverá atingir 439 mil toneladas, de acordo com a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), um aumento de cerca de 15% em relação ao ano passado.
Mais recursos
Os investimentos do governo no setor serão ampliados graças a Projeto de Lei aprovado na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) em julho, que permitirá a contratação de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para apoiar agricultores familiares em práticas agrícolas sustentáveis e que aumentem a resiliência dos sistemas de produção, frente às mudanças climáticas. Serão captados R$ 126,6 milhões em crédito que, somados aos recursos não reembolsáveis pelo Estado, totalizam R$ 150 milhões para as ações do projeto.
O Projeto Sertão Vivo terá prazo de execução de 72 meses e beneficiará 38 mil famílias de 29 municípios. O cronograma de ações prevê o fortalecimento organizacional dos produtores rurais e a dinamização das atividades econômicas, a produção e disseminação de conhecimentos e tecnologias voltadas à convivência com o semiárido e a adoção de um modelo de gestão que reforce a integração entre os diferentes atores sociais vinculados ao processo de desenvolvimento social sustentável.
Fonte: Secom