ARACAJU/SE, 26 de novembro de 2024 , 9:29:56

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“Se a gente reagir depois das eleições, vai ter caos”, disse Bolsonaro em vídeo apreendido pela PF de reunião ministerial em 2022

 

Na reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a alta cúpula do governo federal, realizada em 5 de julho de 2022, o então mandatário fala dos riscos para o país, caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições daquele ano. Bolsonaro cobra atitudes de ministros e aliados, além de sugerir a possibilidade de fraude nas urnas.

“Nós sabemos que se a gente reagir depois das eleições, vai ter caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira o Brasil. Agora, quem tem dúvida de que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições. Vou lembrar aqui, se eu falar que assisti em 1970 à Copa do Mundo e se eu falar que em 1972 o Flamengo perdeu de 10 a 0 para o Bangu, alguém acredita? Tem que acreditar em mim, porra”, diz Bolsonaro.

Em seguida, ele critica os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e menciona a reunião com embaixadores, que ocorreria dias depois do encontro.

“Quinta-feira eu vou me reunir com metade dos embaixadores, semana que vem com a outra metade. Porque os caras estão preparando tudo pro Lula ganhar no primeiro turno, na fraude. Vou mostrar como e porquê. Alguém acredita aqui em Fachin, em Barroso, em Alexandre de Moraes? Alguém acredita? Se você acredita, levanta o braço. Acredita que eles são pessoas isentas, que estão preocupadas em fazer justiça, em seguir a Constituição, tudo que estão vendo acontecer?”, continua.

Bolsonaro diz então que é preciso ser mais contundente e que pode haver um caos no Brasil em caso de derrota nas urnas.

“Pra gente ver o que tá acontecendo. Tá na nossa cara. A guerra de papel e caneta, a gente não vai ganhar essa guerra, a gente tem que ser mais contundente, como eu vou começar a ser com os embaixadores, porque se aparece o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou. Ou a gente vai reagir, ou vai ser um caos. Vai pegar fogo o Brasil“, declara o chefe do Executivo.

A PF afirmou em nota que não é responsável pela veiculação dos trechos e ressaltou que as investigações seguem em andamento.

“A Polícia Federal esclarece que o vídeo divulgado por veículos de imprensa nesta sexta-feira, referente à Operação Tempus Veritatis, não foi divulgado pela Instituição. O material veiculado é público e está disponível em buscador de internet, a qualquer cidadão. As investigações seguem em andamento, com o sigilo regulado por lei decisões judiciais”, diz o texto.

PF

Fontes da Polícia Federal (PF) afirmam que o vídeo de uma reunião gravada em 5 de julho de 2022 demonstra o “desespero” do governo de Jair Bolsonaro (PL) com a possibilidade de perder as eleições presidenciais, mas agentes ligados à investigação dizem acreditar que o encontro não é a principal prova que sustenta a acusação contra o grupo.

A avaliação é de que as imagens ilustram que o governo queria insistir no discurso de fraude nas urnas, mesmo sabendo que era mentira, já programando uma “possibilidade futura de anular as eleições, por meio de um golpe de Estado”, nas palavras dos agentes.

Até agora, agentes consideram que a principal prova são as mensagens trocadas entre integrantes da cúpula bolsonarista.

Para fontes da investigação, as conversas não deixam dúvidas sobre o processo de manipulação da sociedade mediante a divulgação de informações sabidamente falsas.

Além do vídeo e das mensagens, há minutas golpistas apreendidas, materiais já periciados de computadores e celulares e a colaboração do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

A conclusão dos agentes é a de que as diversas provas se interconectam e mostram uma padrão de ação “de uso das redes sociais, por meio de influenciadores, para propagar mentiras e manipular parte da população”.

A investigação da PF que desencadeou a operação Tempus Veritatis apura, entre outros fatos, um “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”.

A apuração aponta que esse núcleo atuava na “produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022 com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas no intuito de criar o ambiente propício para o golpe de Estado”.

Fonte: CNN Brasil

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