ARACAJU/SE, 27 de outubro de 2024 , 9:30:22

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Valadares: “Governo Temer é truculento e negocia cargos para aprovar reformas”

 

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) abandonou de vez a nau comandada pelo presidente da República Michel Temer e não faz mais parte da base aliada tendo, inclusive, entregue os cargos à sua disposição. A deserção, anunciada a cada voto contrário às reformas Trabalhista e da Previdência, foi pintada pelo congressista sergipano com uma dose de tinta ácida, nada colorida, ao que ele classifica de atos “truculentos” as retaliações sofridas por parlamentares que não concordam com as reformas.

A sua insatisfação foi evidenciada em carta aberta, endereçada ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. “Na verdade quero manifestar a minha discordância com o método truculento que o governo agora resolveu adotar ao assinar atos claramente vistos como de pura retaliação, mesmo tendo sido vitorioso na Câmara. Pergunto: com isso, pretende-se dar um recado duro ao Senado que deve aprovar essas medidas já decididas pela Câmara dos Deputados, sem manifestar divergências quanto ao seu conteúdo? E tentar na Câmara a aprovação da Reforma da Previdência oferecendo cargos aos que se dispuseram a votar?”

Segundo Valadares, em nenhum momento, antes da posse do presidente Temer, foi colocada na mesa das conversações a aceitação de qualquer acordo para priorizar as reformas trabalhista e da previdência, como condição exigida para participação no governo.

“Essa atitude de represália contra parlamentares da base aliada, enxotando-os do governo como infiéis, revela também um pensamento retrógrado de sua cúpula dirigente, ao confundir espaço político legítimo com troca de favores e participação fisiológica em cargos da administração federal.”

O texto diz ainda que: “O fato de participar de um governo de transição, que enfrenta uma crise ética, política e econômica sem precedentes, deve ser encarado pelo executivo como uma missão temporária sacrificante, em nome do Brasil, e não como uma benesse, ou como uma simples demonstração de força, prestígio e poder. Querer o presidente fazer constar na sua biografia que atuou como governo das reformas é uma pretensão legítima”.

O senador disse ainda que “O governo que hoje tem maioria no Congresso, apesar de sua reconhecida impopularidade, ao tratar com desapreço a todo parlamentar que exerce o direito do voto consciente, em questões tão polêmicas, corre o sério risco de perder o seu maior bastião de apoio, o Congresso Nacional, que lhe tem assegurado a aprovação de tantas matérias para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento e da reativação do emprego”.

Valadares admitiu que o presidente Temer em troca de votos, oferecias cargos aos parlamentares. Aos que reusava, eram ameaçados. “O apoio exigido se faz acompanhar de ofertas vergonhosas de cargos em comissão ou de ameaças explícitas de perda de espaço político daqueles que divergem dessas reformas”.

 

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