Em 2019, o índice de alunos com níveis de alfabetização abaixo do esperado era de 15,5%. A proporção mais que dobrou em 2021, chegando a 33,8%. Ou seja, a cada dez crianças brasileiras, três têm dificuldades para ler e escrever adequadamente. Os dados são do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), indicador educacional produzido pelo Ministério da Educação (MEC), que, para a senadora por Sergipe Maria do Carmo Alves (PP), traçam um cenário trágico causado pela pandemia de Covid-19. Segundo a parlamentar, os dados do Saeb apontam para a necessidade urgente de criação de políticas públicas para mitigar os efeitos da crise sanitária na educação básica brasileira.
“O que os dados desse importante indicador nos mostrou é a comprovação do que já supúnhamos: a pandemia afetou de forma avassaladora a formação dos nossos jovens, em especial dos mais novos. Crianças do segundo ano do ensino fundamental não sabem ler nem escrever palavras simples, como ‘mãe’ e ‘placa’. Isso nos demonstra que é crucial reforçarmos as ações de letramento após a alfabetização. A longo prazo, isso causará prejuízos severos ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil, afetando uma geração. Não é prudente sermos passivos em relação ao problema”, afirmou a senadora, acrescentando que gestores envolvidos na área da educação devem se debruçar sobre os dados para encontrar saídas estratégicas e eficientes.
Maria ressaltou ainda que o Saeb classificou 14,4% dos alunos do segundo ano do ensino fundamental abaixo do nível 1 na prova de língua portuguesa. O índice é três vezes maior do que o registrado em 2019, quando a taxa estava em 4,6%. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC, mede a aprendizagem das crianças em uma escala com nove níveis diferentes, cada um deles possuindo determinados parâmetros de classificação em relação às habilidades esperadas dos estudantes. “Os que estão abaixo do nível 1 não dominam nenhum dos conhecimentos aplicados no teste. Isso é lamentável, e precisamos empreender esforços especiais a essas crianças”, salientou a parlamentar.
ENSINO MÉDIO E IDEB
Maria do Carmo Alves destacou, também, que o MEC registrou uma queda de mais de 5% no número de matrículas entre alunos do ensino médio. Para ela, o número mostra que a pandemia afetou o campo educacional em múltiplos níveis, impactando desde os anos de formação inicial até as fases finais da educação básica. “O caso do ensino médio nos revela problemas sociais maiores. Nossos jovens estão fora das escolas não pela falta de feitio pelos estudos, mas porque, em muitos casos, se vêem obrigados a largar as aulas e ingressar no mercado de trabalho, a fim de somar no sustento da família”, explicou.
Além dos dados do Saeb, o Inep também divulgou os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), outro indicador educacional do MEC. A senadora chamou a atenção para as informações referentes ao Estado de Sergipe. Em 2019, a rede pública, que engloba as esferas municipal, estadual e federal, obteve, nos anos iniciais do ensino fundamental, um índice de desempenho em português e matemática de 5,18, que, combinado a uma taxa de aprovação de 88%, produziu um Ideb de 4,6. Já em 2021, o índice de desempenho em português e matemática foi de 4,86, e a taxa de aprovação foi de 98%, o que resultou em um Ideb de 4,8.
“Ou seja, apesar de o Ideb ter subido, as habilidades dos estudantes em relação às disciplinas de português e matemática caíram. Um dos motivos do crescimento do índice também pode ser explicado pela recomendação dada pelo Conselho Nacional de Educação de aprovação automática a alunos durante a pandemia, tendo em vista as dificuldades que a crise sanitária acarretou a estudantes, professores e corpo técnico das escolas. Isso certamente impactou os dados produzidos pelo Ideb, uma vez houve aprovações artificiais nas unidades de ensino que acataram a recomendação. É necessária uma leitura cuidadosa”, frisou Maria.
Assessoria de imprensa.