Da redação, Joangelo Custódio
A Agência Jornal de Notícias (AJN1) e o jornal Correio de Sergipe (CS) estão entrevistando os candidatos ao governo do Estado nas eleições deste ano. O sexto sabatinado é Belivaldo Chagas Silva (PSD-SE), candidato à reeleição pela coligação “Pra Sergipe Avançar”, composta pelas siglas PP, MDB, DC, PCdoB, PSD, PT e PHS. Do alto dos seus 58 anos e mais de 30 anos de vida pública, Belivaldo é natural de Simão Dias e graduado em direito. Nesta entrevista, ele explica por que quer se reeleger governador, expõe como pretende combater a criminalidade, colocar a educação novamente nos trilhos e recuperar a economia. Ele também comenta por que rompeu com a família Valadares e o que pensa sobre a descrença do povo brasileiro com relação à política.
Confira:
AJN1 e CS – Em 2018, Sergipe escolherá o seu 51º governador, no período republicano. De lá para cá, nomes importantes contribuíram para o desenvolvimento econômico e social do menor estado da federação, a exemplo de João de Seixas Dória, Augusto Maynard Gomes, Leandro Maynard Maciel, Luís Garcia, Djenal Queiroz, dentre outros. O senhor faz parte desse grupo seleto, mesmo que de forma indireta, já que assumiu o posto no lugar de Jackson Barreto, que renunciou para ser candidato ao Senado. O que se passa na cabeça de um homem público no momento em que se propõe a ser governador e assume responsabilidades que podem mudar, para melhor ou pior, o futuro de uma geração?
Belivaldo Chagas (BC) – O que passa pela minha cabeça é, principalmente, a dimensão do desafio que tenho pela frente e a responsabilidade de ter nas mãos o futuro de mais de dois milhões de sergipanos, de levar adiante o projeto vitorioso de desenvolvimento e transformação social do estado, iniciado por Marcelo Déda em 2006. É uma responsabilidade ainda maior, porque corremos o risco de ver tudo o que foi construído ao longo desses 12 anos desaparecer, e Sergipe viver também o retrocesso que vive o Brasil desde o golpe que colocou Temer na presidência. Eu sou candidato à reeleição porque sei que estou à altura desse desafio, e já mostrei isso nesses cinco meses em que estou à frente do Governo. Desde que assumi o cargo, em 7 de abril, consegui imprimir um novo ritmo de trabalho à máquina pública, acompanhando diária e diretamente as principais pastas do governo. Esse é o meu jeito de governar. Eu sou candidato porque sei que posso fazer Sergipe seguir em frente e voltar a crescer, mesmo diante de um quadro de crise financeira nacional.
“Eu sou candidato porque sei que posso fazer Sergipe seguir em frente e voltar a crescer.”
AJN1 e CS- Na vitrine de postulantes ao cargo de governador, o senhor é o único que tem, digamos, certa experiência no Poder Executivo. Já foi vice-governador em duas ocasiões, nos mandatos do saudoso Marcelo Déda (2007/2010) e, recentemente, de Jackson Barreto (2014/2018). Além disso, assumiu a função de chefe do Executivo desde abril deste ano. Essa experiência o coloca em vantagem com relação aos demais? Essa vivência palaciana pode ser considerada pré-requisito absoluto para quem está concorrendo ou resume-se a engodo de marqueteiro político para desqualificar adversários?
BC – Se você está com um problema grave de saúde, prefere se tratar com um médico experiente, que conhece o seu problema e sabe qual o tratamento necessário, ou com alguém que está apenas iniciando? Sem dúvida alguma, a experiência de gestor e o conhecimento que adquiri no Executivo, como vice-governador, como secretário de Estado, presidente de empresas públicas, me dão a experiência necessária para governar o Estado pelos próximos quatro anos. Não dá para entregar o comando do Estado nas mãos de aventureiros despreparados. Tem candidato que se apresenta como novo, vendendo soluções mágicas, sem experiência alguma, pois a única coisa que geriu na vida foi a mesada que o pai lhe dava na juventude. Aí eu pergunto, como pode uma pessoa dessas estar preparada para governar um estado com as complexidades atuais de Sergipe? Outro candidato foi gestor na pasta da Saúde e Sergipe inteiro sabe o que ele fez lá: foi afastado por incompetência pelo governador e deixou um rombo milionário nas contas da secretaria, além de 11 hospitais fechados. São esses que querem governar Sergipe. E não é coincidência que esses dois candidatos apoiaram o golpe. Repito: não podemos deixar que nosso Estado venha a ser governado por essas mãos. Esse time do presidente Temer em Sergipe é o responsável pelo agravamento da crise financeira nacional, pelo índice recorde de desemprego no país. É preciso ter experiência, preparo, e os sergipanos têm demonstrado que já entenderam a responsabilidade de votar consciente para eleger o mais preparado.
“É preciso ter experiência, preparo, e os sergipanos têm demonstrado que já entenderam a responsabilidade de votar consciente.”
AJN1 e CS– O slogan de sua campanha política é: “Chegou para resolver”. Essa afirmação, numa avaliação subjetiva, desqualificaria o governo do seu antecessor, Jackson Barreto, levando a população a entender que os problemas do Estado, que são muitos, estão sendo resolvidos somente agora, depois que o senhor assumiu o posto. Essa estratégia do marketing está testando a inteligência das pessoas? O senhor tem esse mesmo entendimento?
BC – Esse é o meu estilo de fazer as coisas: objetivo, direto. Se há alguma coisa que o marketing absorveu foi uma característica inerente a mim. É assim que eu sou. E isso não desqualifica o governo de Jackson, pelo contrário. Jackson fez das tripas coração para governar no momento mais difícil que o Brasil atravessou e atravessa, e Sergipe não é uma ilha. Mesmo dentro desse quadro desfavorável, Jackson conseguiu realizar um volume importante de obras e manteve os serviços prestados pelo Governo. Infelizmente, ele não gastou com publicidade, e ficou refém de uma imagem distorcida, definida apenas pelo atraso no pagamento dos servidores. O fato é que ele trabalhou e deixou condições para que eu tocasse o barco. Mas continuamos enfrentando problemas e, certamente, surgirão novos. Eu sei que posso resolvê-los, porque tenho a experiência necessária e uma visão clara do que precisamos fazer. Não é o caso dos meus adversários, que nunca geriram nada ou geriram de maneira catastrófica.
AJN1 e CS – O estado de Sergipe, nos últimos cinco anos, vem passando por sérios problemas em diversos setores que impactam diretamente a qualidade de vida da população. Um deles é a segurança pública. E essa não é uma afirmação fundamentada em achismo. De acordo com o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, tendo como análise os anos entre 2006 e 2016, Sergipe, o menor estado da federação apresentava, vergonhosamente, a taxa de 64,7 no número de homicídios por 100 mil habitantes, a maior do país. No início de agosto deste ano, o Anuário de Segurança Pública atualizou os dados e Sergipe caiu da 1ª para 6ª posição, com a taxa de 55,7 no número de homicídios por 100 mil habitantes, números ainda acabrunhantes. Por que o Governo, o qual o senhor faz parte, se acomodou e deixou, de certa forma, a bandidagem ter voz ativa? Onde o Governo errou? Faltou investimento, capacitação ou estímulo da polícia? Caso o senhor seja eleito, o que fazer para reduzir a violência e devolver aos sergipanos a tranquilidade?
BC – A primeira coisa que devo dizer é que o governo nunca se acomodou frente à criminalidade. Em apenas cinco meses como governador, já convoquei mais de 120 agentes e escrivães da Polícia Civil, já realizamos concursos para soldados e oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e estamos com concurso em andamento para Delegado de Polícia Civil. Na área da Segurança Pública, nosso governo tem investido em tecnologia, modernização e valorização de pessoal. O mais importante é que os resultados já começaram a aparecer. Reduzimos significativamente o número de assaltos a ônibus. Somos o estado do Nordeste que mais reduziu os índices de violência, o que não é pouco. Obviamente não estou tapando o sol com a peneira, e sei que temos problemas para resolver. Mas nós estamos avançando bastante. Eu estou propondo um conjunto de ações que visam melhorar ainda mais a segurança do nosso povo. Estamos implantando o Detecta, um sistema que integra mais de 80 câmeras de monitoramento em todas as divisas e fronteiras do Estado a bancos de dados de diferentes instituições, exclusivo para ações operacionais, preventivas e repressivas das forças de Segurança Pública. Assim, todo veículo que entrar e sair do Estado será identificado pela Secretaria de Segurança Pública. Em Aracaju, o Detecta já funciona em fase experimental. Além disso, estamos buscando uma maior integração entre os governos federal, estadual e municipais, porque não adianta apenas o governo do Estado fazer a sua parte, se o sistema, como um todo, não estiver integrado. Já determinei a ampliação do Departamento de Homicídios, com a criação de uma Divisão de Inteligência dentro do DHPP, com nova sede e novos agentes. Com os novos policiais que convocamos, já pudemos reforçar não apenas o DHPP, mas também o Departamento de Narcóticos, a Divisão de Inteligência (DIPOL) e outras unidades especializadas e Delegacias Metropolitanas. Vamos dar seguimento à interiorização do Getam e dos departamentos de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP), de Narcóticos (Denarc) e de Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap), expandindo-as para as cidades estratégicas do interior do Estado, tais como: Nossa Senhora do Socorro, Propriá, Tobias Barreto, Nossa Senhora da Glória, Itabaiana, Maruim, Lagarto e Estância. Vamos, também, criar um sistema de planejamento e gestão, com base em diagnósticos, indicadores monitoramento e avaliação, além da valorização produtiva, sistema este que permitirá ampliar o acompanhamento e controle social das ações de Segurança Pública. Só assim será possível verificar se as medidas tomadas estão apresentando os resultados esperados. Continuaremos os ajustes nas iniciativas de cada Área Integrada de Segurança Pública/AISP. Por fim, investir, com a devida prioridade, na adoção do Modelo de Gestão de Segurança com os meios e recursos humanos, materiais, tecnológicos e outros necessários para o efetivo cumprimento da sua missão constitucional.
“Obviamente não estou tapando o sol com a peneira, e sei que temos problemas para resolver.”
AJN1 e CS– O senhor foi secretário de Estado da Educação no governo do saudoso Marcelo Déda. De lá para cá, muitas coisas mudaram, e mudaram para pior. Por exemplo: em 2017, a taxa de analfabetismo em Sergipe entre pessoas com 15 anos ou mais de idade foi estimada em 14,5%, o equivalente a 258 mil analfabetos, segundo o Pnad Contínua. Além disso, sete, de cada dez alunos do 3º ano do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática. Para piorar, entre estudantes do ensino médio, menos de 4% têm conhecimento suficiente nessas disciplinas, de acordo com os dados do Saeb 2017. Em 2015, segundo o Ideb, o cenário da educação em Sergipe era um dos piores do Brasil. O seu governo vai, de fato, priorizar a educação?
BC – Na verdade, as coisas estão melhorando. O relatório do Ideb 2017, divulgado pelo MEC na última segunda-feira, mostrou que Sergipe foi um dos poucos estados do país onde a educação melhorou nos últimos dois anos. Sergipe obteve os melhores resultados no Ensino Fundamental e no Ensino Médio desde que o índice começou a ser utilizado como parâmetro para avaliar a qualidade do ensino no país, em 2005. É a maior elevação do índice na história de Sergipe, e isso não é pouco. Nosso Estado inverteu uma curva histórica de queda e melhorou de maneira inequívoca a qualidade do Ensino ofertado aos nossos alunos. Esse é o resultado de um trabalho silencioso feito pela Seed, e não vieram do nada. Nós investimos mais de R$300 milhões para qualificar a infraestrutura de nossos prédios escolares, em obras de reformas, ampliações e manutenções preventivas e corretivas de todas as 355 unidades escolares da Rede Estadual. Atuamos também para aperfeiçoar os processos de ensino e aprendizagem dos nossos alunos, com ações e programas focados na intensificação e qualificação desses processos e na capacitação continuada dos profissionais da Educação. A educação sempre foi e vai continuar sendo prioridade em nosso governo.
AJN1 e CS- O desordenado crescimento do déficit da Previdência tem sido o grande Calcanhar de Aquiles para as finanças do governo do Estado. Ele praticamente dobrou entre os anos de 2013 e 2017, pulando de R$ 546 milhões para mais de R$ 1 bilhão. O rombo é tão astronômico que as medidas anunciadas pelo Governo recentemente para conter os gastos e aumentar a arrecadação não fazem nem cócegas perante a situação de calamidade em que se encontram as finanças, levantando, inclusive, cortina de apreensão entre os servidores e uma saraivada de discussões nos corredores do Palácio dos Despachos. Sergipe está quebrado? Caso venha a ser eleito, o que fazer para deixar as finanças em dia e movimentar a roda da economia sergipana outra vez?
BC – Sergipe não está quebrado. Estamos passando por dificuldades, claro, mas não dá para comparar com estados como o Rio de Janeiro e o Rio Grande Sul. E nós estamos melhorando a cada dia. Desde junho estamos pagando 70% dos servidores dentro do mês e estamos trabalhando para chegar a 100% em breve, resolvendo de uma vez esse problema. Já começamos a pagar 50% do décimo terceiro aos servidores. Também regularizando o passivo com fornecedores e estamos caminhando para fechar 2018 com todas as contas do exercício pagas, dentro dos limites da LRF. Isso em apenas 4 meses. Mas, novamente, eu lembro que isso não é o bastante. A partir de janeiro de 2019, a administração estadual deverá aprofundar o saneamento das finanças públicas. Uma das prioridades é implantar o orçamento de base zero: ao invés de construir uma proposta orçamentária sobre o que já existe, faremos um “pente fino” nas despesas atualmente realizadas e vamos elaborar um novo orçamento com base nas necessidades elencadas, ou seja, cada real terá que ser justificado. Isso permitirá a liberação de mais recursos para qualificar as políticas públicas de atendimento à população. Ao mesmo tempo, estamos investindo na modernização da máquina administrativa e na busca constante de inovação na gestão, a fim de promover ganhos de eficiência e rever as prioridades nos gastos públicos como instrumentos para sanear as finanças estaduais. Um dos grandes desafios é a necessidade de geração de emprego. Já elaboramos um plano de execução de Plano de Recuperação Econômica e Geração de Empregos para o Estado de Sergipe, a partir das suas principais potencialidades e contemplando ações de curto, médio e longo prazo que priorizem a geração de empregos no interior do estado. Vamos modernizar a política de atração de investimentos e incentivos fiscais, adotando as melhores e mais eficazes práticas, inclusive, com a simplificação da legislação do ICMS. Definiremos o calendário anual de pagamento para servidores, fornecedores e prestadores de serviços. E a Termelétrica da Barra dos Coqueiros deve criar um novo ciclo de desenvolvimento no estado, comparável ao que a chegada da Petrobras a Sergipe representou para o nosso estado. Ou seja: nós sabemos o caminho e já começamos a caminhar.
“Sergipe não está quebrado. Estamos passando por dificuldades”
AJN1 e CS- A mata atlântica tem apenas 6,8% do que resta de vegetação nativa; a caatinga, apenas 6,2% de cobertura vegetal, totalizando 13% de área verde remanescente, o que leva a reflexão: Sergipe é um estado “careca” e forte candidato a apresentar áreas desertificadas, num futuro não muito distante. Como o senhor sabe, onde há desmatamento, há falta de água, já que as matas ciliares têm um papel extremamente importante para a preservação das nascentes, que alimentam os rios. Diante desses iminentes problemas, de desertificação e de escassez hídrica, o seu plano de governo versa sobre o combate a esses males? Quando as problemáticas ambientais serão, de fato, pauta governamental, e não meros devaneios, como sempre foram aqui e em todo o Brasil?
BC – Nós já estamos enfrentando esse problema. Por exemplo, o Programa Águas de Sergipe, uma parceria com o Banco Mundial, está revitalizando toda a bacia hidrográfica do rio Sergipe. É um investimento de milhões de dólares que vai atingir diretamente centenas de milhares de pessoas, garantindo a permanência dos nossos recursos hídricos, levando saneamento para mais cidades e garantindo condições para que Sergipe possa se desenvolver de maneira sustentável. Mas é preciso fazer mais. Por isso, nós vamos desenvolver o Programa Produtor de Água, que consiste em proteger e recuperar áreas degradadas com Pagamento por Serviços Ambientais; implantar o ICMS Ecológico; mapear, recuperar e proteger as bacias hidrográficas prioritárias, utilizadas para abastecimento público; desenvolver políticas públicas para produtos da sociobiodiversidade; apoiar o Cadastro Ambiental Rural; elaborar e regulamentar o Plano Estadual de Florestas, o Plano Estadual de Mudanças Climáticas e o Plano de Convivência com o Semiárido; Ampliar a implantação de unidades de conservação, criando o Sistema Estadual de Unidades de Conservação; promover o uso conservacionista da água e do solo; apoiar estudos, pesquisas e estratégias de difusão para adequação das práticas de convivência com o semiárido; proteger os bens naturais e a sociobiodiversidade; intensificar a fiscalização; fortalecer os órgãos de recursos hídricos, meio ambiente e extensão rural, e integrar a política estadual de recursos hídricos e meio ambiente aos municípios.
AJN1 e CS– O senhor sempre teve uma relação fraternal com a família Valadares. São conterrâneos e, inclusive, marchavam no mesmo partido, o PSB, o qual fazia parte do Governo desde sempre. O senhor ainda se considera amigo da família Valadares ou o rancor e as palavras de animosidade, desferidas pelo senhor e por eles em entrevistas à imprensa e nas redes sociais são apenas disfarces? Por que houve o afastamento do PSB do Governo?
BC – Olha, certamente não há animosidade da minha parte, e até onde eu sei também não há por parte da família Valadares em relação a mim. Mas temos divergências políticas inconciliáveis. Todo mundo sabe que saí do PSB porque não concordei com a imposição do senador Valadares de votar contra Dilma no segundo turno das eleições de 2014. Eu estou onde sempre estive, no mesmo projeto iniciado em 2006 por Marcelo Déda, com quem fui eleito vice. Na sequência, tanto o senador Valadares quanto o agora candidato a governador Valadares Filho ajudaram a derrubar a presidente eleita por meio de um golpe parlamentar cujo objetivo foi colocar Michel Temer no poder para se apropriarem de importantes cargos públicos no Governo Federal. Ao se aliarem ao governo Temer, os Valadares deixaram o nosso grupo político e lançaram candidatura à prefeitura de Aracaju em 2016, na qual festejaram a condição de serem aliados do presidente golpista, essa tragédia responsável por aprofundar a crise política e financeira nacional. Eles também são responsáveis pela crise cujos efeitos nefastos Sergipe está sentindo. Colaboraram com um governo que boicotou Sergipe, bloqueando recursos, fazendo barganha política com dinheiro público, apostando no “quanto pior, melhor”. Mesmo assim, mesmo contando com esses obstáculos, já mostramos que nosso Estado é viável e vamos alavancar nosso desenvolvimento ao passo em que vamos seguir nos contrapondo, com ações a atuação eficiente, à crise financeira nacional.
AJN1 e CS– A Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), por um triz, não foi vendida à iniciativa privada. Ela estava entre as seis empresas públicas que participariam de processos licitatórios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por determinação do governo Federal. O então governador Jackson Barreto não negou a possibilidade de venda. Caso venha a ser eleito, a Deso, assim como o Banese, podem ser vendidos?
BC – Em hipótese alguma.
AJN1 e CS- A operação Lava Jato levou, forçadamente, o Brasil a fazer um passeio nas vísceras da política. Casos de corrupções obscenas foram escancarados, esquemas fraudulentos desmascarados. Políticos, de quase todos os partidos, envolvidos em falcatruas, desviando dinheiro público para benefícios próprios. Ficou evidenciado também que, quem manda em boa parte dos políticos do Brasil, fazendo-os de fantoche, são os grandes empresários, os patrocinadores das campanhas políticas, tudo em troca de algumas mudanças na lei que venham a favorecer tal segmento ou em troca de um contrato milionário. Nunca a República ficou com a “bunda exposta na janela, pra passar a mão nela”, parafraseando Gonzaguinha. Hoje, mais do que nunca, a expressão “político” soa de forma pejorativa nas conversas em praças públicas, nos ambientes de trabalho. Virou sinônimo de “ladrão” ou pessoa “desonesta”. O senhor, como homem público, ao perceber essa descrença da população com relação à política, qual é o sentimento? O senhor acredita que dá para multiplicar os poucos homens de bem da nossa política?
BC – Me entristece muito ver alguns políticos agindo de forma errada, e a descrença crescente das pessoas em relação à política. Felizmente, eu posso bater no peito com orgulho de nunca ter meu nome associado a esse tipo de atitude, de sempre ter me conduzido na vida pública com ética e retidão. Ninguém pode falar nada de Belivaldo Chagas. Eu posso olhar para os meus filhos, para o meu neto, com a cabeça erguida. E eu tenho visto esse reconhecimento nas ruas: Sergipe reconhece o meu trabalho e a minha conduta. O que me fez entrar na política e continuar nela foi a crença absoluta de que a política é o único instrumento para melhorar a vida das pessoas. E eu não sou o único a pensar assim. Estou cercado por gente que fez do compromisso com as pessoas o seu ideal de vida, que dedicaram suas vidas a essa missão. Lamentavelmente, não é isso o que acontece com meus adversários. Todo mundo sabe quem é o principal político sergipano envolvido em denúncias de corrupção, aquele está sendo processado pela Lava Jato em Sergipe. E não é na nossa coligação que ele está.
“Todo mundo sabe quem é o principal político sergipano envolvido em denúncias de corrupção, aquele está sendo processado pela Lava Jato em Sergipe.”