Uma convenção conjunta do União Brasil e do Progressistas (PP) oficializou, nesta terça-feira (19), a criação de uma federação partidária entre as legendas.
Antes do encontro, pela manhã, dirigentes das siglas também aprovaram, em reuniões separadas, o estatuto da aliança, documento que vai guiar o funcionamento e a atuação da federação.
A chancela ao texto era uma das etapas necessárias para formalizar a aliança, anunciada há quase quatro meses, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com o documento em mãos, a federação deve dar entrada no registro formal na Corte Eleitoral, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Chamada de União Progressista, a aliança será a maior força partidária do país. A federação terá a maior bancada de deputados na Câmara, o maior número de prefeitos e as maiores fatias de recursos públicos para campanhas e despesas partidárias.
Ainda nesta semana, com a filiação da senadora Margareth Buzetti ao PP, a aliança deve ultrapassar PL e PSD e alcançar 15 senadores — a maior bancada na Casa.
Dirigentes da federação afirmam que a aliança deverá se posicionar de forma crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os presidentes do PP (Ciro Nogueira) e do União Brasil (Antonio de Rueda) têm defendido o lançamento de uma candidatura de centro-direita em 2026.
O União tem um pré-candidato: o governador de Goiás Ronaldo Caiado. Mas Ciro Nogueira é um dos defensores de uma costura em torno do nome de Tarcísio de Freitas para o Planalto.
Governador de São Paulo e filiado ao Republicanos, Tarcísio foi um dos políticos que participaram da cerimônia desta terça-feira, em Brasília. Às lideranças da “superfederação”, ele afirmou que o Brasil “aguardava muito esse passo” e que, com o grupo, há uma esperança de “discutir temas mais relevantes”.
“Essa união, que se estabelece hoje, é a junção de excelentes quadros, quadros que vão estar à disposição do Brasil para fazer diferença. Podem ter certeza que contará muito com vocês. Que venham muitas vitórias”, disse.
‘Superfederação’ em números
As tratativas entre União Brasil e PP são acompanhadas de perto por outros dirigentes partidários, que tentam projetar o tamanho do impacto da aliança nas campanhas de 2026.
A “superfederação” receberá a maior fatia — entre os 29 partidos registrados pelo TSE — do fundo público de financiamento de campanhas.
Levando em conta os valores distribuídos em 2024, o montante pode ser equivalente a quase R$ 1 bilhão.
União Progressista em números:
– 109 deputados federais: maior bancada na Câmara dos Deputados
– 14 senadores por ora: deve chegar a 15 nesta semana e se tornar a maior bancada do Senado
– 1.335 prefeitos em todo o país: maior número de prefeituras, superando o PSD (889)
– Sete governadores: à frente de todos os outros partidos
– R$ 953,8 milhões em fundo eleitoral (números de 2024): maior fatia da distribuição e R$ 67 milhões a mais do que o segundo colocado, o PL
– R$ 197,6 milhões em fundo partidário (números de 2024): maior volume de recursos, superando o PL
Ainda sem veto ao governo
Internamente, membros das siglas defendem que a federação discuta — mais à frente — a presença da União Progressista no governo Lula.
Hoje, os partidos possuem indicados em diversas camadas da administração pública. União e PP também contam com quatro ministros na gestão Lula.
O estatuto aprovado pelas siglas não traz qualquer veto à participação de membros no atual governo petista. Segundo dirigentes, o tema deve ser, no entanto, discutido em outra oportunidade.
Ao longo do evento desta terça-feira, políticos discursaram com críticas ao governo Lula. Ronaldo Caiado disse que o grupo vai “libertar o Brasil das garras do PT”, e Ciro Nogueira acusou o petista de estar aliado a ditaduras e de provocar “inutilmente” o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Os últimos quatro anos têm sido um longo e decepcionante outono, com as folhas caindo e tudo muito sombrio. Ainda querem continuar para quê?”, afirmou Ciro.
Candidaturas e divisão de comando
Em 2026, segundo o estatuto da federação, as candidaturas para presidente e vice-presidente serão decididas pela comando nacional da aliança, a partir de indicações de cada partido.
Uma eventual coligação do grupo a outra candidatura ao Planalto também será decidida pela direção, ainda de acordo com o estatuto.
As federações partidárias são um modelo de aliança que une duas ou mais siglas. Segundo as regras, os partidos passam a atuar como um só por, no mínimo, quatro anos.
Também devem ter alinhamento nas campanhas — ou seja, a federação deve caminhar de forma unificada nas disputas, definindo conjuntamente as candidaturas.
O manifesto de lançamento da federação afirma que o grupo terá como objetivo a “responsabilidade fiscal e responsabilidade social”.
Presidente do União, Antonio de Rueda afirmou que, nas eleições de 2026, a federação será “invencível”.
“Essa federação não é uma mera soma de números; é uma multiplicação de forças, uma sinergia que nos posiciona como a maior potência política do Brasil, com acesso aos maiores recursos do fundo eleitoral e partidário para impulsionar nossas ideias. Imaginem o impacto disso”, declarou.
O estatuto da federação estabelece que, até o fim de 2025, o comando será compartilhado entre Rueda e Ciro.
Além deles, nestes primeiros meses de funcionamento, a “superfederação” também terá em sua direção nacional: ACM Neto, Arthur Lira, Davi Alcolumbre, Ronaldo Caiado, Pedro Lucas Fernandes, Dr. Luizinho Cláudio Cajado e Ricardo Barros.
O estatuto também estabelece que, entre 2026 e 2029, a presidência será exercida exclusivamente por Antonio de Rueda. Ciro Nogueira ficará com a vice-presidência do grupo.
Fonte: G1