O resultado da eleição de terça-feira deve levar à formação do mais direitista e mais religioso gabinete da história de Israel, segundo analistas ouvidos pelo diário “The Wall Street Journal”.
Nos próximos dias, o presidente israelense, Isaac Herzog, deve incumbir Binyamin Netanyahu como o líder que tem a melhor chance de formar um novo governo. Ele terá, então, seis semanas para tentar montar uma coalizão majoritária que inclua o apoio de partidos menores.
Mas a força eleitoral de Netanyahu foi impulsionada pelo forte aumento na popularidade do legislador religioso ultranacionalista Itamar Ben-Gvir, que apostou na radicalização de um discurso baseado “na lei e na ordem”, prometendo impor medidas duras para reprimir o recente crescimento dos incidentes entre palestinos e israelenses na Cisjordânia.
A aliança religiosa nacionalista de Ben-Gvir, o Sionismo Religioso, deve obter 14 cadeiras, o que o tornaria o terceiro maior partido do Parlamento — de 120 assentos — Knesset, de acordo com projeções.
A ascensão de Ben-Gvir, que foi condenado em 2007 por incitação ao racismo e apoio a um grupo terrorista, ressalta a guinada dos israelenses na direção de candidatos de direita nos últimos anos.
A presença do Sionismo Religioso no gabinete deve aumentar as tensões com os EUA e outros aliados, especialmente países árabes como os Emirados Árabes Unidos, que recentemente normalizaram as relações com Israel.
E a vitória de Netanyahu reforça sua reputação de “mago”, como é conhecido em Israel, por sua capacidade de encenar sucessivas reviravoltas.
O premiê até agora, Yair Lapid, por outro lado, não foi capaz de unir um grupo de partidos de esquerda, levando vários desses grupos a ficarem abaixo da barreira eleitoral para entrar no parlamento.
A eleição de terça-feira foi a quinta vez que os israelenses foram às urnas desde 2019. Em um sinal das apostas envolvidas, todos os lados pediram que suas bases de apoio saíssem e votassem em grande número. Cerca de 71,3% dos eleitores elegíveis foram às urnas, o maior comparecimento desde 2015, segundo o Comitê Central de Eleições de Israel.
Fonte: Valor Econômico