O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou Donald Trump de repetir desinformação, após o presidente dos EUA acusar falsamente a Ucrânia de começar a guerra com a Rússia.
Os comentários de Zelensky foram parte do que está se configurando como a troca de acusações mais pública entre Kiev e Washington desde que a guerra em larga escala começou há quase três anos.
Falando com repórteres em Kiev, o presidente ucraniano rejeitou várias alegações infundadas que o presidente dos EUA fez na terça-feira (18), ao mesmo tempo em que reforçou a posição da Ucrânia de que nenhum acordo para acabar com a guerra poderia ser feito sem isso.
“Infelizmente, o presidente Trump — tenho grande respeito por ele como líder de uma nação pela qual temos grande respeito, o povo americano que sempre nos apoia — infelizmente vive neste espaço de desinformação”, exclamou Zelensky.
Autoridades dos EUA e da Rússia realizaram conversas de alto nível sobre o fim da guerra na Ucrânia na capital saudita, Riade, na terça-feira (18), uma reunião da qual Kiev foi excluída.
Os dois lados concordaram em nomear equipes de alto nível para negociar o fim da guerra e afirmara que estavam trabalhando para restabelecer os canais diplomáticos.
Foi a reclamação do governo ucraniano sobre ter sido excluído das negociações que desencadeou as falas do republicano.
Falando na terça-feira à noite, o presidente americano disse: “Hoje ouvi, ‘Oh, bem, não fomos convidados. Bem, vocês estão lá há três anos. Vocês deveriam ter terminado depois desse tempo, vocês nunca deveriam ter começado, poderiam ter feito um acordo”.
Zelensky revida
Trump, no entanto, não parou de questionar quem começou a guerra na Ucrânia. Repetindo outra linha frequentemente falada pelo Kremlin, o americano pareceu questionar a legitimidade de Zelensky.
“Temos uma situação em que não tivemos eleições na Ucrânia, onde temos lei marcial”, apontou o republicano a repórteres em seu resort Mar-a-Lago, alegando incorretamente que o índice de aprovação do presidente estava “em 4%”.
O líder ucraniano ganhou mais de 73% dos votos no segundo turno da eleição presidencial de 2019.
Embora seu mandato devesse terminar em maio passado, uma nova eleição não foi realizada porque o país está sob lei marcial desde que a Rússia lançou sua invasão. A lei marcial proíbe eleições.
Falando nesta quarta-feira (19), Zelensky disse especificamente que a alegação de que seu índice de aprovação estava em 4% vem dos russos, e que Kiev tem algumas evidências de que os números foram discutidos entre os EUA e a Rússia.
Ele apontou para uma pesquisa conduzida pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS) no início deste mês, que mostrou que, embora sua popularidade tenha caído significativamente desde os primeiros dias da guerra, sua taxa de aprovação nunca caiu abaixo de 50% e atualmente está em 57%.
Fonte: CNN Brasil
