O mês de agosto carrega um simbolismo importante para a promoção da amamentação no Brasil e no mundo. No contexto do Agosto Dourado — campanha que reforça os benefícios do aleitamento materno —, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) chama a atenção para um aspecto muitas vezes invisibilizado: o papel fundamental da Fonoaudiologia no cuidado com mães e bebês desde os primeiros dias de vida.
Mais do que um ato instintivo, amamentar é um processo complexo, que envolve coordenação neuromuscular, funções orais bem organizadas e, muitas vezes, apoio especializado. “Há ainda a crença de que todo bebê nasce sabendo mamar. Mas mamar exige uma integração funcional entre sucção, deglutição e respiração, e nem sempre isso acontece de forma espontânea”, explica a Dra. Kizzy Nascimento, Vice-Coordenadora do Comitê de Alimentação e seus Distúrbios, do Departamento de Motricidade Orofacial da SBFa.
A atuação do fonoaudiólogo é essencial para garantir que esse processo aconteça de maneira segura, eficaz e prazerosa. Por meio de áreas como a Motricidade Orofacial, a Fonoaudiologia atua na avaliação e intervenção de dificuldades relacionadas a reflexos orais, postura da língua, coordenação motora e sinais de estresse durante a mamada, fatores que, quando não reconhecidos, podem levar ao desmame precoce ou à introdução inadequada de bicos e mamadeiras.
Já na perspectiva da Disfagia, a Fonoaudiologia se mostra imprescindível no acompanhamento de bebês com condições clínicas complexas, como prematuridade extrema, síndromes genéticas, malformações craniofaciais ou lesões neurológicas.“Nesses casos, o fonoaudiólogo atua na avaliação da segurança e eficácia da deglutição, identificando sinais de riscos para a aspiração e propondo estratégias individualizadas, que podem incluir desde ajustes de posicionamento e controle de fluxo do leite até transições seguras da alimentação por sondas para a via oral, preservando ao máximo o uso do leite materno”, comenta Dra. Lisiane de Rosa Barbosa, coordenadora do Comitê de Disfagia Infantil do Departamento de Disfagia da SBFa.
Além do cuidado direto com o bebê, a SBFa reforça a importância de uma abordagem ampliada, presente também na Saúde Coletiva, com foco na construção de ambientes sustentáveis para o aleitamento materno. “O estímulo à cultura da amamentação exige redes de apoio, ações interprofissionais, políticas públicas robustas e orientação contínua, especialmente em maternidades, unidades básicas de saúde e territórios vulneráveis”, complementa Dra. Roseane Rebelo Silva Meira do Comitê de Linha de Cuidados do Grupo de Trabalho de Saúde Materno Infantil do Departamento de Saúde Coletiva da SBFa.
O Agosto Dourado de 2025 integra a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) e segue o chamado da campanha global promovida pela WABA, que este ano convida instituições, profissionais e a sociedade a se engajarem na criação de ambientes sustentáveis e no fortalecimento de sistemas de apoio à amamentação.
Para a SBFa, comunicar esse papel da Fonoaudiologia é também defender o direito ao aleitamento com qualidade, com escuta especializada e com suporte técnico capaz de transformar a experiência de mães, bebês e famílias