O Ministério da Saúde anunciou que o Brasil atingiu uma série de critérios internacionais para eliminar a transmissão vertical do HIV, que ocorre quando o vírus é transmitido da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação.
A conquista foi divulgada no novo Boletim Epidemiológico de HIV e Aids, mas ainda depende de uma análise final da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que o certificado de eliminação seja concedido.
“Hoje é um dia de luta, mas também de conquista histórica: alcançamos o menor número de mortes por Aids em 32 anos. Esse resultado só foi possível porque o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente as tecnologias mais modernas de prevenção, diagnóstico e tratamento”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O levantamento do ministério aponta que, em 2024, a taxa de transmissão vertical ficou abaixo de 2% e a incidência de infecção em crianças foi inferior a 0,5 caso por mil nascidos vivos, resultados alinhados com os critérios da OMS.
Além disso, o país registrou uma das maiores reduções na mortalidade por Aids em três décadas. O número de mortes caiu de mais de 10 mil em 2023 para 9,1 mil, sendo a primeira vez em 30 anos que os casos ficam abaixo dessa marca. Os registros da doença também diminuíram 1,5%, passando de 37,5 mil para 36,9 mil casos.
Na área materno-infantil, houve uma queda significativa: 7,9% a menos nos casos de gestantes com HIV (7,5 mil) e 4,2% a menos no número de crianças expostas ao vírus (6,8 mil). O início tardio da profilaxia neonatal caiu 54%, reflexo da melhoria na assistência pré-natal e nas maternidades, segundo o ministério.
Ampliação do acesso
O Ministério da Saúde segue ampliando a estratégia de Prevenção Combinada, que integra diferentes métodos para reduzir o risco de infecção.
O país adota essa estratégia unindo a distribuição de preservativos ao acesso ao PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e à PEP (Profilaxia Pós-Exposição), que diminuem o risco de infecção pelo HIV. Como o público mais jovem tem usado menos preservativos, segundo a pasta, o governo lançou novos modelos de camisinhas, incluindo versões texturizadas e sensitivas, adquirindo 190 milhões de unidades de cada tipo.
O acesso à PrEP também foi ampliado: desde 2023, o número de usuários cresceu mais de 150%, o que reforçou a testagem, a detecção de casos e ajudou a reduzir novas infecções. Atualmente, 140 mil pessoas utilizam a PrEP diariamente no país.
No diagnóstico, o governo adquiriu 6,5 milhões de duo testes para HIV e sífilis, um aumento de 65% em relação ao ano anterior, e distribuiu 780 mil autotestes, facilitando a identificação precoce e o início rápido do tratamento.
O SUS continua oferecendo terapia antirretroviral gratuita e acompanhamento integral a todas as pessoas diagnosticadas com HIV. Aproximadamente 225 mil pessoas utilizam o comprimido único de lamivudina e dolutegravir, combinação altamente eficaz, com menor risco de efeitos adversos e maior adesão ao tratamento, pois é tomada em dose única diária.
Esses resultados aproximam o Brasil das metas globais 95-95-95 da ONU, que preveem que 95% das pessoas com HIV conheçam seu diagnóstico, 95% delas estejam em tratamento e 95% dos tratados alcancem supressão viral. Segundo o Ministério da Saúde, o país já atingiu duas dessas três metas, reforçando sua posição de destaque no combate à epidemia.
Fonte: InfoMoney





