ARACAJU/SE, 5 de agosto de 2025 , 20:14:46

Câncer colorretal: uma ameaça silenciosa, letal e cada vez mais presente no Brasil

 

A recente perda da cantora Preta Gil, aos 50 anos, em decorrência de um câncer colorretal, reacendeu o alerta sobre os riscos dessa doença, atualmente o terceiro tipo de câncer mais frequente no país. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a projeção para o período de 2023 a 2025 aponta cerca de 45 mil novos diagnósticos anuais. A maior parte dos casos se concentra na Região Sudeste, onde a neoplasia ocupa o segundo lugar em incidência, sendo ligeiramente mais comum entre as mulheres.

Essa forma de câncer, que acomete o intestino grosso e o reto, geralmente evolui de maneira silenciosa, com manifestações discretas nos estágios iniciais. Entre os sintomas que exigem atenção estão: presença de sangue nas fezes, mudanças prolongadas no ritmo intestinal (como constipação ou diarreia), dores na região abdominal, sensação de evacuação incompleta, perda de peso sem motivo aparente e anemia. Embora esses sinais nem sempre indiquem a presença da doença, não devem ser negligenciados.

O gastroenterologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Marcel Lima Andrade, destaca que identificar o tumor precocemente é decisivo para o sucesso no tratamento. “A colonoscopia é o exame mais indicado tanto para prevenção quanto para diagnóstico do câncer colorretal. Além de permitir a observação completa do intestino grosso, possibilita a remoção de pólipos, que são formações benignas com potencial de evoluir para o câncer. Quando detectado nos estágios iniciais, as chances de cura são muito elevadas”, esclarece.

Influência do estilo de vida e hereditariedade

Estudos mostram um aumento significativo nos casos entre pessoas com idade entre 20 e 59 anos. Esse dado preocupa os especialistas, já que ainda existe a percepção de que se trata de uma doença exclusiva da terceira idade. A presença de fatores como alimentação desequilibrada, falta de atividade física, obesidade, consumo de álcool e tabagismo tem relação direta com o surgimento do câncer intestinal.

“O modo como vivemos é determinante. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, frituras, embutidos e carnes vermelhas é essencial. Por outro lado, investir em uma dieta rica em fibras, frutas, legumes, vegetais, grãos integrais e cálcio é uma forma importante de prevenção. Além disso, manter um peso saudável, praticar exercícios regularmente e evitar o álcool e o cigarro são atitudes que fazem a diferença”, ressalta.

O médico também alerta que, em pessoas sem histórico familiar, a recomendação é iniciar os exames de rastreamento aos 45 anos. Já indivíduos com casos na família devem procurar orientação médica mais cedo. “A herança genética tem um peso considerável. Cerca de 5 a 10% dos casos estão ligados a síndromes hereditárias, como a de Lynch ou a polipose adenomatosa familiar. Ter parentes próximos com diagnóstico da doença aumenta o risco. Por isso, quem possui esse histórico deve conversar com o médico sobre a necessidade de antecipar os exames”, explica.

Ficar atento é fundamental

Segundo o especialista, ignorar sintomas, mesmo que pareçam leves, pode ser arriscado. “Sempre digo que o corpo fala, e quando ele envia sinais, devemos escutar. Procurar ajuda médica rapidamente aumenta as chances de um diagnóstico precoce e da cura. O medo ou a vergonha não podem impedir a pessoa de se cuidar. Muitas vezes, um exame simples pode fazer toda a diferença”, aconselha.

Para garantir um diagnóstico eficaz, o processo normalmente começa com avaliação clínica e exames laboratoriais. Testes como o de sangue oculto nas fezes podem ser úteis como triagem. Entretanto, o exame mais decisivo continua sendo a colonoscopia, capaz de identificar alterações no intestino e, se necessário, realizar biópsias. Nos casos confirmados, exames de imagem como ressonância magnética e tomografia ajudam a determinar o estágio do tumor.

Mesmo sendo uma doença grave, o câncer colorretal apresenta grande possibilidade de cura quando detectado no início, em fases iniciais, a taxa de sucesso supera 90%. O tratamento pode incluir cirurgia, quimioterapia e, em certos casos, radioterapia. Por isso, investir em prevenção e diagnóstico precoce é indispensável. “Adotar uma rotina saudável, com alimentação adequada, prática de atividades físicas, controle do peso corporal e exames periódicos a partir dos 45 anos, ou antes, quando há fatores de risco, são medidas eficazes para reduzir os casos e melhorar o prognóstico do tratamento”, finaliza o especialista.

Fonte: Asscom Unit

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