A Universidade Federal de Sergipe possui cinco pesquisadores entre os mais influentes do mundo, segundo atualização do levantamento feito por pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA). São eles: Adriana Gibara Guimarães e Adriano Antunes de Souza Araújo (ambos do Departamento de Farmácia), André Faro Santos (Departamento de Psicologia) e Jullyana de Souza Siqueira Quintans e Lucindo José Quintans Júnior (ambos do Departamento de Fisiologia). Todos têm como área de pesquisa Farmacologia e Farmácia, exceto André Faro (Saúde Pública).
Intitulado “Bancos de dados científicos de autores de indicadores padronizados de citação atualizados”, o estudo foi divulgado pela Public Library of Science (Plos) – uma organização sem fins lucrativos que trabalha com publicações científicas de acesso aberto – e publicado no Journal Plos Biology em 19 de outubro.
Essa atualização da posição dos pesquisadores mais influentes do mundo considera dois rankings: a) impacto do pesquisador ao longo da carreira e b) impacto em um único ano, nesse caso o ano de 2020. O levantamento foi liderado pelo professor John Ioannidis.
A lista contempla, assim, os pesquisadores que possuem maior impacto em suas áreas de pesquisa, classificando-os a partir de dados como citações, autocitações, número de artigos publicados, índice de coautoria e citações de artigos em diferentes posições de autoria. Os cientistas também foram classificados em 22 campos científicos e 176 subcampos.
De acordo com Lucindo Quintans, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFS (Posgrap), cujo nome consta na lista, esse ranking é o mais importante até o momento, dentre os que avaliam o perfil e a influência que as pesquisas podem produzir, porque leva em consideração vários parâmetros qualitativos da produção científica de cada pesquisador. “É um levantamento que faz uma espécie de mapeamento desses parâmetros e são retirados de uma plataforma onde os dados podem ser auditados. Assim, é uma análise que olha e enfatiza a qualidade ao invés da quantidade da produção científica”, diz.
Desafios da ciência
De acordo com Jullyana Quintans, os indicadores usados no levantamento são mundialmente utilizados, mas avaliar a qualidade científica de uma produção é algo muito mais complexo.
“Se por um lado é emocionante e até envaidecedor fazer parte desse ranking, é muito importante nos preocuparmos com os desafios para a ciência brasileira que cada vez mais sofre com o desinvestimentos e a falta de perspectivas para os jovens pesquisadores. É necessário mudar esse cenário, pois precisamos cada vez mais de mão de obra especializada para enfrentarmos os desafios postos para nossa sociedade, como tem sido demonstrado na pandemia da covid-19”, explica.
“A ciência brasileira é feita, muitas vezes, por heróis anônimos e estes sim merecem todo o nosso reconhecimento e deveriam estar incluídos num ranking dos mais resilientes do mundo”, acrescentou a pesquisadora.
Lucindo tem a mesma preocupação. “É desolador vivenciar o atual desinvestimento realizado pelo governo federal ao setor, que já está gerando prejuízos irreparáveis que comprometem o futuro da ciência e tecnologia produzidas no país e, consequentemente, a soberania nacional. Ademais, é preciso que os cortes orçamentários para o setor sejam revistos pelo governo e que ações de incentivo e de retomada do ciclo virtuoso vivenciado até 2015 sejam urgentemente implementadas“.
No entender de Adriana Gibara, “estar entre os grandes pesquisadores é um importante reconhecimento de anos de trabalho dedicados à pesquisa científica que, infelizmente, não tem sido valorizada no nosso país”.
“Tais resultados também trazem visibilidade para os grupos de pesquisa do Nordeste, sobretudo do estado de Sergipe, que ainda sofrem com o preconceito e a disparidade nos investimentos dedicados à ciência, tecnologia e inovação”, complementa.
Internacionalização da UFS
Para André Faro, o levantamento de Stanford é um reconhecimento ao trabalho feito pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia da Saúde (GEPPS/UFS) nos últimos anos, especialmente no que tange à internacionalização do conhecimento produzido pela Psicologia em sua interface com a Saúde Pública.
“Considero importante o destaque dado à UFS, da Psicologia e, sobretudo, de Sergipe no cenário científico nacional e global. Penso que figurar nessa lista surge como um estímulo a mais para o desenvolvimento de pesquisas e de novos cientistas, a despeito das várias dificuldades que nos deparamos no percurso da formação/produção científica no Brasil”, afirma.
Segundo Adriano Antunes, “o nome do pesquisador na lista é um reconhecimento importante, mas o da UFS é muito mais. Fazer parte dessa lista demonstra que o que estamos desenvolvendo na UFS tem interesse e importância científica internacionalmente”.
Apesar da importância do ranking, Lucindo atenta para os pormenores imbuídos nele. “É um privilégio a UFS possuir pesquisadores que transitam nessa lista, o que demonstra a qualidade da ciência produzida em nossa universidade. É importante destacar que esse ranking, como todos os rankings já desenvolvidos, deve ser analisado com cuidado, pois é como se fosse uma lupa num quadro inteiro, sendo comum alguns detalhes passarem despercebidos. Vários outros pesquisadores da UFS poderiam e até deveriam estar nessa lista, mas a forma de análise usada pelo estudo não permite essa inclusão.”
Ranking anterior
No ano passado, o ranking elaborado pela Universidade de Stanford contemplou três dos cinco professores listados este ano entre os cientistas mais influentes do mundo: Adriano Antunes Araújo, Lucindo José Quintans Jr e André Faro Santos.
Ranking AD Scientific Index 2021
Em setembro último, a UFS listou 26 pesquisadores dentre os mais influentes da América Latina, segundo o ranking AD Scientific Index 2021. Esse resultado colocou a universidade na 39ª posição na América Latina dentre as universidades brasileiras.
Segundo a Posgrap, a diferença entre esse ranking e o atual publicado pelo Journal Plos Biology consiste no fato de que no levantamento feito por pesquisadores da Universidade de Stanford os dados são auditáveis e primordialmente retirados de bases bibliográficas de maior impacto científico.
Fonte: Ascom UFS