A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) decidiu não incorporar a semaglutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, nem a liraglutida, presente na Saxenda, para o tratamento da obesidade na rede pública. A deliberação ocorreu na quarta-feira (20).
No Sistema Único de Saúde (SUS), a semaglutida seria indicada a pacientes com obesidade e histórico de doença cardiovascular, sem diabetes, a partir dos 45 anos. Já a análise da liraglutida se destinava ao tratamento de pessoas com obesidade e diabetes tipo 2.
Os membros do colegiado apontaram o alto custo das canetas emagrecedoras como principal entrave. A decisão mantém o parecer de maio, quando a Conitec já havia recomendado a não incorporação da semaglutida, estimando que o medicamento poderia gerar um gasto mínimo de R$ 3,4 bilhões em cinco anos, chegando a até R$ 7 bilhões.
Na época, a comissão também destacou a necessidade de acompanhamento especializado, como suporte psicológico, para pacientes em uso do remédio, o que dificultaria a adoção em larga escala no SUS. Em junho, após o parecer, foi aberta uma consulta pública para ouvir a sociedade civil e profissionais de saúde sobre o tema.
Em julho, durante reunião da cúpula dos Brics no Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que as canetas emagrecedoras poderiam ser incluídas na rede pública se fosse comprovada “evidência científica”.
“Tudo que tiver evidências científicas que vão se consolidando, existe uma Comissão Nacional de Incorporação, que é a Conitec, que analisa essa evidência. Se tiver evidência científica, mostrar que um determinado produto tem benefícios para a população, o SUS pode incorporar”, declarou Padilha na ocasião.
Já no início deste mês, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou um acordo com a farmacêutica EMS para a fabricação de versões próprias da semaglutida e liraglutida. A produção numa instituição pública facilita o processo por viabilizar custos menores para o governo. Para isso, é preciso que o medicamento passe antes por aprovação na Conitec.
Por enquanto, a semaglutida não é oferecida em nenhum serviço público do país. Já a liraglutida é utilizada em municípios de Goiás e do Espírito Santo, e no Distrito Federal. No início deste ano, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que pretende iniciar, em 2026, o uso da semaglutida para tratar pacientes com diabetes e obesidade.
Fonte: O GLOBO