ARACAJU/SE, 4 de janeiro de 2025 , 4:40:58

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Confira os 14 avanços médicos mais notáveis de 2024, de acordo com periódico científico

 

Com 212 anos de existência, o The New England Journal of Medicine é um dos periódicos médicos mais prestigiados do planeta. Considerado um farol dos avanços na pesquisa e na prática clínica, publica semanalmente estudos de peso que podem mudar, hoje ou amanhã, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças.

Tradicionalmente, a revista sediada em Massachusetts, nos EUA, elege os artigos científicos mais notáveis do ano divulgados em suas páginas. Em 2024, seus editores escolheram 14 trabalhos, um deles com grande participação brasileira: o estudo com a vacina para dengue do Instituto Butantan.

Além do imunizante, protagonizam a lista investigações com novas aplicações para a tirzepatida e a semaglutida, remédios hoje prescritos para diabetes e obesidade, terapias gênicas e abordagens mais efetivas contra o câncer. Confira o panteão de destaques deste ano.

Vacina para dengue do Butantan

Um novo imunizante para a doença viral disseminada por mosquitos que atormenta o país já está no horizonte. O Instituto Butantan submeteu o registro da sua vacina de dose única para dengue à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A prova de sua eficácia veio de um estudo que acompanhou mais de 16 000 pessoas, parte delas imunizada com a fórmula. O produto nacional demonstrou boa resposta contra os sorotipos 1 e 2 da dengue, projetando-se como um reforço ao arsenal de medidas de prevenção à moléstia.

Remédio inédito para o fígado

Doença cada vez mais diagnosticada, o acúmulo de gordura no fígado gera inflamação e lesões nesse órgão vital. Não raro, é detectada quando os danos já estão adiantados. Pois uma pesquisa validou, após análise de quase 1 000 pacientes, os efeitos positivos daquele que seria o primeiro tratamento para a fibrose hepática, um estágio mais avançado da doença hepática gordurosa não alcoólica. O medicamento, chamado resmetirom, é um comprimido que atua no depósito de gordura e na inflamação no fígado.

Anticorpo contra alergias alimentares

Ainda cercada de mistérios, a alergia alimentar se tornou mais prevalente e persistente nos últimos anos. E, embora o problema possa sumir com a idade e existam algumas estratégias de dessensibilização do organismo a amendoim, leite, ovos e companhia, a medicina ainda carece de um tratamento mais assertivo e eficiente. Um passo nessa direção foi dado com o anticorpo monoclonal omalizumabe, testado com sucesso numa experiência envolvendo 462 crianças e adolescentes. Ele aumentou o limiar de resposta do organismo a alérgenos comuns, pavimentando um caminho para uma nova geração de terapias.

Semaglutida pelo bem dos rins

Um dos remédios mais pesquisados e citados em 2024, o princípio ativo de Ozempic e Wegovy está ampliando sua frente de atuação. Em estudo com mais de 3 500 pacientes com diabetes tipo 2, a caneta de aplicação semanal reduziu significativamente o risco de comprometimento aos rins e de mortes por doenças cardiovasculares e renais. Sabe-se que estas são algumas das complicações mais comuns de anos com a glicemia descontrolada. Desse modo, o medicamento da Novo Nordisk demonstrou que não só contribui para domar o diabetes como também resguarda órgãos que são alvos da doença.

Tirzepatida a favor do fígado

A concorrente da semaglutida também se candidata a salvar o tecido hepático. Em um ensaio clínico de fase 2, com 190 participantes, o medicamento de nome comercial Mounjaro foi exitoso em barrar quadros moderados ou severos de fibrose hepática, uma consequência da doença gordurosa no fígado. Os pacientes usaram a injeção semanal por 52 semanas e apresentaram melhoras expressivas. A tirzepatida, fabricada pela Eli Lilly, é outro exemplo de remédio para o diabetes tipo 2 e a obesidade que deverá encorpar o arsenal terapêutico de outras condições metabólicas em breve.

Enigma cerebral decifrado

Pessoas acamadas que tiveram uma lesão cerebral importante e não respondem a comandos ainda assim podem realizar tarefas cognitivas, um fenômeno conhecido como dissociação motora cognitiva. Ele foi comprovado neste ano em uma pesquisa que mapeou, por meio de exames de eletroencefalograma e ressonância magnética da cabeça, a reação desses indivíduos a algumas solicitações que exigem trabalho da memória e do raciocínio. Sinal de que, mesmo sem o comando motor, o cérebro pode estar apto a processar informações e operações mentais.

Injeção semestral contra o HIV

Uma droga administrada duas vezes ao ano que impede a transmissão do vírus da aids. Eis a façanha do lenacapavir, obtida em um estudo com mais de 5 000 mulheres conduzido na África do Sul e em Uganda, territórios com maior prevalência da doença. O fármaco, da Gilead, promete não só facilitar e elevar a adesão ao tratamento antirretroviral como tornar mais viável a meta de tratamento para estancar a epidemia de HIV pelo mundo. No trabalho publicado no New England, nenhuma mulher em uso da droga adquiriu a infecção.

Alternativa mais precisa e menos tóxica para o linfoma

Um dos dilemas no tratamento do câncer é maximizar o ataque à doença sem onerar o organismo com os efeitos colaterais da investida. Isso perpassa o enfrentamento de casos avançados do linfoma de Hodgkin. Em uma pesquisa que avaliou o impacto de duas estratégias terapêuticas, os cientistas constataram que a combinação dos medicamentos nivolumabe, doxorubicina, vinblastina e decarbazina não só aumentou o tempo de sobrevida livre da doença como diminuiu a exposição dos pacientes a reações adversas da terapia. Um caminho mais assertivo e tranquilo para o tratamento.

Antídoto diante da insuficiência cardíaca

Anos de esforços e apuros podem enfraquecer o coração, a ponto de ele se distender e não conseguir cumprir direito sua nobre missão. Os cardiologistas sabem bem o tamanho do desafio que é tratar a insuficiência cardíaca. Pois um dos destaques do ano é uma nova medicação desenvolvida para essa finalidade, a finerenona. Produzida pela Bayer, ela se destina aos casos de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada ou moderadamente reduzida e passou na prova em um estudo que acompanhou pacientes por 32 meses, freando a piora do quadro e diminuindo o risco de morrer devido a problemas cardíacos.

Esperança para vencer o câncer de mama

O câncer de mama triplo negativo é considerado um dos subtipos mais desafiadores da doença, inclusive com menos opções de tratamento. Uma boa notícia veio, portanto, com os resultados de uma pesquisa que testou o imunoterápico pembrolizumabe diante desse tumor em fase inicial. No comparativo com a quimioterapia sozinha, a adição do medicamento, fabricado pela MSD e já usado para outros tipos de câncer, aumentou a taxa de sobrevivência das pacientes – uma conquista a celebrar.

Terapia de RNA para doença rara

A amiloidose por transtirretina com cardiomiopatia é uma condição genética, progressiva e potencialmente fatal que lesa, entre outras partes do corpo, o coração. Na ânsia por tratamentos melhores e até uma possível cura, pesquisadores criaram e avaliaram em mais de 600 pacientes uma terapia inédita baseada em um RNA de interferência (batizada de vutrisirana). A ideia é que injeções do fármaco possam corrigir o defeito genético por trás da doença rara. O estudo clínico foi bem-sucedido: a droga propiciou menor risco de morrer e melhorou a qualidade de vida dos voluntários.

Força contra o câncer

Pacientes com tumores em estágio avançado sofrem com a perda de massa e reserva energética, um quadro denominado caquexia. Esse estado gera fraqueza e fragilidade, além de reduzir as chances de superar a doença. Pensando nessa necessidade, a Pfizer desenvolveu um anticorpo monoclonal que, ao reduzir os níveis de uma substância associada ao problema, fortalece o corpo nesse momento mais delicado. O ponsegromabe foi alvo de um estudo de fase 2 com 187 pacientes e propiciou ganho de peso, aumento do apetite e do nível de atividade física e incremento da disposição em geral durante o tratamento oncológico.

Edição gênica com benefícios na vida real

O angioedema hereditário é uma condição genética e rara que provoca inchaços graves e por vezes súbitos em diversas áreas do corpo, comprometendo a saúde e a qualidade de vida. Utilizando o método CRISPR de edição genética, cientistas conseguiram atuar na falha no DNA que dá origem à doença e demonstraram, num ensaio clínico com 27 pacientes, uma diminuição expressiva nos sintomas e manifestações da enfermidade, algo a ser confirmado por pesquisas maiores.

Tirzepatida em defesa do coração

Em outro estudo bastante comentado, o Mounjaro mostrou seu potencial protetor ao músculo cardíaco em pacientes acima do peso com insuficiência do coração. Em um teste clínico com mais de 700 pessoas nessas condições, o duplo agonista de GLP-1 e GIP, aprovado fora do país para diabetes tipo 2 e obesidade, diminuiu o índice de morte e complicações entre indivíduos com a insuficiência cardíaca com fração preservada. O achado corrobora a vocação dessa classe de drogas para enfrentar outros reveses metabólicos e cardiovasculares.

Fonte: VEJA

 

 

 

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