O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio metabólico crônico, que começa lentamente e de forma silenciosa, mas que aos poucos vai se tornando um grande transtorno para a saúde, comprometendo órgãos e levando a complicações graves, se não for tratado de forma adequada. Ele se caracteriza pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, o que acontece em decorrência da deficiência na produção ou na ação da insulina, o hormônio que regula a taxa de glicose no sangue.
O número de pessoas afetadas pelo DM no mundo é assustador: segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF, do inglês), estima-se que 537 milhões de adultos entre 20 e 79 anos são portadores de DM, sendo o Diabetes tipo 2 responsável pela grande maioria dos casos.
As projeções da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) reforçam o cenário preocupante. O crescimento acelerado do número de casos na última década leva à previsão de crescimento contínuo, indicando mais de 700 milhões de pessoas acometidas pela doença até 2045.
Segundo a médica endocrinologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Vivian Estefan, de São Paulo, “vários fatores levam a esse crescimento acelerado, e todos eles têm relação com o estilo de vida moderno que adotamos ao longo das últimas décadas: sedentarismo, alimentação desbalanceada, com consumo de ultraprocessados, fast-foods e excesso de doces, em detrimento a frutas, verduras e legumes, são alguns dos exemplos que justificam a escalada vertiginosa do DM”, analisa a médica.
Outro ponto importante a ser observado é que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, 30% das pessoas ignoram a condição de pré-diabetes e só tomam conhecimento de sua saúde quando a doença já está instalada e os sintomas começam a surgir. Por isso, a adoção de hábitos saudáveis e a atenção à saúde podem ser determinantes para que não seja necessário conviver com uma doença crônica que afeta a qualidade de vida.
Os tipos de diabetes
Embora o Diabetes tipo 2 seja o mais prevalente, é importante saber que ele não é único, e que outras formas da doença são tão impactantes para a saúde humana quanto o DM2:
Diabetes tipo 1
Aparece geralmente na infância ou adolescência, mas o diagnóstico na vida adulta pode ocorrer. É uma variedade sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividade física.
O Diabetes tipo 1, que responde por 5 a 10% do total de casos da doença, é caracterizado pelo fato de o sistema imunológico de algumas pessoas atacar equivocadamente as células beta do pâncreas, produtoras da insulina, e quando isso acontece, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Assim, a taxa da glicose aumenta no sangue, ao invés desta ser usada como fonte de energia.
Diabetes tipo 2
Surge quando o organismo não consegue utilizar adequadamente a insulina que produz, ou quando a quantidade deste hormônio é insuficiente para controlar a taxa de glicemia.
É conhecido por “diabetes hereditário”, responsável por 90% dos casos da doença na população.
Os adultos são os mais afetados, mas crianças também podem ser diagnosticadas com a doença.
O tratamento é feito inicialmente com orientação alimentar e atividade física. Na fase seguinte, são indicados um ou mais medicamentos por via oral, e após alguns anos pode haver a necessidade do uso de insulina.
Diabetes gestacional
Durante a gravidez, o desenvolvimento do bebê faz com que a mulher passe por várias alterações hormonais, como a formação da placenta, importante fonte de hormônios que reduzem a ação da insulina. O pâncreas, por sua vez, aumenta a produção de insulina para compensar esse quadro. Mas, em algumas mulheres, esse processo não ocorre, o que leva ao aparecimento do diabetes gestacional.
Pré-diabetes
O termo é caracterizado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para diagnosticar o Diabetes Tipo 2. É importante salientar que 50% dos pacientes nesse estágio desenvolverão a doença. Nessa etapa a doença ainda pode ser revertida.
Sintomas
Os sintomas não são os mesmos para todos os grupos, podendo variar de acordo com o tipo de diabetes, mas alguns deles são comuns, como cansaço frequente, fome em excesso, perda de peso repentina, sede constante, vontade de ir ao banheiro a toda hora e escurecimento das dobras da axila e do pescoço.
O diabetes é uma preocupação crescente no Brasil, com alta prevalência e impacto significativo na saúde da população. É fundamental fortalecer as ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado para reduzir a carga da doença e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.
Confirmação diagnóstica
Os exames de sangue são determinantes para avaliar a quantidade de glicose, sendo o mais comum o teste da glicemia em jejum, que mede a quantidade de glicose no sangue após um período de jejum de, pelo menos, 8 horas, cujos valores de referência são:
- Normal: inferior a 99 mg/dL;
- Pré-diabetes: entre 100 a 125 mg/dL;
- Diabetes: acima de 126 mg/dL.
Mas outros exames também podem ser solicitados pelo médico, como a hemoglobina glicada e/ou o teste de tolerância à glicose.
Tratamento e dieta para diabetes
O tratamento medicamentoso varia de acordo com o tipo de diabetes e fase da doença, e só pode ser prescrito por médicos. Vale lembrar que o Programa Farmácia Popular distribui gratuitamente remédios para DM, que podem ser retirados nas redes de farmácia mediante apresentação de receita contendo prescrição, assinatura e carimbo do profissional de Saúde. A automonitorização do diabetes é fundamental para o bom controle da doença. Para isso, o paciente utiliza alguns dispositivos para a medida domiciliar da taxa de açúcar no sangue, denominados glicosímetros. Esta aferição pode ser feita várias vezes ao dia, com o objetivo de otimizar o tratamento.
Mas apenas a medicação, sem alteração de hábitos de vida, não elimina – no caso dos pré-diabéticos – e nem controla a doença com eficácia para aqueles que a desenvolveram. Atividade física e dieta adequada, baseada na redução do consumo de açúcar e de alimentos ricos em carboidratos, são fatores importantes para a saúde dos diabéticos, e para prevenção das complicações a longo prazo.
A médica Vivian Estefan lembra que “é possível conviver com o diabetes e ter qualidade de vida, desde que as escolhas sejam planejadas e respeitadas pelos pacientes, em benefício de sua saúde”.