Embora sejam mais conhecidas pelos riscos de infarto, derrame e outras complicações cardiovasculares, doenças como diabetes, hipertensão e obesidade também estão diretamente ligadas à dificuldade para engravidar, tanto em homens quanto em mulheres. O alerta é da Dra. Alessandra Evangelista, médica especialista em reprodução humana, que, a convite da Organon, destaca a importância de ampliar a discussão sobre o impacto dessas condições na saúde reprodutiva.
“Essas doenças podem prejudicar a ovulação, a qualidade dos óvulos e espermatozoides, além de dificultar a receptividade do útero. Nos homens, reduzem a produção de testosterona, pioram a formação dos espermatozoides e aumentam o risco de disfunção erétil”, explica.
Além da dificuldade para engravidar, essas condições aumentam as chances de complicações na gestação, como aborto espontâneo, pré-eclâmpsia, parto prematuro e problemas placentários. Outro ponto de atenção é que também reduzem as chances de sucesso dos tratamentos de reprodução assistida, já que o organismo responde de forma menos eficaz às terapias.
A boa notícia, segundo a especialista, é que em muitos casos esses efeitos podem ser revertidos. A perda de 5% a 10% do peso corporal já pode restaurar a ovulação em mulheres com obesidade. O controle rigoroso do diabetes melhora a qualidade dos gametas e reduz riscos gestacionais. E a hipertensão controlada reduz complicações vasculares que prejudicam o útero. “O corpo tem uma grande capacidade de recuperação quando cuidamos dele a tempo”, ressalta a médica.
Outro desafio é que muitos sinais precoces passam despercebidos. Irregularidade menstrual, oscilações de glicemia e pressão, cansaço extremo e queda de libido são alguns sintomas que podem indicar que a fertilidade já está comprometida.
Segundo a especialista, ainda se fala pouco sobre essa relação porque o foco dos cuidados costuma estar no coração e na circulação, não na fertilidade. “A infertilidade ainda carrega estigma e muitas vezes não é abordada nas consultas de rotina. Só que prevenir e tratar essas doenças também é preservar a capacidade de gerar filhos”, ressalta.
A médica recomenda que pessoas com diabetes, hipertensão ou obesidade que desejam engravidar façam um planejamento pré-concepção: “O ideal é iniciar os cuidados pelo menos seis meses antes, ajustando medicações, controlando glicemia e pressão, e adotando hábitos mais saudáveis”.
“Prevenir a hipertensão, o diabetes e a obesidade é também prevenir problemas de fertilidade. Precisamos ampliar esse debate e integrar a saúde reprodutiva ao cuidado geral com o corpo”, conclui Dra. Evangelista.