O Tribunal de Justiça da Rússia divulgou um comunicado informando que está avaliando uma série de estudos e documentos sobre uma empresa russa que afirma ter criado um medicamento único, capaz de tratar o câncer independentemente do estágio da doença.
“Ao analisar o recurso de apelação, o tribunal levou em consideração que, como resultado da execução do contrato, foi desenvolvido um medicamento sem análogos no mundo, capaz de tratar doenças oncológicas independentemente do estágio da doença”, afirma.
Segundo a agência de notícias russa, RIA Novosti, os documentos relatam que o medicamento “Afotid” já está sendo utilizado no tratamento de voluntários, e sua segurança foi supostamente comprovada por meio de estudos apresentados ao tribunal.
Não há informações sobre esse medicamento ou seu desenvolvimento nas principais publicações mais bem conceituadas nos meios acadêmicos e científicos.
Problemas no desenvolvimento
O desenvolvimento da medicação fez parte de um projeto entre Ministério da Indústria e Comércio da Rússia (Minpromtorg) e a empresa Lina M, sediada na cidade de Korolev, na região de Moscou. No entanto, ele sofreu atraso com recorrentes cortes de verbas para pesquisa.
Em 2014, o ministério solicitou a rescisão do contrato estatal, no valor de cerca de 150 milhões de rublos (cerca de R$ 8,5 milhões), destinado a atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Além disso, o Minpromtorg exigiu da empresa a devolução de mais de 117 milhões de rublos (cerca de R$ 6,6 milhões) referentes a um adiantamento não justificado, assim como mais de 80 milhões de rublos (cerca de R$ 4,5 milhões) em juros pelo uso indevido de recursos públicos.
O ministério alegou que o atraso no projeto de P&D havia ultrapassado seis anos e que não havia sido entregue um resultado de valor para o consumidor.
Em novembro, o Tribunal Arbitral de Moscou rescindiu o contrato e determinou que a empresa devolvesse os 117 milhões de rublos (cerca de R$ 6,6 milhões), mas não concedeu o pagamento dos juros. E ambas as partes recorreram da decisão.
A instância de apelação reduziu o valor da devolução para 14 milhões de rublos (cerca de R$ 790 mil), reconhecendo os motivos de atraso alegados pela empresa.
Segundo a empresa, o registro para testes clínicos foi concedido com um ano de atraso. Posteriormente, os testes foram suspensos por falta de voluntários, devido à proibição do recrutamento de pessoas durante a pandemia.
Por fim, as sanções sofridas pela Rússia no conflito com a Ucrânia obrigaram a empresa a desenvolver equipamentos nacionais, como um homogeneizador de partículas poliméricas de alta pressão.
Diante desse cenário, o júri concluiu que a empresa supostamente desenvolveu um medicamento de relevância social, e reconsiderou o valor a ser devolvido.
Fonte: R7